Eldorado/Estadão - Aumento do biodiesel no diesel é bom para o país, mas precisamos de uma política de grãos.
Publicado em 20/12/2023
DivulgaçãoO CNPE – Conselho Nacional de Política Energética decidiu nesta semana aumentar a mistura do biodiesel para 14% em março de 2024 no diesel fóssil. Hoje adicionamos 12%. Um grupo de trabalho foi constituído e até suas conclusões está suspensa a importação de biodiesel do exterior.
Acelerar o programa de descarbonização é um dos objetivos, o que irá mitigar com essa decisão a emissão de 5 milhões de toneadas de CO2 na atmosfera.
Existem impactos muito positivos na economia. Iremos obter 1,6 bilhão de litros de biodiesel. Vamos deixar de gastar R$ 3,6 bilhões na importação de diesel. Isso gera 10 mil empregos. E também irá melhorar a capacidade instalada das usinas que hoje é de cerca de 50%.
Só que precisamos combinar com a cadeia produtiva da soja. Infelizmente com o problema climático da seca no Brasil Central, conversei com produtores do Mato Grosso que me disseram nunca terem visto tal seca ao longo dos últimos 40 anos. Ouvi deles uma estimativa de diminuição de 30% na safra da soja.
O biodiesel não concorre com o alimento. Ao contrário, pode estimular a industrialização da soja, pois o farelo da soja é a proteína, o alimento, e o óleo um coproduto. Não vender soja em grão e agregar valor deverá gerar estímulos na cadeia produtiva, e em acordos com os produtores rurais.
Precisaremos de uma política de grãos, pois a soja e o milho estão para o agronegócio como o aço para a indústria. Será importante o aumento das safras de grãos para termos suprimento de biodiesel, e também do etanol de milho, onde está em andamento uma proposta para aumentar a mistura na gasolina, dos atuais 27,5% para 30%. No caso do etanol ele é derivado da cana de açúcar e do milho.
Com biocombustíveis estimulados, teremos demanda para dobrar a produção de grãos no Brasil. É isso irá gerar industrialização, comércio, serviços e empregos, além de efeitos positivos na saúde ambiental.
Mas precisa combinar com os produtores rurais. Gestão de cadeia produtiva cada vez mais o segredo do negócio dentro do sistema de agronegócio.
Essas ações brasileiras reunindo biocombustíveis, com o plano de incorporar 40 milhões de hectares de pastagens degradadas nos sistemas produtivos ambientais plantando árvores, adicionando as alternativas eólicas, solares, o querosene de aviação da palma e da macaúba, e o biogás onde temos um potencial gigantesco a partir dos dejetos, numa legítima economia circular, onde um dia teremos um minibiodigestor nos condomínios e nas nossas casas gerando energia própria o “meu biogás”.
Sem dúvida, iremos atrair investimentos mundiais e impactar o crescimento do PIB brasileiro de forma mais robusta do que temos feito nos últimos 13 anos.
Que essa iniciativa da bioenergia brasileira energize 2024!
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.