Eldorado/Estadão - “Coelhinho da Páscoa o que trazes pra mim?” E para o cacau brasileiro?
Publicado em 27/03/2023
TCAPáscoa chegando e fui conversar com dois líderes do mundo do chocolate, e quando falamos chocolate surge a cadeia produtiva do cacau, a cacauicultura. Então vamos lá, o que o coelhinho da Páscoa está trazendo pra mim, pra você, para nós os consumidores e apaixonados por chocolates?
O Ubiracy Fonseca é o presidente da ABICAB, Associação Brasileira da Indústria do chocolate, cacau, amendoim, balas e derivados. A ABICAB representa 92% do setor e estão com uma expectativa de crescimento neste ano de 2023 de dois dígitos acima de 2022, onde na Páscoa do ano passado já ocorreu um crescimento de 13% maior do que 2021. Ubiracy também me disse que o setor empregou cerca de 8 mil pessoas desde o final do ano de 2022 preparando a Páscoa 2023, onde deverá haver uma produção superior a 10 mil toneladas de ovos. Teremos 440 itens diferentes de ovos e chocolates para escolher, e com muitas inovações, 163 itens novos que não haviam antes, portanto vai ter chocolate de todo tipo, vegano, sem lactose, diet, com mais ou menos cacau, com brindes para as crianças com personagens, e sobre os preços? Com muitos lançamentos deveremos ter ovos e chocolates para todos os gostos e preços também.
Agora, sem cacau não temos chocolate. O que esse coelhinho está trazendo para a cacuicultura do Brasil? Conversei com Pedro Ronca, diretor da iniciativa CocoaAction Brasil da WCF, Fundação Mundial do Cacau. O Pedro me disse que somos o 5º maior consumidor de chocolates do mundo, apesar de um consumo percapita de 3 kg/hab/ano; muito pouco comparado a países como Suíça e Alemanha que consomem 9 kg/habitante/ano, ou seja, 3 vezes mais. E nós já fomos líderes mundiais na produção de cacau, e perdemos essa posição sendo que hoje precisamos importar parte do cacau necessário para o consumo brasileiro.
Mas o coelhinho traz notícias boas para o cacau brasileiro. Pedro Ronca me disse: “vamos voltar a ser exportadores de cacau, temos um total de R$ 280 milhões em projetos para investir até 2030. Esse investimento permitirá elevarmos a produtividade da cacauicultura do Brasil da média atual de 300 kg/há para 700 kg/há, ou seja, dobrar a produtividade e isso permitirá injetar R$ 2,6 bilhões de reais na mão dos produtores, o cacau é originário do bioma amazônico, e o Pará é importante produtor ao lado do bioma mata Atlântica do sul da Bahia. O crescimento do cacau também colabora significativamente com o meio ambiente porque seu plantio se dá ao lado de outras árvores, além de permitir desenvolvimento humano, responsabilidade social. “E de onde estão vindo esses recursos para o cacau brasileiro? Vem de parceiros do CocoaAction, a cadeia produtiva envolvida; também do Ministério da Agricultura com a Ceplac - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira; outro projeto vem do GFC - Fundo Climático Verde, que sozinho irá investir R$ 110 milhões no desenvolvimento sustentável da cadeia do cacau no Pará e Sul da Bahia”.
Portanto aí está um exemplo da reunião de uma cadeia produtiva com ciência, tecnologia, investimentos, indústria, comércio, serviços e academia e uma plataforma como a CocoaAction buscando a governança de um setor onde já fomos o maior do mundo e deveremos voltar a ser. R$ 280 milhões para investimento na lavoura cacaueira brasileira, que esse coelhinho da Páscoa chegue logo, e aqui pra você, para nós e pra mim, que tenhamos muitos ovos do bioma amazôico e, claro , também da região de Itabuna e Ilhéus da Bahia, onde vamos voltar aos tempos de glória para o seu Jorge Amado sorrir de felicidade.
O cacau também se desenvolverá em outros estados brasileiros . Aí está outro exemplo pleno de oportunidades para gerarmos renda, sustentabilidade e responsabilidade social; acessarmos mercados mundiais e com valor agregado pela indústria brasileira do setor, a ABICAB.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.