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José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - “Descarbonização, alimentos e biocombustíveis, o futuro do país”, José Eduardo Luzzi

Publicado em 20/06/2025

Divulgação
Tejon e José Eduardo Luzzi, presidente do conselho da MBCB

Um evento muito importante acontecendo nesta semana em São Paulo: Brasil em Movimento. Esse é um evento do MBCB – Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil. Eu estou com o José Eduardo Luzzi, presidente do conselho dessa entidade, e o evento tem uma importância muito grande que é o agronegócio cada vez mais vai ser avaliado não apenas dentro da porteira pela agricultura. Na agricultura o Brasil tropical é campeão no mundo, e muito importante o que acontece antes e depois e aí entra o transporte e a logística.

Então perguntei ao Luzzi qual a importância desse movimento para a percepção e a competitividade do agro brasileiro e o que podemos fazer em toda essa organização do Brasil em movimento? E ele me respondeu:

“Muito feliz em organizarmos esse evento hoje onde nós trouxemos os principais especialistas em descarbonização da mobilidade no Brasil e trouxemos uma apresentação extraordinária que desmistifica a questão food and fuel. No Brasil há uma harmonia entre a produção de biocombustíveis e a de alimentos. Os dois setores vão crescer, e muito, no futuro sem que haja uma competição entre eles. Nós hoje tratamos do transporte, da mobilidade, da descarbonização do transporte, e quando pensamos no agro como um todo é inevitável levarmos em consideração também o inbound e o outbound, ou seja, aquela mercadoria que chega dentro das fazendas e aquilo que é escoado para fora das fazendas e que hoje no Brasil o transporte é majoritariamente rodoviário, por caminhões, e nós estamos falando de diesel. O Brasil tem excelentes alternativas de substituição do diesel com uma performance equivalente a de um motor diesel, e que chega a descarbonizar mais de 90%. Eu me refiro ao biodiesel, às novas gerações de biodiesel, que trarão ainda mais qualidade e segurança para utilização e eu me refiro ao biometano. O Brasil tem um potencial incrível de utilização do biometano. Hoje nós exploramos menos de 3% do potencial de produção do biometano, onde boa parte desse biometano virá do agronegócio, seja através do setor sucroalcooleiro, do aproveitamento da vinhaça, seja através do aproveitamento do resíduo do agro como um todo, e por que não falar dos dejetos da indústria da proteína. Então o que nós temos que fazer é levar adiante as iniciativas existentes, por exemplo, o combustível do futuro, trabalhar na regulamentação e, principalmente, na implementação. Investimentos públicos e privados, amparados por regulamentação específica, por segurança jurídica para que o Brasil tenha condições de produzir suficiente bioenergia para atender a demanda do futuro”.

Então perguntei ao Luzzi se o consumidor da cidade de São Paulo, uma cidade gigantesca, qual a importância do etanol, do biodiesel, da bioeletrificação, se realmente podemos contar com isso? E ele disse: “Com certeza, nós temos um estudo que mostra que a frota circulante no país que hoje é de 48 milhões de veículos no total, e em 2040 estará na casa de 67 milhões de veículos dos quais nós teremos cerca de 32% eletrificados, quando eu digo eletrificados eu me refiro ao elétrico puro e ao híbrido, a maior participação será dos híbridos, elétricos biocombustível, elétrico etanol e para os pesados a principal rota tecnológica é biometano e o aumento do percentual de biodiesel no diesel. Isso vai, realmente, provocar uma descarbonização importante da mobilidade, atendendo os anseios de toda a população. Mas eu também gostaria de tocar em um tema importante que é a descarbonização da frota circulante atual. E para isso nós temos de aumentar a conscientização dos usuários de veículos flex que hoje ainda, em sua grande maioria, ainda abastecem com gasolina, a abastecerem o seu veículo com etanol e incentivarmos o aumento do percentual de etanol anidro na gasolina e do biodiesel no diesel, além de um programa de renovação de frota perene, tirando esses veículos antigos e colocando novas tecnologia no mercado”.

Muito obrigado José Eduardo Luzzi, sem dúvida alguma temos um potencial de desenvolvimento do agronegócio, a partir de todas essas matrizes, e também da importância de descarbonização do próprio transporte do agronegócio para a competição mundial.

“Importante também, Tejon, citar os aspectos socioeconômicos. Já está mais do que comprovado e hoje foi apresentado aqui em nosso seminário que a produção de biocombustíveis aumenta a renda no campo. Gera emprego qualificado, com uma renda superior e tudo isso se reverte em benefício da sociedade, da população brasileira”.

Sim, e muito importante desmistificar a ideia de que alimento e energia são competidores, não são. É “e” alimento e “e” energia.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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