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José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Connection Terroirs: do Brasil, celeiro do mundo, para as mesas do mundo

Publicado em 02/06/2025

Divulgação
Em Gramado vivemos uma experiência marcante com o evento Connection Terroirs do Brasil, numa realização da Rossi Zorzanello  com o Sebrae

Na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul, vivemos uma experiência marcante com o evento Connection Terroirs do Brasil, numa realização da Rossi Zorzanello  com o Sebrae. Da quinta-feira até domingo desta semana passada.
É de estratégica importância o Brasil assumir esse posicionamento de “terroir” perante o mundo.

O “terroir”, uma palavra francesa originada do latim “territorium”, que além da sua visão mais popular de produtos com sabor típicos de uma particular comunidade agrícola, tem na sua consideração ampliada reunir os aspectos culturais e identitários de uma coletividade envolvendo relações familiares, tradições comuns e laços de solidariedade.

O Brasil tem até esta data 133 indicações geográficas, num trabalho que merece aplausos para o Sebrae.  Hilda Giesbrecht, coordenadora de tecnologias portadoras de futuro do Sebrae nacional explica: “as indicações geográficas reconhecem territórios cujos produtos carregam identidades, valorizando saberes, tradições e qualidades únicas. As IG’s agregam valor, promovem a diversidade. Em cinco anos os registros das IG’s saltaram de 75 para 133, o que significa renda alcançando 1.750 municípios e beneficiando 150 mil pequenos negócios”.

Ao olharmos o mundo, observamos que o domínio das mesas do planeta pertence exatamente aos países que melhor criaram e promoveram os seus “terroirs”. Itália, Japão, Turquia, México, Tailândia, França.  E os países maiores do mundo na produção de commodities não conquistaram até hoje presença e percepção nesta saga do sabor, da saúde, da sensorialidade e da cultura de suas comunidades: China, Estados Unidos e Brasil.

No Brasil as IG’s reconhecidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) 104 são indicações de procedência e 29 denominações de origem. A fruticultura tem 20 registros, seguida pelo café, produtos alimentares e artesanato. Vinhos e espumantes somam 12 IG’s. Carnes, pescados e derivados tem 9. Ao todo são 17 tipos de atividades registradas.

Mas o lado altamente positivo deste conceito e desta ação do Sebrae no país é que temos uma origem cultural na soma e mistura de todas os povos que formaram nossa sociedade tropical única no planeta, que apresenta um potencial econômico, social e ambiental de gigantesca magnitude. E além disso através dos “terroirs tropicais nacionais” teremos impactos significativos na ampliação do agronegócio ao lado do cooperativismo em todas as cidades brasileiras e numa imagem mundial que está identificada na tendência e no desejo das novas gerações, incluindo a geração Beta, os nascidos a partir de 2025. Esperam e gostam do pequeno, do familiar, do sabor único, da saúde ambiental em todos os sentidos e do degustar sensorial e cultural de alimentos, bebidas, artesanato, cosmética, farmacêutica, moda, arte e música. Efetivamente, do local para o global.

E esta conexão envolverá cada vez mais também as relações business to business  (b2b), ou seja, os negócios dos fornecedores de IG’s também para as corporações empresariais que irão desenvolver nichos e segmentos totalmente conectados às especificidades de suas originações. O turismo recebe diretamente crescimento exponencial a partir dos “terroirs”.

Da quinta-feira passada até este domingo vimos em Gramado palestras e uma feira de 51 “terroirs” brasileiros. O Vale dos Vinhedos da serra gaúcha e a nova IG da erva mate. Diversos exemplos foram apresentados como a banana mais doce de Corupá (SC), o exemplo desenvolvido pela Embrapa Alimentos e Territórios com a apresentação da Dra. Renata Silva da área da inovação, a IG Matas de Rondônia, a primeira denominação de origem do café canéfora sustentável do mundo, com a participação de comunidades indígenas.

Todas as regiões brasileiras estavam ali representadas do Sul ao Norte. Amêndoas do cacau do Espírito Santo, o café de canastra, Alta Mogiana, região de Pinhal, derivados de jabuticaba de Sabará (MG) a Mantiqueira mineira, a cerâmica da alegria do Ceará. Foram 51 exemplos ricos de qualidade e de potencial num trabalho que, sem dúvida, irá elevar o Brasil para não apenas ser visto como o celeiro do mundo, ou o supermercado do mundo, mas também como a mesa do mundo.

A Itália é o maior terroir do planeta terra. Domina as mesas do mundo em todos os países. Sem dúvida podemos fazer do Brasil uma gigantesca Itália com os nossos únicos “terroirs tropicais” enquanto ao mesmo tempo desenvolvemos a agrocidadania em todas as nações do cinturão tropical da terra.

E se olharmos a cidade de São Paulo iremos perceber diversos terroirs, e destaco um trabalho do nosso Núcleo Casa Verde, Limão e Cachoeirinha, aqui onde está o Estadão, identificando aspectos unidos destes terroirs, bairros com suas culturas na cidade de São Paulo.

Parabéns Sebrae e Rossi Zorzanello por este Connection Terroirs Brasil na semana passada em Gramado, Rio Grande do Sul, com temperaturas abaixo de 5 graus.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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