CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Como terminar o interminável?

Publicado em 02/05/2023

TCA
Elos humanos são intermináveis

Elos humanos são intermináveis. Uma vez estabelecidos jamais serão desestabelecidos. Podem não ficar nítidos no consciente, mas nos acompanharão ao eterno do ciclo espiritual das vivências. Muitas vezes esses elos são tão fortes que fazem com que uma criança, pura de consciência, se encha de amor por um quase desconhecido, como uma experiência própria comigo e uma criança de menos de 10 anos, a Gigi. Simplesmente nos amamos, na pureza da alma. Os laços espirituais ficam indeléveis quando nos tocamos na terra. Amizades, colegas de trabalho, os amigos da infância do bairro, da escola, da juventude. Os namoros, paixões e os casamentos. Podemos nos separar, sim, mas são insolúveis. Por isso mesmo precisamos aprender a terminar na fase terrena considerando o amor do espírito, aquilo que será interminável nas fases evolutivas da alma. Te amo, mas devo partir pode representar o fim de um ciclo. Ficaria sempre a pergunta, pode haver uma reinicialização? Creio que sim, mas como li um dia: o que separa é a evolução”.

Os elos humanos na terra devem estar a serviço da evolução, portanto quando alguém evolui ele precisa atuar na evolução dos próximos, e soberanamente nos elos umbilicais como marido, esposa, filhos, familiares, amigos, comunidades, equipes, e até em níveis de estado e nações. Mas precisamos concordar também sermos todos imperfeitos, por isso somos também carentes de afinidades que nos impulsionem e inspirem em todas as horas difíceis da jornada nos oceanos plenos de incertezas e imperfeições do viver na terra. De verdade não fazemos nada sozinhos. Então podemos, com justiça evolutiva, procurarmos elos novos, ou muito antigos, mas que ainda não os havíamos tocado e percebido nesta vida, que possam, ao nosso lado, acionarem os motores ascensionais da evolução.

Isto significa trabalhar juntos, amar pessoas juntos, e amar causas evolutivas juntos. Não pode significar a ilusão da fuga dos enfrentamentos e responsabilidades neste reino terrestre, mas, ao contrário, significa a parceria guerreira da eternidade da luta entre as forças criadoras do universo versus as energias caóticas, entrópicas e destruidoras.

Ao lado de quem eu irei fazer a minha parte e lutar mais e melhor?  Com quais aliados ao longo da jornada? E de verdade o senhor ou a senhora dos anéis da aliança nos nossos dedos com qual ânimo e vigor d’alma nos impulsionarão com a coragem máxima onde “amar será sempre aperfeiçoar as imperfeições”. Imperfeições das estruturas, das ciências, das relações humanas, e as nossas. E logo iremos aprender que no amor ao trabalho, às causas evolutivas e ascensionais, e às pessoas ali estará o maior doutorado que poderemos fazer nas nossas curtas vidas, onde a tese já tem título: “o beijo da vitória, a revolução das vítimas”.

Terminar o interminável não significa um fim sem volta. Pois as relações espirituais e convergentes na terra já estabeleceram magnetismo e irão se tocar novamente ao eterno. Terminar o interminável é somente dizer um “até breve, até logo mais, te vejo logo, see you soon”. Ao interrompermos um ciclo próximo de forças numa jornada estamos também permitindo que outras pessoas se recriem e que possam mergulhar mais profundamente nos compromissos dos seus destinos, os quais não devemos duvidar e ter medo jamais.

A vida no planeta terra é desafiadora, parecemos um metal sendo passado num esmeril. Me lembro da indústria metalúrgica, uma onde aprendi muito da vida com seres humanos admiráveis, a Jacto SA de Pompeia, São Paulo. Ficava admirando a fundição dos metais sob forno escaldante e o “esmerilhar” das lixas, os rebolos, no aperfeiçoamento de cada parte de uma peça. Saíam faíscas, e os operários precisavam usar capacetes com viseiras protetoras. A imagem da fundição e dos esmeris, me traz sentimentos paralelos do formar almas e caráter. Vai doer. Porém os benefícios, utilidades e valores desse procedimento irão ajudar muito, muita gente, como no caso das máquinas agrícolas, onde eu ouvia de um sábio imigrante japonês sr. Shunji Nishimura, que: “Jacto não faz máquina, faz comida, faz pão”.

Transformar potenciais “vítimas” sofredoras do enfrentamento competitivo e ainda cheio de sangue, ódios e raivas em “revolucionários”, incomodados com as imperfeições e que farão a partir do calor da fundição e do atrito do esmeril a evolução revolucionária que permite os beijos da vitória, quando o mais simples e puro recebe a medalha de ouro no topo do pódio de uma existência; significa atingirmos a consciência da engenharia do universo e da sua ferramentaria, onde iremos encontrar o sentido pelo qual aqui estamos e pelo qual vale a pena viver. A concepção superior.

Mas isso tudo para entender como terminar relações intermináveis, com uma lágrima de choro, mas com um sorriso de um até breve. Te amo mas devo partir, ou melhor, nos amamos mas vamos partir. Até logo mais no tempo do universo.

Portanto, saber sair, num até breve em outras camadas ou vidas, vale não aumentar a carga negativa das discórdias que irão ocorrer lá naquele breve futuro. Vale ir ao limite máximo do desenlace com amor. E acima de todas as questões vale não destruir outros seres humanos que ainda nas suas fragilidades tenham total dependência e tenham medo da insegurança desse abandono.

Pais falando mal um do outro para as crianças, seus filhos, biológicos ou adotados, estarão aumentando exponencialmente as cargas dos sofrimentos de si mesmos nas suas vidas e construindo a dor e a ampliação das imperfeições nessas crianças, futuros adultos torturados, que poderão repetir automaticamente a mesma disseminação da infelicidade, que foi, sim, programada, numa engenharia nociva estabelecendo uma ferramentaria torturante onde o fogo da fundição queima e arde implacavelmente e os esmeris poderão esmerilhar num uivo torturante aquelas almas mal tratadas onde adultos irresponsáveis crucificam suas crianças.  Preços muito alto pagaríamos com isso. Um livre arbítrio doentio.

Portanto terminar o interminável é dar um até breve, nos veremos logo ali, sempre. Saber sair dos relacionamentos íntimos de uma sociedade, de uma empresa, de uma cidade, de um país, e da própria vida aqui.

Para mim os elos são indissolúveis. Nas empresas onde trabalhei, todas, criei amigos, capital afetivo e posso dizer, jamais delas sai. Continuo. Dos relacionamentos íntimos, jamais os abandonei, ex-esposas, amigas para sempre. Dos amigos, nunca os esquecerei e colegas ao longo da vida sempre terei e darei atenção em todos os momentos.

Terminar o interminável pode significar transformarmos momentos muito tristes de separação, num simples desatar aquele nó.  Mas os fios jamais se esquecerão. E lá na frente, esses fios d’alma, sem dúvida alguma se entrelaçarão. Para as forças do bem, da criação, da evolução, ou para resgatar o desamor que não soubemos administrar e o oferecemos num cálice amargo preâmbulo de calvários desnecessários. Para quem parte e para quem fica. Partiremos todos, a evolução é o rumo norte do cajado que nos guia a vida.

Amai-vos uns aos outros, mas saiba também amar a si mesmo como amaria ao próximo, sábias palavras de um grande amigo irmão Roberto Rodrigues.

Até breve.

José Luiz Tejon.

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