Eldorado/Estadão - Agroindustrialização é fundamental para crescer o PIB do país
Publicado em 06/10/2021
Divulgação“A cada 10% de commodity transformada em produto agroindustrial geraríamos mais US$5 bilhões no saldo da balança comercial do Brasil e mais cerca de 80 mil empregos diretos”, João Dornellas, presidente executivo ABIA.
Na reunião do Cosag - Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp - nesta semana, João Dornellas, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos e Bebidas (ABIA) informou que agregação de valor e geração de empregos passam necessariamente pela industrialização de alimentos e bebidas.
Essa indústria significa 25% do setor industrial brasileiro, representa 10,6% do PIB, tem 1,68 milhões de empregos e compra 58% de tudo o que a nossa agropecuária produz.
Dornellas nos relembra que quando falamos do suco de laranja somos o número 1 do mundo, é indústria. Da mesma forma, açúcar número 1 do planeta é indústria, carnes bovina, aves e suínos é indústria, café solúvel o 2º do mundo, indústria, bombons e doces somos o 2º também, é indústria e somos o 3º em óleo de soja, é indústria.
É muito importante o que João Dornellas nos relembra, pois sem uma política e agressividade industrial, no caso a agroindústria de alimentos e bebidas, podemos crescer na agropecuária, mas não alimentamos suficientemente o PIB do Brasil. Isso explica porque de 2011 até 2020 a agropecuária cresceu 32,5% mas o PIB brasileiro apenas 2,7%. Agricultores e o setor agroindustrial fazem parte de um “casamento indissolúvel”.
Os 3 principais mercados da indústria de alimentos e bebidas do Brasil são Ásia, 45,7% do que vendemos, árabes (16,2%) e União Europeia (13,8%). As potencialidades de crescimento na Ásia, no mercado Halal muçulmano e Índia são gigantescos.
Vamos lembrar que na terra hoje 4,9 bilhões de pessoas vivem com uma renda menor de US$ 69 por semana para comer. E dentre esses, 1 bilhão com apenas menos de US$ 1,5 semanais para comida. São muito diferentes as mesas de refeição dos países ricos e desenvolvidos versus os subdesenvolvidos. E essas realidades precisarão mudar na próxima década. Isso quer dizer, gigantescas oportunidades no mercado do alimento global e nacional.
O processamento do alimento é muito antigo. O pão tem 25 mil anos antes de Cristo; o açúcar 800 anos antes de Cristo; chocolate 1.900 ac; azeite de oliva 4.500 ac e o queijo 4 mil ac. Uma campanha educativa separando o que é fake de fatos numa consciência alimentar será desenvolvida pela indústria brasileira da alimentação e bebidas a partir da nova legislação de rotulagem.
Destaco ainda que o Ital, Instituto de Tecnologia de Alimentos de Campinas que tem pesquisas e estudos seríssimos para a informação ética e correta sobre alimentos. Afinal mais do que nunca, pós Covid-19, saúde é sinônimo de segurança e qualidade. Transparência nas relações é a lei de todas as leis.
Crescer o agronegócio do país? Precisa da indústria de alimentos e bebidas. A cada 10% de commodity transformada em valor industrializado geramos mais US$ 5 bilhões no saldo comercial brasileiro e cerca de 80 mil novos empregos.
E isto não vale apenas para as cerca de 37, 7 mil indústrias ligadas a ABIA, vale para milhões de outras micro e pequenas agroindústrias espalhadas em todo Brasil. Como uma Coopercuc, pequena cooperativa de Canudos, na Bahia, na caatinga, que processa frutos do sertão e exporta para a Europa. Estas pequenas agroindústrias são também os maiores elos de sustentação dos minifundios do país. Agroindustrialização é fundamental para crescer o PIB do Brasil a partir do agronegócio.
Agroconsciente será também fonte para fatos científicos da nutrição, ao lado do Ital, alimento brasileiro que seja saudável e legal.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.