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José Luiz Tejon

Dra Fabiana Alves nos diz: “O Brasil foi pioneiro na iniciativa baixo carbono e carbono neutro e esse diferencial será nossa vantagem competitiva doravante”

Publicado em 24/04/2023

Divulgação
Dra Fabiana Villa Alves, diretora de cadeias produtivas e indicação geográfica do Ministério da Agricultura

Dra Fabiana Villa Alves, atual diretora de cadeias produtivas e indicação geográfica do Ministério da Agricultura, esteve na China ao lado de membros do governo e iniciativa privada e nos fala a respeito das tendências sem volta a respeito de alimentos sustentáveis, e aborda o quanto já estamos na frente com o nosso plano de agricultura de baixo carbono ABC+.
Vamos ouvir Fabiana Villa Alves especial para o Agroconsciente do Jornal Eldorado:
“O Brasil foi pioneiro em produto baixo carbono e carbono neutro. Isso foi muito devido à nossa política pública, ao Plano ABC que começou em 2010, e que até hoje com outros sistemas produtivos encontra-se em pleno vapor trazendo maior sustentabilidade e também menores emissões de gás de efeito estufa. A todos esses produtos que nós consumimos e que podem ser chamados e rotulados como baixo carbono ou carbono neutro. Nós somos pioneiros como uma iniciativa iniciada na Embrapa que foi a carne carbono neutro que hoje já tem em vários outros produtos como o café, como o cacau, como a soja sendo desenvolvidos e que, em breve, também estarão aí no mercado, tanto no mercado interno quanto no mercado externo, esse mercado para a exportação e do qual a China é um grande consumidor. Então nós temos uma grande oportunidade de termos produtos de valor agregado aonde o produtor recebe essa maior renda e aonde esse valor consegue ser perpassado por toda a cadeia de valor.”
A dra. Fabiana, que também atuou como pesquisadora da Embrapa Gado de Corte no Mato Grosso do Sul, ao lado de outros pesquisadores da Embrapa realizaram e comprovaram a viabilidade da carne carbono neutro ao lado dos sistemas ilpf, integração lavoura, pecuária e florestas. E essas iniciativas já seguem em outras culturas como café, cacau, soja, grãos. O consumo verde é uma tendência sem volta e já na própria China pesquisas revelam que um em cada três consumidores chineses afirma que sustentabilidade é ponto crítico para decidir entre produtos e marcas. Imagine 1 bilhão e 400 milhões de consumidores pedindo alimentos com essa originação!
A originação sustentável, fundamentada na ciência, com rastreabilidade, passará a ser A MARCA de confiança, que estará por trás de todas as marcas nas suas embalagens, nos alimentos e bebidas in natura ou industrializados, em todos os pontos de vendas do planeta. Idem, da mesma forma no setor energético, fibras, essências, etc.
É neste ângulo que confiança falará mais alto, principalmente associado aos alimentos, cada vez mais numa conexão direta com saúde humana, animal e ambiental.
Temos uma real possibilidade de deixarmos de ser simplesmente fornecedores de commodities e brigarmos nos preços das “baciadas” para assumirmos o posicionamento de fornecedores confiáveis de alimentos sustentáveis numa escala planetária que permita atender a todos, não somente a alguns. Elevar a marca Brasil para as gôndolas e prateleiras mais altas dos supermercados do mundo.
E desta forma, como a dra. Fabiana Alves na atual diretoria das cadeias produtivas e indicação geográfica do Ministério da Agricultura e Pecuária concluiu, iremos construir valor agregado e percebido onde a originação, com a ciência em cada bioma e a produtora e produtor rural não desaparecem mais ao longo das cadeias produtivas, muito ao contrário, ganharão visibilidade e valor, pois alimento, saúde e sabor dependerá de quem produziu, como produziu e com qual sentido de vida o originou.
Alimentos de baixo carbono e carbono neutro serão marca brasileira 4ALL, (para todos).   Então, além da descarbonização que venha a “descommoditização”. Sabemos fazer, fazemos e estamos na frente. E parabéns Embrapa 50 anos.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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Estou no Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), onde tem muitos eventos importantes, mas tem um em particular que me chamou a atenção. Eu conversei com a Mariana Aragão, pesquisadora da Embrapa, que representa o Brasil no World Farmers’ Organisation, uma organização mundial de agricultores que praticamente aqui no Brasil nós desconhecemos.
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