CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Ovos, frangos, pescado, suínos e o leite querem continuar abastecendo a população brasileira, mas estão em risco

Publicado em 24/05/2021

Gratispng
Aves, e suínos querem continuar abastecendo a população brasileira, mas estão em risco

E a música do dia é o carro do ovo do Zeca Pagodinho. A galinha chorou, chorou de felicidade. Chegou o carro do ovo para fortalecer nossa comunidade. Mas o carro do ovo, do frango, do suíno estão em grave risco dos custos estratosféricos de produção.

Conversei com Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira da Proteína Animal (ABPA) um setor essencial do agro nacional. O Brasil exportou o ano passado cerca de 8 bilhões e 500 milhões de dólares. Somos o maior em frangos no mundo, o 4º maior em suínos. O setor também é responsável por 4 milhões de empregos. Mas além disso tudo é o ramo que tem conseguido ainda oferecer comida de qualidade em meio a pandemia, no ano passado a produção cresceu 5,5% nos suínos, 6,5% nos frangos e 9,1% nos ovos.

Nos ovos, cada brasileiro passou a comer 251 ovos por ano. Exportamos menos ovos em função da opção do brasileiro com sacrifício da renda ter obtido nessa rica proteína uma alternativa para sua nutrição. No frango, mais de 45 kg per capita, é de longe a carne mais consumida no país.

Muito bem, mas tudo isso tem um grave problema. A proteína animal come. E precisa de ração. Comem milho e soja. E milho e soja com preços internacionais multiplicados por 3 antes da pandemia, e com o dólar acima de R$ 5,00 está colocando o ramo dos ovos, frangos, suínos numa impossibilidade, numa inviabilidade econômica.

Então Ricardo Santin me disse: “não é possível aumentar o preço ao consumidor e não queremos isso, mas 70% do frango, por exemplo, é soja e milho e ambos aumentaram de janeiro de 2019 até maio de 2021, o milho 180% e a soja 140%. Além dos grãos, aumentou tudo, embalagens, caixas de papelão e o diesel. Em abril o índice de custo de produção de frango no Brasil, somando tudo, cresceu 39,79%.

Nas gôndolas dos supermercados o índice de preços ao consumidor amplo do IBGE, nos últimos 12 meses, base abril, frango cresceu 15%, os suínos 20%, muito abaixo da elevação dos custos de produção.

Dessa forma Ricardo Santin apresentou ao governo uma série de medidas para manter frangos, aves, suínos e ovos no carro do ovo do Zeca Pagodinho fortalecendo a comunidade.

  • Precisa flexibilizar imediatamente a importação de grãos.
  • Exportar grãos é fácil, importar muito difícil.
  • Autorizar importações de soja e milho dos Estados Unidos exclusivamente para ração animal.
  • Suspender o imposto adicional ao frete para renovação da marinha mercante para importação destes produtos nas regiões extra Mercosul.
  • Suspensão temporária de PIS Confins para as importações para empresas que não conseguem fazer o drawback.
  • Criação de um sistema oficial antecipado de exportações futuras de grãos, como ocorre em outros países, dando transparência a esses insumos e evitando especulação.
  • Financiamento para construção de armazéns para guardar grãos.
  • Políticas de incentivo à produção de milho e de cereais de inverno.

Dobra o agro Brasil!

Ricardo Santin ainda me disse que se os grãos utilizados para produzir a proteína animal que exportamos, cerca de 8 bilhões e 500 milhões de dólares, fossem vendidos apenas como grãos ao exterior teriam gerado no máximo US$ 2,5 bilhões, quer dizer, a agroindustrialização de frangos, ovos, suínos, fundamentalmente multiplica por quase 3 vezes e meia a 4 vezes o valor agregado.

Agronegócio sem planejamento estratégico vira cassino internacional, ótimo neste momento para soja e milho, terrível para aves, suínos e ovos, e na virada do ciclo, ocorre ao contrário. A curto prazo , nada mais resta a fazer do que o governo urgentemente à ABPA atender, para que o carro do ovo do Zeca Pagodinho não deixe as comunidades sem a felicidade de se fortalecer.

Planejamento estratégico do agro, fundamental doravante amigos.
 

José Luiz Tejon para Eldorado/Estadão

Também pode interessar

Entrevistei Blairo Maggi para o Agroconsciente do Jornal Eldorado/Estadão. Um dos 10 maiores grupos produtores de alimentos do mundo hoje, mas como ele registra: “no início com meu pai e minha mãe, 65 anos atrás, éramos sem teto e sem terra e viemos de São Miguel do Iguaçu, no Paraná, e hoje estamos no Mato Grosso e no mundo”.
Ouvindo líderes do complexo do agronegócio brasileiro do antes, dentro e pós-porteira, além dos seculares problemas não resolvidos de reforma tributária, logística, privatização do Porto de Santos e um plano de estado para o futuro do agro brasileiro, colecionamos 12 erros que precisam ser evitados no próximo governo.
Esse prêmio é um dos mais prestigiosos do mundo para o assunto de proteção de cultivos, das safras e também de agricultura digital. Uma grande transformação está ocorrendo na produção de alimentos no mundo e no Brasil. Significa a substituição de agentes químicos por biológicos. Isso tudo segue dentro dos programas de agricultura regenerativa. Não basta mais plantar, precisa preservar.
Estive em São Gonçalo do Sapucaí, Minas Gerais, num encontro da cooperativa de crédito Sicoob Credivass, conversando com seu presidente, Roberto Machado, o Beto, e ele me disse: “aqui todos são líderes”. Com isso estabelecia um compromisso maior de sentido de vida para todos os membros colaboradores dessa cooperativa que cresce a números extraordinários de 2 dígitos.
© 2024 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite