CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Café com leite, mas com muito mais leite neste dia

Publicado em 01/09/2023

Divulgação Abraleite
Precisamos superar a crise que incomoda mais de 1 milhão de produtores de leite brasileiros: Tem que vender muito mais leite. Tome leite. Afinal leite é saúde, paz e amor.

Precisamos superar a crise que incomoda mais de 1 milhão de produtores de leite brasileiros. O Brasil tem um consumo percapita de leite na faixa de 149 kg/ano segundo me informou a consultoria Alvarez & Marsal, num estudo realizado apontando novos hábitos dos consumidores, diminuindo o consumo do leite sendo substituído por produtos congelados e outros lácteos. Segundo A&M, o consumo do brasileiro no leite é tímido, os 149 kg/ano habitante quando comparado a países vizinhos como Argentina 195 kg/ano, Uruguay 211 kg/ano, é muito abaixo das recomendações de organizações de saúde como nos Estados Unidos 267/kg/ano, da Health and Human Services, ou na Austrália 228 kg/ano.

Mas o setor dos produtores de leite está neste momento vivendo uma grave crise, além de um consumo inferior ao necessário, as importações do Mercosul a preços inferiores, enquanto 1 kg do leite em pó no Brasil está a R$ 23,00, o importado chega a RS$ 18,00, o que segundo Geraldo Borges, presidente da Abraleite, fizeram com que as importações disparassem de 3% do que é consumido no Brasil para mais de 11%. Aspectos envolvendo subsídios nos outros países enquanto no Brasil não existem seria um dos fatores desse desequilíbrio.

O setor se reuniu em Brasília com o ministro Carlos Fávaro da Agricultura para tratar do que a categoria dos produtores nacionais está chamando de “importações predatórias”.

No caso de uma tendência de aumento das importações a entidade considera que teremos um desestímulo no país e riscos de desabastecimento futuro, onde a agricultura familiar já está sofrendo nesta crise.

Porém procuramos avaliar também quem está realizando essa importação?  A informação que recebemos foi ser na maioria da pequena e média industrialização do leite que não atua no sistema de integração. Também não são as cooperativas de leite, porque nos momentos críticos criam suportes especiais para preservação dos seus cooperados.

No país são 1 milhão, 176 mil propriedades com atividade leiteira. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial e o leite é produzido em 98% das cidades brasileiras. E um sério problema está também numa desuniforme condição tecnológica, de custos e produtividade para boa parte dos pequenos produtores, os mais afetados pelo atual momento, sem preço, com alto custo e competição barata do Mercosul. As previsões tecnológicas apontam para aqueles que não estiverem com elevada tecnologia, não conseguirão permanecer no futuro da atividade leiteira. Então tudo isso exige um alerta como a Abraleite está fazendo.

Um grupo de trabalho para atuar a favor da cadeia produtiva do leite reunirá o Ministério da Agricultura , o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Ministério da Indústria e Comércio.

Agora, sem dúvida, em paralelo aos dramas de estruturas da cadeia do leite que precisam evoluir, existe também ataques generalizados ao consumo do leite, indevidos, que servem como bandeiras de pessoas que buscam um “sentido pelo qual vale a pena viver”, e então, escolhem atacar o produto leite e a sua produção e, consequentemente, direta e indiretamente multiplicando famílias, funcionários em mais de 1 milhão de produtores, e ao longo da cadeia do comércio, indústria e serviços do leite, com certeza envolvemos mais de 40 milhões de brasileiros nesse setor, além da população consumidora.

O leite brasileiro profissional é de qualidade, sustentável e as unidades produtoras de leite que eu conheço atuam dentro das mais altas exigências competindo a nível internacional e cuidando do bem estar animal. Dou como exemplo a Rex, de Maria Antonieta Guazelli, para quem quiser ver, onde além do leite gera biogás com os dejetos sendo totalmente sustentável.

Reunião da cadeia produtiva é vital, pois podemos não só crescer o consumo percapita no Brasil como atuar no gigantesco mercado mundial de lácteos, como uma Nova Zelândia, por exemplo, consegue fazer.

E vai aqui uma sugestão, assim como os americanos fizeram a campanha do Got Milk, tome leite, com um bigodinho que até Steve Jobs comentava como um genial exemplo de publicidade vendendo muito mais leite, aqui no Brasil poderíamos fazer a campanha do Beijo do Leite. O tome  leite, fica o branquinho nos lábios, e isso  faz um splash com um beijinho na pessoa e em tudo o que você ama.

Tem que vender muito mais leite. Tome leite. Afinal leite é saúde, paz e amor. Um beijo do leite.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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Normando Corral, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) e do Conselho da Agroindústria (Coagro) da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), manda seus cinco fatores sagrados para os presidenciáveis sobre agronegócio.
Os cenários competitivos serão duros para o Brasil. Os eternos subsídios agrícolas, investimentos que os países fazem para produzir alimentos nos seus territórios pagando aos próprios agricultores, deverão crescer. Hoje está na casa de US$ 720 bilhões. Aliás, tem crescido quando olhamos os últimos 20 anos.
Não é o Brasil que não cresce. É a inexistência de um planejamento estratégico que não o deixa crescer. O 5º maior país do mundo (porém o maior em km quadrado útil). A 7ª maior população do planeta. A 4ª maior agricultura terrestre (porém a única com condições de dobrar de tamanho com total sustentabilidade). O maior exportador de alimentos industrializados em volume do planeta (mas o 5º em valor agregado), a maior competência do sistema total do agronegócio global no cinturão tropical da terra, mais de 1 milhão de famílias agrícolas cooperativadas, enfim eis aí alguns dados apenas mais voltados ao eixo econômico desse gigante Brasil relacionado aos atuais 30% do seu PIB.
Entrevistei o fundador do PENSA, o Centro de Conhecimento em Agronegócios da FIA, professor Décio Zylberzstajn, que fala de um novo agro, um agro pleno de virtudes  e acima de somente ser um agro produtivista.
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