Eldorado/Estadão - Com violência não tem prudência, nada justifica ataque físico a Aprosoja BR
Publicado em 15/10/2021
DivulgaçãoAqui no Agroconsciente do Jornal Eldorado abordamos nesta semana setores do agronegócio pedindo prudência e conscientes do mal que extremismos e populismos causam ao setor e ao país. Mais estadistas e menos populistas. Foi nossa abordagem e não demorou muito para colhermos efeitos físicos e violentos.
A polarização, politização partidária, ideologias, xingamentos e fakes, que nem briga de rua, logo saem do bate boca e chegam às vias de fato. Ontem, em Brasília, a sede da Aprosoja foi apedrejada, invadida e grafitada com fora Bolsonaro, soja não enche o prato de comida, o agro mata. Um monte de besteiras, pois soja não tem nada a ver com fome, ao contrário, preços e carestia não estão conectados com soja, e soja é ovo, leite, indústria, empregos, traz consigo outras lavouras, traz renda em todo interior. Fora isso a violência, um ato criminoso estúpido invadindo e apedrejando.
O site da via campesina revela as entidades que participaram do ato ontem (14). Via Campesina, MST, MAM - Movimento pela Soberania Popular da Mineração; MAB, Movimento dos Atingidos por Barragens; Pastoral da Juventude Rural; MPA - Movimento dos Pequenos Agricultores; MMC - Movimento das Mulheres Camponesas; Conaq; Articulação de Quilombos; MPP; pescadoras e pescadores artesanais. As manifestações também ocorreram em Florianópolis, Recife, Vitória e Porto Velho, onde houve distribuição de comida. Mas em Brasília a agressão física inaceitável ocorreu.
Enfim, como falamos de agronegócio, vale a milenar expressão: “quem planta ventos colhe tempestades”. Mas vale aqui um alerta: palavras raivosas e de ódio antecedem as “vias de fato”. Cuidado com as palavras e os semeadores das mentiras. Quem ganha com isso? Se a Via Campesina e essas entidades populares não gostam de Bolsonaro, ontem conseguiram apoiar como nunca o atual presidente. Tiro no pé.
O Brasil próximo da Cop-26, em Glasgow na Escócia, maior produtor de soja do mundo, continua sob pressão de imagem negativa, e olha que difícil, explicar para o mundo manifestações agressivas contra a soja dentro do Brasil, por setores do próprio agronegócio. É tudo o que os concorrentes brasileiros pediriam a Deus. Com certeza estão amando tudo isso. Isto rouba o foco das nossas legítimas preocupações e dos verdadeiros incômodos.
Portanto, inimigos internos são os piores dentre todos, e vivemos no país um ambiente estimulador do ódio e da raiva. Nada justifica a invasão da Aprosoja. Fico preocupado se isto não é um péssimo prelúdio para 2022, se não houver prudência, temperança e estadistas na liderança, além da guerra de palavras entre opositores humanos, quem diria, até os grãos vegetais e as proteínas animais vão entrar na arruaça e na confusão. Imagine só a jabuticaba contra o melão, o arroz odiando o feijão, a soja e o milho inimigos do algodão, além do ovo brigando com o frango, o peixe batendo no porco e a boiada apedrejada. Eta revolução dos bichos, chama George Orwell. Agora para criminosos de todos os tamanhos, lados e tipos: polícia, justiça, cadeia e educação pró-cidadania.
E agronegócio é tão simples quanto, se você plantar, ou pescar, e não vender, quer dizer virar um negócio, não vai ter agro. Agronegócio não é sinônimo de uns contra os outros, de pequenos versus grandes, e muito menos de soja contra feijão. É tão simples quanto produzir e vender. Pequenos produtores do Brasil e do mundo, cooperativismo é solução, o resto é enganar seres humanos com pura manipulação.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.