Eldorado/Estadão - Agronegócio inspira, é parte da grande solução, mas precisamos do país todo em ação, “tocando em frente” e pacificação
Publicado em 14/05/2021
DivulgaçãoO Instituto Millenium, uma entidade sem fins lucrativos e vínculos político-partidários, fez uma análise do setor do agronegócio e revelou que o setor vem ganhando cada vez mais espaço na economia brasileira, mesmo com a queda de 4,6% no PIB no ano passado. Em termos nominais atingimos R$ 7,4 trilhões, em dólar US$ 1,4 trilhões. E a soma do PIB da agropecuária foi o único em alta no ano passado com 2% enquanto a indústria caiu (-3,5%); os serviços (-4,5%).
O montante de receita do agronegócio, em 2020, ficou em 1 trilhão e 970 bilhões de reais, significando 24,31% do PIB do país. Praticamente 25% da economia. Porém, em dólar, esta soma em reais ficou abaixo de US$ 380 bilhões, com o dólar fechando 2020 a uma taxa de R$ 5,1961 (segundo o Ipea). E nós já somamos anos com volumes em dólar na faixa de US$ 400 a US$ 500 bilhões.
De fato o estudo do Instituto Millenium ressalta a inovação, a tecnologia. E da mesma forma mostra que a indústria parte das cadeias produtivas do agro conseguiram superar positivamente o ano, como nos alimentos 4,2%, o fumo 10,1%, papel e celulose, 1,3%; e ainda petróleo e biocombustíveis, muito ligados ao agro crescendo 4,4%.
A agropecuária isoladamente representa 5,9% do PIB. E o agronegócio acumulado nas cadeias produtivas cerca de 25% do PIB. A conclusão do Instituto Millenium é óbvia mostrando que se não fosse o impacto positivo da agropecuária e seu reflexo nos setores industriais, comerciais e de serviços, nós estaríamos num buraco econômico insustentável. O empreendedorismo e a iniciativa privada, ao lado de setores avançados do governo, nos últimos 50 anos, notadamente instituições como a Embrapa, IAC, universidades de Ciências Agrárias, e a coragem de agricultores na jornada para o Cerrado brasileiro são notáveis exemplos encorajadores para todo o país, de uma agropecuária que não depende de subsídios públicos.
O estudo mostra os percentuais de participação de cada segmento do agronegócio, no antes, dentro e pós-porteira das fazendas. O antes, insumos soma 4,0%; o dentro, a agropecuária propriamente dita 26,20%; o pós-porteira das fazendas tem na indústria 24,20%, nos serviços 45,60%, o que dá a soma dos 100% atingindo 24,31% do total do PIB do país. Desta forma fica evidente que o dentro da porteira, 26,20% do PIB do agronegócio, impulsiona e é impulsionado por 73,8% do conjunto industrial e de serviços.
Sim, precisamos urgente replicar essa experiência já dos últimos 50 anos em todos os demais setores, pois fica evidente que apenas com o agronegócio não conseguiremos carregar todo o país nas costas. Agora entre 2011 a 2020, o PIB total do país cresceu apenas 2,7%, a agropecuária 32,5%, a indústria 9,2% e os serviços 5,0% (Abag).
A conclusão poderia ser, sem a agropecuária estaríamos insustentáveis em todos os sentidos, porém sem o crescimento dos demais setores não conseguiremos crescer o PIB para dimensões aceitáveis e necessárias para um país como o Brasil, onde até 2030 precisaríamos dobrar de tamanho.
Sem dúvida planejamento estratégico é fundamental para a saída ao futuro do país. O agronegócio inspira, é grande parte da solução. Mas precisamos do país todo em ação. “Tocando em frente” como cantam Almir Sater e Renato Teixeira e com pacificação dos espíritos. E relembrando o jornalista Joelmir Betting, que dizia: “O Brasil é maior do que o buraco”, mas eu diria, não vamos exagerar pessoal!
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão