Eldorado/Estadão - Prof. Fábio Marin, meteorologia da Esalq, apresenta visão positiva do clima para último trimestre no evento Coplana
Publicado em 04/10/2024
DivulgaçãoEu estive com o professor Fábio Marin, da área de meteorologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), no evento em Ribeirão Preto com a Cooperativa Coplana e o professor tem um visão muito correta a respeito da tendência da mudança climática. Perguntei a ele qual a situação do clima para o agronegócio e sua visão para o último trimestre do ano e ele em disse: “A perspectiva é boa, é que as chuvas devem atrasar um pouco no mês de outubro, mas uma vez que elas comecem os modelos têm indicado, e nós trabalhamos com três fontes diferentes, que concordam mais ou menos entre si, de que elas devem se estabilizar e devem chegar em volume suficiente para garantir o início de safra interessante para o agronegócio brasileiro”.
Ou seja, uma informação fundamental e muito importante, acrescentei e o professor me respondeu: “Exatamente. Eu sou suspeito para falar porque eu trabalho com isso 20 horas por dia e observamos muito como está o clima para poder orientar os produtores e nós temos a esperança, e não é só esperança, nós sempre torcemos para que dê certo, mas os modelos nessa safra indicam isso. Como eu disse, apesar do atraso, a chuva deve acontecer de uma forma em bons volumes e bem distribuída e um detalhe importante é mencionar um pouco sobre a tendência de La Niña. É que nós temos a possibilidade que a La Niña se forme e ela tem impactos diferentes regiões do Brasil. O Sul se preocupa mais com ela e o Centro-Oeste torce para que ela chegue”.
Acrescentei ao professor Fábio Marin que o assunto da questão climática não é o fim do mundo, mas também não podemos negar sua importância e ele acrescentou: “Exatamente. Nós temos um meio termo ali que é onde os produtores brasileiros precisam estar conscientizados e bem informados de que existe um processo de mudança climática acontecendo, ele é real, mas que ele não vai devastar a agricultura brasileira, especialmente se esse processo de conscientização for bem feito para que possamos nos adaptar. Existem formas de se adaptar, de usar estratégias agronômicas para conseguir principalmente baixar a temperatura dos sistemas produtivos, porque esse vai ser o principal efeito para as plantas”.
Em seguida, consultei o professor Fábio Marin sobre o plano que tem por objetivo a conversão de 40 milhões de hectares de pastagens degradadas, se convertido para uma agricultura sustentável é importante para o clima e ele me respondeu: “É super importante porque a agricultura sustentável é uma assimiladora de carbono, além de ser altamente produtiva. Então são corrigidos dois problemas de uma vez só. Ajudamos a mitigar a mudança do clima, tirando o carbono da atmosfera, colocando esse carbono no cultivo e no solo e tornando essa agricultura mais produtiva e tornando o nosso produtor mais competitivo”.
Em seguida perguntei ao professor Marin se uma agropecuária bem conduzida sustentável faz muito bem para o clima e ele me disse: “A agropecuária brasileira faz bem para o clima. Isso não quer dizer que não tenha pontos onde ela precisa melhorar. Tem muitos pontos onde precisamos melhorar. Mas a agropecuária brasileira, na sua vasta maioria, é extremamente consciente, sustentável e está buscando navegar nesse novo discurso da sustentabilidade com alta produtividade para manter o Brasil em uma posição destacada”.
Por fim, e por curiosidade, perguntei sobre a Esalq, que é considerada a 4ª melhor universidade de ciências agrárias do planeta Terra e sobre a área de Meteorologia se os jovens têm procurado e Marin me disse:
“A minha visão é que eu gostaria de ter muito mais alunos. Nós temos feito um trabalho muito forte para atrair os jovens, para despertar o interesse, mas a meteorologia agrícola depende muito de ciências exatas e o engenheiro agrônomo não é exatamente o perfil que gosta de ciências exatas. Então nós temos um laboratório muito forte, muito produtivo cientificamente, que tem um papel de relevância no cenário mundial, eu ouso dizer, e estamos de portas abertas para receber mais alunos e levar a juventude a entender melhor essa área”.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.