Eldorado/Estadão -COP30: Por Roberto Rodrigues, "O Brasil desenvolveu uma atividade produtiva sustentável que pode ser replicada em todo cinturão tropical do planeta"
Publicado em 09/05/2025
Divulgação
Estou ao lado de Roberto Rodrigues, grande líder do agronegócio, com uma série de postos ocupados no mundo, e hoje é professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e recentemente foi convocado pela COP-30 para ser o organizador, o sponsor, uma coordenação da voz do agronegócio para a COP-30. Perguntei a ele como está o trabalho para esse evento e ele me respondeu:
“Obrigado Tejon pela oportunidade de contar essa história. Em primeiro lugar eu preciso dizer que foi uma honra muito grande, eu tenho uma grande admiração, um grande respeito pelo embaixador André Corrêa do Lago e ser convidado por ele para assessorá-lo na agricultura foi muito honroso. Estamos caminhando e a ideia é fazer em três etapas: a primeira é reunir todas as lideranças rurais para buscar uma agenda única, porque essa COP não é a COP da Amazônia, não é a COP da floresta, não é a COP do Brasil, é a COP do clima para o mundo inteiro. E o embaixador Corrêa do Lago quer que seja uma COP da efetiva ação das discussões, e o que o embaixador quer é dar sequência na realização das demandas todas que foram colocadas em COPs anteriores. Então o primeiro ponto é esse: criar uma agenda harmoniosa e que a grande maioria dos interesses das cadeias produtivas do agronegócio sejam harmonizadas. Conseguida essa harmonia, que não é trivial, nós temos que passá-la para o Governo, porque quem negocia nas COPs são os governos. Temos de convencer o governo de que essa tese que o agronegócio harmonisou é a que nós temos de defender e não é também fácil porque o Governo não é uno. Você tem diferentes posições dentro do Governo. No Meio Ambiente, na Agricultura, na área da Indústria e do Comércio, na representação diplomática, então nós temos que convencer o Governo desse segundo ponto. Feito isso, essa posição deverá ser defendida na COP-30 pelo Governo, mas a terceira fase que é levar todo esse projeto para o setor privado. Quem decide lá não são os governos, e a briga é muito privada, vem gente de outros países, continentes, ONGs, do Brasil mesmo, que fazem oposição às ideias que são colocadas. Então teremos de trabalhar em paralelo as ações do Governo junto com as ações privadas para mostrar que o Brasil não quer nada para ele, o Brasil quer mostrar que desenvolveu uma atividade rural produtiva, sustentável, eficiente, competitiva e que pode ser replicada em todo cinturão tropical do planeta: América Latina, África Subsaariana, perto da Ásia também que tem terra para crescer a produção e a tecnologia ainda é muito baixa. O Brasil tem de mostrar que tem um processo em andamento e que pode ser replicado no mundo tropical”.
Perguntei então ao Roberto Rodrigues, por ser brasileiro, e em minha opinião ter uma visão planetária quando falamos em um mundo do alimento, da energia, do cooperativismo, se a COP-30 pode servir para melhorar a imagem do Brasil no mundo e o que é preciso ser feito e ele me disse:
“Eu tenho esperança que sim, que aconteça, até porque como você sabe melhor do que eu, o embaixador Corrêa do Lago é um craque negociador e ele vai presidir a COP-30, então é o Brasil pela primeira vez presidindo uma COP no Brasil. Agora haverá algum problema adicional que não havia antes, por exemplo, a posição do presidente Trump nos Estados Unidos que saiu da OMC, saiu do acordo de Paris, isso pode dar uma enfraquecida no projeto geral, o que pode ser ruim para a COP, mas bom para o Brasil que abre um espaço maior para nós mostrarmos a nossa competência, efetividade e, sobretudo, sustentabilidade produtiva. Então pode ser que a COP nos ofereça uma oportunidade maior do que tivemos até hoje de mostrar o Brasil de verdade e com isso conquistar um espaço global do tamanho que nós merecemos”.
Boa sorte e sucesso!
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.