CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

O conceito sistêmico de agronegócio não é usado na prática, um exemplo francês.

Publicado em 06/02/2024

Divulgação
José Luiz Tejon coordena o Master Internacional de Agronegócio na escola Audencia, em Nantes, na França.

Estamos de partida para coordenar o Master Internacional de Agronegócio na escola Audencia, em Nantes na França, uma diplomação dupla com a FECAP Brasil. O salão de agricultura de Paris ocorrerá no final de fevereiro e iremos com nossos alunos internacionais, inclusive do Brasil ao local para análises e estudos.

E o que constatamos, quando os agricultores franceses e da Europa se reúnem para protestar sobre as questões de suas obrigações e deveres, cada vez maiores impostas pelas pressões ambientais (justas ou tolas e utópicas), e atuarem contrários ao acordo UE/Mercosul, identificamos que somente o setor agroindustrial da França, alimentos e bebidas, tem um movimento anual de cerca de US$ 370 bilhões. Isso significa, para comparar, que somente a agroindústria francesa é quase do tamanho inteiro de todo sistema agro brasileiro, com o antes, dentro e pós-porteira, na casa dos US$ 500 bilhões.

E a pergunta que estamos levando para as discussões nos fóruns acadêmicos, onde iremos passar o Carnaval e o mês de fevereiro na França, é: “o setor agroindustrial que tem o maior faturamento de todo sistema do agribusiness francês participa dos movimentos dos agricultores?” Apoia essas manifestações? Atua em fóruns coordenando os investimentos para as transformações do setor produtivo agrícola do país, dando legítima ajuda aos agricultores do seu supply chain local, inclusive na sua desburocratização?

Ou estaria agora fazendo, sem dizer que faz, ao contrário uma busca muito mais bem feita de uma segurança global para o seu “supply chain” nacional, construindo um “data base” dos melhores global farmers mundiais?

Agribusiness conceito de Harvard, prof. Ray Goldberg, anos 50, Ney Bittencourt de Araújo, Brasil, anos 80, Décio Zylbersztajn, Pensa-USP início anos 90, nome adotado como pop tech, tudo de gente pra gente 2024 e parece que na prática a utilização do conceito que exige coordenação dos elos das cadeias produtivas não foram entendidos, compreendidos e, ao contrário, utilizados para uma guerra polarizadora de uns contra os outros.

Que os agricultores franceses se entendam e se coordenem com seus clientes e fregueses, e que não passem para os países em desenvolvimento, e o Brasil, as suas responsabilidades de gestão e coordenação.

E, ao contrário, o que estão fazendo é justamente aumentar a busca de fornecedores estrangeiros, por parte da sua gigantesca cadeia de agregação de valor pós-porteira europeia e supermercadista. Será a médio prazo ótimo para o agro brasileiro competitivo e realisticamente superando o mundo como ele é.

Vamos vender mais e cada vez melhor para o mundo inteiro, sem prejuízo aos agricultores de cada país. Mas este Brasil brasileiro aprendeu a fazer de tudo daqui dos trópicos para o mundo inteiro. Não devemos entrar nem na guerra fria, muito menos na morna ou nas quentes. Vamos trabalhar, produzir, coordenar e vender em um agro consciente.

José Luiz Tejon.

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