CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Vendedor bom vende, não “chia”. Agro brasileiro venderá mais para o mundo inteiro.

Publicado em 04/04/2025

Divulgação
Agro brasileiro venderá mais para o mundo inteiro.

Agro brasileiro venderá mais para o mundo inteiro.Três ótimos motivos explicam e justificam isso:

1 – Segurança alimentar, energética, ambiental (mudança climática) e social estão na pauta obrigatória mundial.

2 – Os Estados Unidos são o maior agribusiness do mundo, e também o nosso maior concorrente, cujo vendedor presidente (hard sell style) Trump está muito distante de conquistar confiança e credibilidade no seu comércio internacional de alimentos, energia e ambiental.

3 – O agro brasileiro é essencialmente meio para o processamento agroindustrial dos nossos países clientes, onde temos ainda baixíssima participação nas gôndolas dos supermercados junto aos consumidores finais, porém representamos uma fonte confiável em volume, escala, e preços de produtos que são transformados, embalados com marcas locais, e obtém grande valor agregado dentro dos países nossos clientes.

Exemplo que explico, considerando a própria taxação de 10% dos Estados Unidos para as importações do agro brasileiro, que serão facilmente superadas pela óbvia negociação das partes business to business, ou seja, os negócios de empresas com empresas onde o agro brasileiro está na cadeia de suprimentos do complexo agroindustrial norte-americano com preços mais competitivos, multiplicado por muitas vezes sobre o valor da sua originação. Poderíamos brincar dizendo que essa taxa de 10% é mais “para inglês, ou americano ver”.

Café, uma saca de café transformada em cápsulas ou nas cafeterias da indústria do café americano passa a valer muito mais do que 10 vezes, uma multiplicação de valor em cada xícara e marcas junto ao mercado consumidor final.

O setor florestal, madeiras legais e sustentáveis viram insumos essenciais na construção e papel e celulose industrial norte-americano como insumos transformados.

Os sucos viram refrigerantes em marcas mundiais como Coca Cola, e outras, constituem cadeias de suprimentos para todo setor de bebidas obtendo elevado valor adicional. E o suprimento americano não é suficiente para as vendas crescentes das grandes corporações americanas.

As carnes, os derivados das proteínas animais e vegetais também se destinam ao processamento industrial dos Estados Unidos, ingredientes na sua maioria desaparecendo a procedência e novamente a custo incomparável.

Couro recebe uma gigantesca agregação de valor que depois compramos nas grifes premium como bolsas Ralph Lauren, Michael Kors, Tommy Hilfiger, etc.

Fumo que abastece a indústria dos cigarros com gigantesca mais valia.

Pescados suprindo a demanda americana e o etanol brasileiro que simplesmente é três vezes mais sustentável do que o produzido nos Estados Unidos, inclusive pelo seu método de produção lá utilizando gás e até carvão mineral enquanto o nosso usa biomassa, e o etanol anidro brasileiro tem qualidade diferenciada na mistura com a gasolina, ou seja, não há comparação entre esses “etanóis”, Mr. Trump. A taxa era de 2,5%, passa a ser 10%.

Somos celeiro do mundo, mas ainda longe de sermos supermercados do mundo, portanto fornecemos produtos dentro de todas as exigências e padrões que o FDA – Departamento de Regulamentação Sanitária americana exige, com padrões norte-americanos de sustentabilidade que são trabalhados, processados, embalados, industrializados e vendidos com elevado valor agregado com marcas USA. E, de novo, com custos competitivos às agriculturas dos países ricos.

E sobre o açúcar? Esse os Estados Unidos taxam em mais de 100% o açúcar brasileiro, nada “suitable”, Sr. Trump.

A explicação acima vale para os mercados desenvolvidos para os quais o Brasil vende, onde nossos produtos recebem lá agregação de valor, como na Europa, Japão, China etc. E numa nova frente, dos países em desenvolvimento, em grande parte na faixa tropical do planeta, onde passamos a ser vistos como um parceiro confiável que deverá estar equidistante dos conflitos militares, religiosos e de guerras de anexação territoriais, significamos segurança alimentar.

O vice-presidente, ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, está certo, e ao lado do ministro Carlos Fávaro do Mapa, com Itamarati, nossos adidos agrícolas, Apex e confederações nacionais empresariais, é hora do grande vendedor: “negócios, negócios, e amigos fazem parte”. Conquistar corações e mentes através da confiança, da paz, como Roberto Rodrigues propõe.

Ou seja, o que o agro brasileiro vende para os Estados Unidos gera uma espetacular mais valia dentro e para o próprio Estados Unidos: 10% coisa para negociação. Lets go.

A minha máxima é esta: “Se negociarmos honestamente com as pessoas elas jamais nos abandonarão”, (Antônio Secundino de São José, fundador da Agroceres - 80 anos  “in memorian”).

Vamos vender!

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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