CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - O agro procura um pacificador. “O Brasil é muito melhor do que parece”

Publicado em 07/05/2021

Divulgação
Chacrinha, o Velho Guerreiro, dizia: quem não se comunica, se estrumbica.

Os humores no Brasil andam exaltados. O Chacrinha, velho guerreiro, dizia, “quem não se comunica se estrumbica”. E gostaria de aproveitar o estrumbica que significa se complica, e dizer que país onde só tem briga todo mundo se estrumbica. Estamos numa fase complicada. Acabei de formar 40 alunos internacionais, nesta semana. Jovens da África, Ásia, Europa, de todos os continentes. Um Master Science em Food Agribusiness Management. Gestão de agronegócio e alimentos.

Esses jovens chegam para estudar sobre o Brasil, e vem com uma percepção muito ruim. De que produzimos carne desmatando a Amazônia, de que nossa agricultura é intensiva e que esgota os recursos naturais, enfim uma péssima imagem. Depois de 3 meses tendo aulas com professores e especialistas do Brasil eles escrevem nas suas apresentações de avaliação finais: “o governo brasileiro e a política roubam a boa imagem das realidades brasileiras. O Brasil é muito melhor do que parece”.

Já tratamos aqui a ilegalidade de 5% na Amazônia, acaba sendo usada por vozes brasileiras como “vocês não têm nada que se meter nisso pois já desmataram toda a Europa”. Quer dizer não comunicamos, afrontamos os clientes. Um assunto velho, alguém disse no exterior: “florestas aí, agricultura aqui”, e logo respondemos ao ataque generalizando como se o mundo lá fora estivesse contra nós.

Supermercados fazem restrições a produtos do Brasil pelas barreiras de reputação. Logo esbravejamos aqui que isso não passa de concorrentes inimigos para nos prejudicar. O agronegócio precisa de um pacificador. Lideranças que não adorem a ideia da briga de rua, dos palavrões, e do fazer a guerra.

Falar mal da China, hoje nosso maior parceiro, que tem sustentado nossa economia nas importações, e ainda mais, de quem dependemos de princípios ativos para vacina e também defensivos agrícolas, é no mínimo uma burrice comercial astronômica.

Falar mal da Europa, nosso segundo maior cliente, é outra imprudência. E dentro do país diversas entidades não se entendem e também brigam entre si, colocando política e ideologias no molho da separação. Quando a palavra clima e meio ambiente é pronunciada em vão e todos se esquecem de falar sim do Plano ABC+, o sonho de consumo de qualquer consumidor de qualquer parte do planeta. E temos aqui.

O Brasil precisa de pacificação. Aos que querem brigar que briguem entre si. Aos que querem o comércio que tapem os ouvidos aos briguentos como Ulisses na Odisseia, voltando para casa depois da guerra de Tróia, o fez para não ouvir o canto das sereias.

No caso dos briguentos brasileiros, não seria exatamente o canto, e sim berros e palavrões de espíritos zombeteiros e mal educados. Ao Brasil a paz. Que Alysson Paolinelli receba o Nobel da Paz, além de sua obra pela agricultura tropical, que possa simbolizar a pacificação, precisamos de um pacificador. A tortura mental nos destrói e cria obstáculos comerciais. Como o poeta Camões escreveu e repito: “quem faz o comércio, não faz a guerra”.

E como os jovens alunos internacionais afirmam: “o Brasil é muito melhor do que parece”.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Deixar de plantar 20 milhões de árvores e colocar em risco empregos, custos ao consumidor e desacreditar o Renovabio é o que vale a decisão de manter em 10% a mistura do biodiesel, foi o que ouvi do ex-ministro Francisco Turra, atual presidente do Conselho da Aprobio, Associação dos Produtores de Biocombustível do Brasil.
Agência Estado trouxe a informação do Ministério da Agricultura, num encontro do ministro Carlos Fávaro com Hexin Zhu, presidente do grupo chinês Citic, da iniciativa de investir em terras degradadas brasileiras. O Citic está entre as 35 maiores empresas chinesas e uma das 150 mais lucrativas no mundo segundo a revista Forbes. Já atuam no Brasil com equipamentos para indústria e na área da energia solar.
País sem conciliação, estratégia de polarização, tudo vira judicialização, todo mundo briga e ninguém tem razão, e também sobra para a Ferrogrão.
Entrevistei Luis Madi, coordenador da plataforma de inovação tecnológica do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) de Campinas, ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, órgão que reúne especialistas, pesquisadores e cientistas no campo da tecnologia dos alimentos, onde muitos mitos fake news são desenvolvidos e onde a racionalidade científica precisa imperar.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite