Eldorado/Estadão - Aquecimento na Grande São Paulo precisará de “RURBAN” – Agricultura Periurbana Urgente
Publicado em 14/06/2021
Divulgação Instituto EscolhasInstituto Escolhas apresentou o estudo sobre RURBAN – Agricultura Periurbana Urgente. Com agricultura na metrópole de São Paulo será possível frear o aquecimento da temperatura que subiu 1 grau centígrado de 1985 a 2019 e diminuir 0,2 grau em relação a 2019. Agricultura dentro da Grande São Paulo será vital para a saúde de mais de 21 milhões de pessoas. Quando falamos de agronegócio sempre trazemos a imagem do interior, do Brasil Central, do Mato Grosso, a capital mundial das carnes e dos grãos, ou então abordamos o bioma amazôico, o desmatamento. Mas agroconsciente traz agora a agricultura e sua importância para a vida de uma das 10 maiores metrópoles do mundo, a Grande São Paulo.
O Instituto Escolhas em parceria com o TEEB (The Econômic of Ecosystems and Biodiversity), com apoio da União Europeia, Porticus e programa para o meio ambiente da ONU desenvolveram um estudo chamado de: “além dos alimentos: a contribuição da agricultura urbana para o bem estar na metrópole de São Paulo”. E nesse estudo, apresentado na semana passada em São Paulo, as principais constatações são:
Entre 1985 e 2019 a temperatura média da metrópole paulista subiu 1 grau centígrado.
E se essa tendência persistir, até 2030, haverá a elevação de mais 0,6 grau centígrado. As consequências são doenças cardiovasculares e respiratórias.
A causa disso foi a diminuição da agricultura na área da Grande São Paulo e florestas, com a urbanização.
A área construída na metrópole paulista cresceu 57 mil hectares (o equivalente a 57 mil campos de futebol, de 1985 a 2019), isto significa redução da infiltração da água no solo e também isso contribuiu para comprometer a produção de água na bacia Alto Tietê em volume equivalente ao abastecimento de 4 milhões de residências por ano.
Os estudos do Instituto Escolhas revelam que o aproveitamento de uma agricultura periurbana em São Paulo, além de permitir abastecer cerca de 13 milhões de pessoas com produtos hortícolas e especialidades, seria fundamental para o ecossistema e a sustentabilidade de toda a metrópole.
O movimento RURBAN cresce no mundo todo, onde a cidade de Paris, por exemplo, tem como meta ter a maior produção agrícola urbana do mundo do lado de dentro dela.
Aqui em São Paulo temos desenvolvimentos em regiões como Parelheiros, temos hortas como no teto da Galeria do Rock na Avenida São João, um telhado verde no Shopping Eldorado, e um pioneiro empreendedor da agricultura vertical no bairro do Ipiranga, 100% livre, que já consegue produzir em cerca de 50m2, sob ambiente totalmente controlado e reúso da água, hortaliças folhosas suficientes para abastecer em torno de 1.200 a 1.300 famílias, e irá expandir.
Ao lado das constatações da importância do movimento RURBAN, tem início reuniões para a criação de uma universidade RURBAN, em São Paulo, capital com especialistas diversos como arquitetos, nutricionistas, agrônomos, empreendedores, agricultores, experts em tecnologia aplicada ao “local farming” e “vertical farming”, incluindo marketing, gestão, design, associativismo e educadores.
O agroconsciente não vale apenas para os campos do país, as exigências ESG (environment, social, governance) das grandes produções serão também cada vez mais fundamentais para a vida com dignidade e saúde nas grandes capitais.
Agricultores do asfalto, sejam bem-vindos! Que as plantas ornamentais convivam doravante com o alimento nos prédios e condomínios. Muito mais árvores em todas as ruas, e além de tudo isso, biodigestores para biogás com todos os resíduos gerados por mais de 21 milhões de humanos, com geradores MWM, virando independência de energia elétrica e um excelente adubo.
E, curiosidade, a maior lavoura de café urbana do mundo já está aqui na cidade de São Paulo, para quem quiser visitar, no Instituto Biológico.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.