CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Diminuir a possibilidade dos fatores incontroláveis decidirem o destino do agro é vital: 7 regras de ouro. E a paz precisa ser arrebatadora.

Publicado em 15/05/2023

Divulgação
Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura

Roberto Rodrigues traçou uma linha inteligente no seu artigo “Nuvens escuras ou pedras cortantes” (Estadão, 14/5, - Pág. B5) revelando que se permitirmos os fatores incontroláveis assumirem os destinos do agro as boas intenções podem se transformar em frustrações. Precisamos de um plano safra com apoio à agricultura de baixo carbono, fundamental para a transição da economia tradicional para a verde. Bioinsumos e agricultura regenerativa a nova linha do futuro.

Juros, representam a preocupação geral nacional da agropecuária.  Nas últimas semanas os preços agrícolas caíram, mas os custos agrícolas seguem altos. Isto adicionado a incerteza do clima oferecem um horizonte nebuloso onde a incerteza e os fatores incontroláveis podem interferir de maneira negativa. E com o agro não se jogam dados. 

Construção de armazéns significa outro ponto essencial do próximo plano safra, crescemos a tonelagem, mas sem armazenagem, prejuízo para o produtor que exerce pressão de venda e os preços da sua mercadoria caem. O seguro rural necessitará recursos para subvenção aos prêmios pelo menos três vezes maior.

E no cenário mundial as pressões para rastreabilidade total, segurança de originação como aprovadas pela União Europeia, acarretarão exigências de investimentos e infraestrutura incluindo telecomunicações e digitalização da base dos fertilizantes até a gôndola dos supermercados, conta essa que não pode ser colocada no colo dos produtores rurais, pois estudos revelam que dos impactos totais ambientais, o dentro da porteira das fazendas não soma mais do que 20%. 80% estão no antes e pós-porteira das propriedades agrícolas.

Então:

1 – Plano Safra com apoio ABC

2 – Incerteza climática exigindo forte subvenção aos prêmios do seguro rural.

3 – Taxa de juros, se elevadas inviabilizarão inovações consequências na produtividade e riscos financeiros.

4 – Armazenagem fundamental para viabilizar crescimento das safras sem pressão de vendas.

5 – Cooperativismo regra de ouro para pequenas propriedades e êxito de assentamentos legais.

6 – Lei europeia sobre rastreabilidade e segurança ambiental da originação trará pressão de investimentos.

7 – Paz nos campos brasileiros.

E como o ex-ministro Roberto Rodrigues sempre menciona que alimento é paz, precisamos dentro do campo pacificar tensões e acalmar os nervos, pois a atividade do agronegócio consciente está acima de guerras entre segmentos e vitimizações destes versus aqueles.

Terminou a feira da agricultura familiar dos assentamentos, a 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, no Parque da Água Branca, em São Paulo, de 11 a 14 de maio, com recorde de público e expositores. E a culinária da terra, “terroir” como se diz na França, foi um ponto de destaque: do Nordeste o sarapatel, moqueca e bobó de camarão, panelada baião de dois com carne de caju e tapioca Ginga. Do Centro-Oeste Aventreche de pacu, arroz com pequi, frango com gueroba e galinhada. Do Sudeste porco no tacho, lombo com jaca, feijoada, feijão tropeiro e moqueca capixaba. Da amazônica Arroz de Cuxá com camarão, galinha caipira no leite de coco de babaçu, Maniçoba, pato no tucupi, chambari, Damorida, e Tambaqui ao leite da castanha. Cada vez mais sabor, saúde e experiências gastronômicas únicas farão sucesso no negócio dos alimentos mundiais.

Gostei da culinária e dos produtos.  No país temos 88 milhões de há com cerca de 1 milhão de famílias em 9 mil assentamentos tendo como fonte a 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse em reunião na Comissão da Agricultura, Pecuária e Abastecimento da Câmara dos Deputados: “o Brasil precisa superar as tensões existentes e que fará um plano de reforma agrária com assistência técnica, cooperativismo e agroindustrializacao”, e convocou a Embrapa e as universidades para trazerem ciência para todos.

Precisamos de pacificação e de diálogo entre os diferentes, como o prof. Ray Goldberg nos educa na sabedoria dos 95 anos lá de Harvard, o criador do conceito de agribusiness nos anos 50: “food citizenship in a Era of distrust” (editora Oxford), a cidadania do alimento numa era de desconfianças. Segundo ele exige colocar os diferentes juntos para dialogar.

Paz para todos, dentro da lei, trará prosperidade para todos. E a paz precisa ser arrebatadora.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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