Eldorado/Estadão - A maior oportunidade do Brasil no mundo seria um compromisso de 500 milhões de toneladas de grãos em 5 anos: uma potência agroalimentar em nome da paz
Publicado em 25/03/2022
TCAAcompanhamos a insegurança da produção de commodities que assola o planeta em função da guerra de dois países de elevada importância na produção de grãos, como milho, soja, cevada, trigo, essenciais na base da pirâmide alimentar, além de energia.
A pandemia, associada à guerra, aumentou a insegurança alimentar da humanidade onde a FAO afirma que somos cerca de 4 bilhões de seres humanos em risco de insegurança alimentar, e já somos mais de 800 milhões na faixa da fome planetária.
A quebra dos sistemas de logística e do tão desejado “just in time”, onde fornecedores, não importa onde estivessem, garantiriam as entregas não importando também onde os fregueses estivessem, entrou em crise de incertezas e desconfianças, inclusive pelos vieses político-ideológicos associados ao fornecimento de comida e de insumos como fertilizantes.
Agricultores europeus e dos Estados Unidos estão pedindo autorização para ampliar os plantios em terras reservadas para o chamado “pousio” - recuperação de fertilidade - pelas quais recebiam sem plantar, áreas de conservação. Em paralelo a isso fatores climáticos também prejudicam a produtividade das lavouras no Brasil e em diversos países do mundo.
Entramos definitivamente numa era de transição, de revisão do potencial e adaptação de plantios e criação de proteína animal em todos os biomas do mundo, onde na própria França, a ideal região produtora da famosa champagne, sofre com aquecimento climático iniciando uma mudança geográfica da sua produção.
E nisso tudo o Brasil. Produzimos em cerca de apenas 70 milhões de hectares hoje. E já temos como áreas abertas, degradadas, onde podemos fazer agricultura de baixo carbono, Plano ABC, com integração lavoura e pecuária e idealmente lavoura pecuária e floresta, pelo menos outros 70 milhões de hectares.
Além de dobrar a área brasileira agrícola de tamanho, sem tirar uma árvore e dentro da lei do código florestal, podemos dobrar a produtividade em todas as culturas com inovação, digitalização, gestão, o conhecimento high tech associado ao melhor das práticas conservacionistas, como sempre me relembro do saudoso agrônomo gaúcho Dirceu Gassen.
Portanto, além do Plano Nacional de Fertilizantes, que chega antes tarde do que nunca, está na hora urgente e emergencial de um plano de estado com metas que comprometam o Brasil na busca de 500 milhões de toneladas de grãos em 5 anos, incluindo recursos para estoques de segurança, armazenagem, crédito, insumos, seguro rural em relação ao mercado, irrigação, e fortíssimo estímulo ao empreendedorismo agroindustrial e ao cooperativismo em todas as regiões brasileiras necessitadas desse modelo.
É claro, com o Itamarati e associações empresariais, mais Apex, estratégias de marketing para conquistar clientes mundiais, assegurando sermos o Brasil um país da paz, o único com nome de árvore, onde recebemos todos os povos do planeta, e onde temos todas às condições científicas, ambientais e de recursos humanos para nos apresentarmos ao mundo como a maior potência agroalimentar ambiental do planeta, e jamais, nunca, utilizar alimento como arma ou ficar a serviço de qualquer ideologia política, racial ou religiosa.
O Brasil pode significar para o mundo agora a esperança realista da segurança alimentar e dar a mensagem que alimentaria a esperança humana. A paz repetindo a palavra do ex-ministro Roberto Rodrigues. Um belo propósito. Que a crise grave desta hora nos inspire a sermos éticos e evoluídos protagonistas mundiais, da mesma forma e neste momento.
Planejamento estratégico já, plano de estado agora e o legítimo agroconsciente não tem nada que esperar por eleições.Que a sociedade civil organizada atue imediatamente.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.