Eldorado/Estadão - O que vem primeiro o pão ou a palavra?
Publicado em 27/08/2021
DivulgaçãoEnquanto ouvimos um clássico dos Bee Gees, Words, vamos pensar... It is only words, words is all I have to take your heart away.
Quando eu tinha 25 anos de idade na cidade de Pompeia eu tinha um ótimo patrão, que também era um extraordinário mentor. Senhor Shunji Nishimura, fundador da Jacto, e que deixou um legado fantástico: a Fundação Shunji Nishimura de tecnologia. E ele me fez um dia essa pergunta: “a palavra ou o pão, o que é mais importante?” Eu respondi: o pão seu Nishimura, é comida. E ele me corrigiu e disse: “Tejon é a boa palavra que faz o pão, ensina cultivar o solo, proteger a lavoura, preservar sementes, colheita, separa joio do trigo e faz boa farinha. A palavra ensina, educa, sem boa palavra não tem pão. Boa comida começa com boa palavra”.
Palavra boa é como água boa, cria vida em tudo. Palavra ruim é como água ruim, destrói, mata, assim registrei aquela conversa, tantos anos atrás. E essas palavras ecoam agora forte na minha cabeça e nos ajudam a pensar sobre o nosso país e o agronegócio dentro do Brasil. Estamos mergulhados na maior guerra de palavras ou de narrativas, se preferirem, da história do mundo. É propaganda malévola para manipulação de massas.
Não se trata das massas das farinhas, são massas humanas vítimas do engano propagado. Raivas e ódios contra uns, negacionismos científicos contra todos, arrogâncias e egos contra clientes e consumidores, quando como o ex-ministro Roberto Rodrigues sempre salienta: “agronegocio é paz”. Ou como a própria CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - hoje se posiciona: quem alimenta constrói o futuro. Tem um monte de mentiras sendo propagadas com migalhas de verdades.
As narrativas... Estamos em guerra de narrativas, onde o sistema chamado de agronegócio, um complexo agrícola pecuário, científico, tecnológico, logístico, financeiro, cooperativista, agroindustrial, comercial e de serviços, e que impacta a todos os instantes eu, você, consumidores finais e já passou a ser chamado por quem vai ao futuro de agrocidadania.
Este megasistema, que responde por 1/3 do PIB do Brasil, está sendo convocado por narrativas, ou palavras, para compor com esta ou aquela ideologia político partidária, e se metendo em brigas que não lhes trazem nem o pão, nem a produção, nem agregação de valor, ou a sustentabilidade econômica, ambiental e social.
Em contrapartida, temos a boa palavra, as narrativas fundamentadas em ESG, descarbonização e obrigatoriamente precisamos de um planejamento estratégico do “a” do abacate ao “z” do zebu, para inclusão de milhões de micros e pequenos produtores, gerando milhares de agroindústrias, cooperativas, e com isso mais empregos, renda, mais economia e muito mais dignidade de vida social para todos.
A boa palavra para o agronegócio é como me disse Neivor Canton, presidente da Cooperativa Aurora, de Chapecó (SC): “o nosso propósito é cuidar de cada um para despertar a prosperidade de todos”. De todas as lavouras e criações do agro qual aquela que é a mãe de todas? A palavra, a boa palavra, que possamos chamá-la de narrativa, mas é dela que vem a prosperidade. Da má palavra só iremos colher infelicidade. Mais pão, mais produção, prosperidade e menos eleição.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.