CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Rádio Eldorado/Estadão - Urgente e emergente Plano Nacional de Fertilizantes para segurança agro nacional!

Publicado em 17/09/2025

Divulgação
Reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) na FIESP

Reunião muito importante do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), na FIESP, nessa semana, falando da emergência, da urgência que é um Plano Nacional de Fertilizantes. Nós temos uma dependência, que é inaceitável, em um momento de um mundo crítico, cheio de conflitos, e aqui entre várias lideranças nós tivemos a apresentação extraordinária do José Carlos Polidoro, assessor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e na minha opinião o maior especialista de fertilizantes do país. Dirigiu por muito tempo a Embrapa Solos.

Pedi a ele para fazer uma síntese de sua apresentação sobre o drama e a emergência de uma Política Nacional e de uma indústria nacional de fertilizantes e ele me disse:

“Nós chegamos em um ponto que nós temos de qualquer forma aumentar a produção nacional de fertilizantes nos próximos cinco anos. Nós chegamos no fundo do poço. Importar 90% de fertilizantes para um país igual ao Brasil que depende completamente desse insumo porque depende do agro a nossa economia e segurança alimentar é um risco que não dá para mensurar. Então, por exemplo, se em 2030 nós estivemos com uma produção nacional aumentada para uns 35%, de acordo com os nossos cálculos de quanto vai aumentar o consumo nesses próximos 5, 10 anos, nós vamos ter um problema logístico que não vai ser superável e isso ocasiona em aumento de preço para o produtor rural. Ocasiona em aumento do custo de produção, e imagina que o preço do custo do alimento no Brasil já é muito pressionado em parte pelo fertilizante, pelo custo ocasionado pelo fertilizante. Nós não podemos deixar isso subir. Além do mais isso gera muito emprego, é uma indústria de base. É uma indústria que produz um insumo de uma cadeia produtiva que vai parar lá no frigorífico. Imagine quantas vezes, quando se coloca um quilo de nitrogênio no solo, ele vai virar milho, soja, que vai virar carne, ovos, que vai chegar na gôndola e nesse meio desse caminho você agregou o valor e acumulou riqueza absolutamente impensáveis de você perder isso por causa de uma falta de estratégia que nós deixamos de ter nas últimas três décadas. Esse é o cenário, é agora ou nunca”.

Perguntei a ele então o que faremos de concreto ao sair do evento da Cosag e ele me respondeu:

“Ficou claro que toda cadeia produtiva, setor privado e Governo querem que o Programa ao Projeto de Lei Profert 669, de 2023, seja aprovado, porque ele vai dar cinco anos de melhoria de negócios no país e na prática vai diminuir o custo. Imagina que você vai montar uma fábrica e custa 2 bilhões de dólares. Se você joga para 1 bilhão e meio, olha o quanto vai ser mais atrativo o país para um investidor nacional quando ele for olhar, eu vou investir no Brasil, na Nigéria ou investir no Paraguai? Ele vai olhar melhor para o Brasil, porque hoje esses países são mais atrativos do que nós. Porque nós temos uma incidência tributária tão gigantesca sobre o investimento, principalmente quando você tem de importar os equipamentos e as máquinas que a conta não fecha. Então esse é um ponto. O outro é que nós estamos criando um Centro de Excelência em Fertilizantes para pegar os 70 anos de conhecimento que nós temos em como manejar bem os solos, as plantas, pegar todos esses ativos tecnológicos que nós temos e fazer isso virar nota fiscal, transformar isso em produto de mercado, que o produtor possa comprar a preço competitivo e aumentar a produtividade dele, principalmente porque fertilizante no Brasil ainda é um insumo de elite, porque quase 60% dos agricultores familiares nunca abriram um saco de adubo dentro de suas propriedades e isso muitas pessoas não percebem quando você tem as falas de que o país tem muitas terras, então o Brasil na agricultura é vilã, muito porque o agricultor familiar tem baixa produtividade e porque tem inflação de alimentos, e o alimento e a cesta básica oscila muito de preço. Você vai ver é porque o pequeno agricultor principalmente como ele não usa fertilizante, não adianta chover, a terra está fraca, está com baixa fertilidade, vai chover, vai produzir bem, mas não vai produzir aquele tantão que ele poderia produzir se ele estivesse usando simplesmente fertilizante e corretivo”.

Muito bem, eu espero que essa velocidade aconteça e, para encerrar, o Brasil tem minas, tem o famoso NPK e os bioinsumos, e tudo isso é algo a ser realizado.

“Nós sabemos disso há 30 anos, infelizmente, e nós fomos deixando isso acontecer, preferimos o caminho mais fácil que é importar com subsídios. Nós invertemos a lógica, subsidiamos algo que é fundamental para nós vindo de fora. Então nós já sabemos disso há bastante tempo então agora é o Plano Nacional de Fertilizantes cumprir com o que está escrito lá no papel e eu tenho certeza que por falta de governança não vai ser porque não é simples você colocar um Conselho de Ministros, de grandes líderes do setor privado em que toda decisão tem de passar pelo presidente da República e nos próximos 25 anos é um legado que está sendo deixado e eu tenho certeza que esse setor nunca viu uma força de governança assim. Basta também o setor saber que o governo não é opositor que o governo é o melhor parceiro”.

Muito bom, podemos ter fertilizantes e olhar com foco o que é importante para o país e diminuir as conversas periféricas que só atrapalham.

José Luiz Tejon para a Rádio Eldorado/Estadão.

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