CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Um G5 agrícola, com as cinco maiores agriculturas do mundo se faz necessário e urgente

Publicado em 28/02/2024

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Quando olhamos as cinco maiores agriculturas do mundo, somente uma delas está inserida totalmente dentro do cinturão tropical do globo, entre os trópicos de Câncer e Capricórnio: o Brasil.

Um G5 agrícola, com as cinco maiores agriculturas do mundo - China, USA, Índia, Brasil e Europa - se faz necessário e urgente. O Salão de Agricultura de Paris este ano evidenciou como a agricultura e os agricultores estão no meio de uma arena política, mediática, militante, sendo, se permitirem isso, usados por interesses que não lhes farão bem.

O Salão foi um circo político, mediático e de militantes. Ataques, beligerância, violência, que precisou ser contida pela polícia, onde houveram alguns feridos. Passada a horda violenta, Macron ficou 13 horas no Salão conversando com as diversas lideranças presentes e prometeu reunião, no máximo em três dias, com todos os sindicatos e suas representações e também com o setor agroindustrial e ambiental. Ou seja, parece que o presidente da França está precisando fazer o papel do gestor coordenador das cadeias produtivas, desde a discussão científica dos químicos, das sementes geneticamente modificadas ou editadas, até os preços pagos aos produtores e pelos consumidores com todas as exigências ambientais.

Mas nisso entra fortemente um aspecto onde produtores rurais de um país estão sendo jogados contra produtores rurais de outro país. E nisso tudo surgem linhas políticas radicais de ambos os lados, como o presidente Macron mencionou diversas vezes a RN – Ressemblemant National, cujo líder é o que mais fala em nome dos produtores franceses exigindo protecionismo, e de olho nas eleições. Por outro lado, linhas ecológicas utópicas também fazem a festa exigindo padrões olímpicos. Aí entra o Brasil. Não só, mas Ucrânia, Holanda, Índia, e qualquer outro país europeu que tenha um forte poder competitivo, por exemplo, a laranja espanhola. Uns contra os outros.

Por outro lado, os dramas humanitários gigantescos do mundo, cujos três primeiros objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU: erradicação da pobreza, luta contra a fome, e acesso à saúde não foram mencionados nenhuma vez. E todos esses três passam e exigem a agricultura em todos os aspectos. E quando olhamos as cinco maiores agriculturas do mundo, somente uma delas está inserida totalmente dentro do cinturão tropical do globo, entre os trópicos de Câncer e Capricórnio: o Brasil. Esta faixa gigantesca é onde a pobreza, fome e miséria apresenta os piores indicadores mundiais.

Mas o que ficou claro para mim naquele convívio é que tem muita gente colocando palavras de ordem na boca dos produtores rurais, e a politização está altíssima, o que me sugere...

Agricultores brasileiros, vamos conversar com os agricultores da Europa, e do mundo.  De agricultor para agricultor.

Existem agricultores aqui que se criássemos uma olimpíada agrícola, com as mais severas regras ambientais, eles estariam no podium. E existem agricultores lá que também conseguiriam. Porém a grande maioria não, pois sob exigências de um padrão olímpico, muita assistência técnica e suporte precisaria ser oferecido, tanto aos produtores daqui como aos de lá. Sem contar que os nossos se viram sem subsídio e com estruturas logísticas, crédito, seguro, enfim, incomparáveis.

E, com certeza, se os de lá vissem as dificuldades e exigências que temos aqui, incluindo o Código Florestal severo, iriam ponderar mais seus discursos protecionistas.

Sinto falta de diálogo de produtor rural brasileiro com produtor rural do mundo, pelo menos numa reunião das cinco maiores do planeta, que no seu conjunto fazem mais de 75% de tudo o que é produzido e também com gigantesco impacto na população planetária.

Um G5 agrícola para o diálogo, cooperação e a serviço da paz, como tão bem nosso Roberto Rodrigues define o sentido maior do setor.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

 

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Vivemos uma enxurrada de guerras, brigas, conflitos em tudo. Inclusive no agronegócio onde ideologias e facções políticas só fazem mal, pois quanto menos governo melhor para o setor, assim tem sido um velho bordão. Governo bom é governo longe. Mas imagine isso sob fogo intenso para eleições?
Ou a indústria, comércio e serviços zelam pela imagem dos seus produtores rurais, ou perderão consumidores finais. O mundo mudou e agora consumidor final quer saber de onde veio o alimento, quem originou o algodão, o etanol, biodiesel, café, frutas, carnes, ovos, peixes, e se naquela atividade leiteira, por exemplo, os biodigestores já existem produzindo biometano para mover os veículos tirando metano da atmosfera?
O que pode ser feito e será feito no agro, nos próximos 10 anos? Eu falava do “se”, uma conjunção subordinativa… “Se” fizéssemos o certo ao invés do errado, resolveríamos metade dos problemas do mundo, etc, mas além do “se”, o que pode e será feito?
Um destaque interessante foi a performance das mulheres na Olimpíada de Paris, onde os três ouros brasileiros são femininos (4 mulheres:  Beatriz Souza, Rebeca Andrade, e Duda/Ana - vôlei de praia) e 60% de todas as medalhas também mulheres. Nos Estados Unidos 26 das 40 medalhas de ouro também do feminino, 65% mulheres.
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