CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Tarifaço Brasil e Estados Unidos

Publicado em 14/07/2025

Paulo Rabello de Castro e Luiz Pretti

Tarifaço sem sentido tem motivação política e precisamos de serenidade, opiniões de Paulo Rabello de Castro, e de Luiz Pretti.

Os negociadores comerciais brasileiros precisarão amenizar aspectos das desconfianças nas relações com estados unidos.

Uma taxa de 50% é ruim tanto para os Estados Unidos quanto o Brasil.

Vamos ouvir o economista Paulo Rabello de Castro, foi presidente do IBGE, do BNDES e mestre e doutor pela Universidade de Chicago.

“Vamos às questões do tarifaço de Trump e os eventuais efeitos sempre negativos sobre o agro brasileiro a prevalecer uma tarifa tão elevada quanto essa, é sem sentido. E aí já vem a primeira de duas perguntas para entender melhor o que está acontecendo. A primeira pergunta é saber se a motivação de Trump é comercial ou é política. E ela é uma motivação política. Trump respondeu àquela reunião dos BRICS que aconteceu no Rio de Janeiro, que foi uma confrontação direta ao dólar, à sua utilização como mecanismo de liquidação de transações internacionais, algo que até vai, eventualmente, acontecer lá na frente, porque há uma diminuição gradativa da importância dos Estados Unidos e do mundo, mas isso é lá na frente. E o Lula jamais deveria, com aquele jeito sindicalista dele, dar uma de agente provocador, chefe de turma, que quer bater no garoto louro que está passando na esquina. É um garoto poderoso. E aí ele está recebendo agora a retaliação. Portanto, os negociadores vão ter uma preocupação muito grande em amenizar essa ofensa.

Bolsonaro, no caso, me desculpe os eventuais bolsonaristas, entrou aí como Pilatos no credo e, inclusive, ao posar de ser o quem provocou isso, teria sido a quem viabilizou essa sanção americana, está agora envergonhado, deveria estar envergonhado pelos prejuízos que agora causará. A segunda pergunta é justamente sobre os prejuízos. Em algumas áreas onde existem opções para os Estados Unidos comprar de outros fornecedores, o que é mais o caso das carnes do que do café ou do suco de laranja, onde essas opções são mais reduzidas, haverá um impacto mais forte de redução do preço líquido aqui dentro. Em bom português, o agro-brasileiro teria que entubar uma boa parte desses 50% de tarifa em cima dos preços, por exemplo, de carnes e de todos os produtos para os quais, repito, existem alternativas. Naqueles onde as alternativas são menores, os americanos provavelmente vão sentir a elevação de preço e o nosso prejuízo será por redução da demanda americana. Esses são os aspectos principais que eu deixo para a sua reflexão, com o meu abraço.”

Dessa forma considero que esse incômodo criado por Trump para o Brasil com motivações políticas precisa ser tratado com racionalidade. Ouvi também de um líder empresarial que por muitos anos foi presidente da Cargill a maior multinacional americana e líder do agro, foi presidente da Amcham Brasil, e hoje é membro do conselho da câmara de comércio Brasil Estados Unidos, a maior câmara de comércio americana no mundo ele foi enfático afirmando.

“Precisamos de serenidade e brasilidade que todos os poderes pensem no Brasil como estado, estamos perdendo muito espaço por disputas totalmente desnecessárias, precisamos de uma consciência de país.“ Luiz Pretti membro do conselho da Amcham e ex presidente da Cargill.

Que possamos ter então sanidade nas negociações mesmo sendo elas com elevados graus de insanidade. E quem sabe esse incômodo de Trump acorda o Brasil para um plano estratégico com diversificação de mercados e de produtos  com mais agregação de valor.

Afinal então, agronegócio ... agronegócio, ideologias políticas a parte.

José Luiz Tejon para Eldorado/Estadão 

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