Eldorado/Estadão - A voz de quem “põe a mão na cana”, GEAFMC sobre o futuro sucroenergético
Publicado em 05/11/2021
DivulgaçãoPolítica global energética. Combate à fome e empreendedorismo planetário. Acompanhamento permanente do Renovabio. Acuracidade das informações transformadas em comunicação. Intensificação da pesquisa local para cada microbioma. R$ 53 bilhões em crédito de carbono. De fornecedores de cana para “vendedores”- comunicar protagonismo ambiental e da saúde. Nos reunimos com mais de 30 líderes produtores de cana do Brasil no Grupo dos Empresários do Agronegócio - GEAFMC, na cidade de Ribeirão Preto ontem (dia 4), num encontro organizado pela FMC dentro do seu programa de desenvolvimento e educação para lideranças.
Queríamos ouvir “as vozes” desses produtores rurais que fazem acontecer tudo o que é debatido hoje no mundo e na Cop-26 a respeito de ESG, sustentabilidade, clima, água, biomas. E neste caso com a área da cana de açúcar, onde somos os maiores do mundo, além de todo potencial do etanol, e da produção de eletricidade e biocombustíveis limpos e renováveis e outros insumos industriais.
Foram sete grupos de trabalho que debateram cinco pontos cruciais se fôssemos preparar um planejamento estratégico dentro da filosofia de administração de marketing: 1 - análise de fatores incontroláveis; 2 - adaptações estruturais empresariais e sistêmicas; 3 - ativação da comunicação para obter percepções desejadas; 4 - avaliação do planejamento, métricas indicadas; e o 5º ponto: objetivos, o “gol”, metas possíveis esperadas.
Na análise de fatores incontroláveis os posicionamentos foram para a necessidade de uma política global energética. Identificar as percepções da opinião pública sobre o setor. O clima um fator incontrolável exigindo muita tecnologia para sua análise. A educação de base nas escolas formando conceitos desde o fundamental. Conhecer os programas filantrópicos de combate a fome e a miséria. Impactos políticos nacionais e internacionais. Acompanhamento permanente do Renovabio.
Na adaptação estrutural e sistêmica do setor sucroenergético, para superar dentro das mudanças da nova era da “descarbonização”, as colocações dos grupos foram para uma evolução das pesquisas agronômicas adaptadas às várias realidades dos produtores brasileiros atuando nos seus distintos microbiomas. Educação dos recursos humanos para aperfeiçoamento do manejo tecnológico. Incremento do uso de reciclagem, resíduos, e gestão ACV - ciclo de vida. Evolução da produtividade da cana com maior variedade de tecnologias. “Não agressão” às técnicas agronômicas fundamentais. Construção da acuracidade das informações, em um data base que permita gerar conhecimento comprovável para toda a sociedade a respeito do setor, por exemplo, que “já somos responsáveis no setor sucroenergético por 1/4 do CO2 mitigado no Brasil”. Também a compreensão de que “preço não é sinônimo de custos”. Grupos se posicionaram que a gestão dos custos com adoção de inovações tecnológicas e digitalização será fundamental. Importante percepção de que o preço de uma tecnologia é diferente do “custo” que ao longo do processo ela beneficia.
Na parte da ativação, a conquista de vendas e percepções de imagem, os grupos unanimemente pedem urgência de um plano sustentável e de longo prazo para uma comunicação educativa de todos os stakeholders da sociedade brasileira e mundial sobre o setor sucroenergético nacional. Foi mencionado um trabalho que a própria FMC está realizando no algodão mostrando a história das famílias agrícolas e a gigantesca superação humana que realizaram para estimular as novas gerações. As famílias agrícolas da cana de açúcar na história e a grande virada do final dos anos 70 com o surgimento do Proálcool, e recentemente com o Renovabio, seriam fórmulas desejadas de comunicação com forte empatia a ser realizada.
Também no reino das percepções os grupos levantaram que é preciso mudar a imagem do açúcar vilão. Pois em um planeta com quase 4 bilhões de habitantes com graves problemas de acesso a comida, com 1 bilhão deles na faixa da fome, o açúcar é solução e não vilão. Também deveríamos acentuar na comunicação a importância para o empreendedorismo e o cooperativismo mundial como no exemplo de transformar milhões de produtores da Índia num complexo açúcar mais etanol já em início. Nisso a tecnologia e conhecimento do Brasil será espetacular em todo cinturão tropical do planeta, incluindo zonas pobres do próprio Brasil. Comunicar qualidade de vida, idh.
Na arte do relacionamento também houve um consenso da importância de desenvolvermos a arte da negociação mais harmônica entre os elos da própria cadeia produtiva do setor, integrando produtores de cana com agroindústria indo até a distribuição. Imaginaríamos frentistas dos postos de gasolina preparados para “vender os benefícios do etanol aos clientes”. (Por que não? Ao invés do primário raciocínio da vantagem do preço dos 70%). Um salto de uma visão de “fornecedores para a de vendedores”.
Em síntese, na ativação do planejamento estratégico sucroenergético a imagem de protagonista ambiental, energia limpa renovável, de um “farm to fuel” e de um “farm to health” do ser humano e da atmosfera foi exposto neste GEAFMC de líderes com muita ênfase sobre a amplitude do Renovabio, da utilização de todas as formas possíveis de geração energética, incluindo a biometanização com biogás renovável e natural, onde exemplos já estão sendo construídos pela MWM com kits para os veículos. Os grupos também consideraram já estar na hora (com atraso) do transporte público urbano do país ser movimentado com mais tecnologias do etanol.
Na avaliação, a rastreabilidade figura como condição “sine qua non”, ou seja, mais do que falar, precisa provar. Por isso é necessário desenvolver os dados sobre o estado atual do carbono, acompanhar suas métricas evolutivas no setor e rastreabilidade, que além de provar o que se fala serve para um ótima reeducação e aperfeiçoamento de toda a categoria dos produtores e produtoras. Estas as mulheres consideradas hoje legítimas “aceleradoras da inovação”, além de fortíssimo talento de empatia para a a criação do “capital afetivo” nas relações humanas dentro e fora do segmento.
O 5º ponto foram números, metas. Os grupos colocaram que temos um potencial para crescer a cana de açúcar de 20% a 30% no país até 2031. Também que podemos melhorar a produtividade média em mais 10 t/há. E que podemos receber R$ 53 bilhões em crédito de carbono pela mitigação do CO2 do setor. Aqui eu diria: “Isto só pra começar”.
Sobre Cop-26 nada como falar com aqueles que já fazem o que todo mundo quer: sustentabilidade e responsabilidade agronômica, e ainda pedem maior eficácia nas aplicações científicas microbioma a macrobioma.
Parabéns GEAFMC, vocês merecem uma linda campanha publicitária dizendo a verdade, somente a verdade, pois ela já está plena e carregada de legítimos sonhos concretizados. Daqui pra frente? Rumo natural da vida na terra, perfeiçoamento eterno e permanente de tudo.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.