CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Eu quero R$ 5,7 bi para promoção do agro do Brasil no mundo

Publicado em 19/07/2021

TCA Internacional
O agronegócio movimenta, só na agropecuária, mais de R$ 1 trilhão.

Será que o presidente da República irá vetar a verba solicitada pelo congresso na semana passada, com aprovação da lei de diretrizes orçamentárias, de R$ 5,7 bilhões para propaganda eleitoral dos partidos políticos? Estudos realizados mostram que o Brasil é o país que mais gasta com partidos (Estadão, 18/07/2021 – Págin A6).

Em contrapartida para o megasetor do agronegócio com um faturamento só da agropecuária de mais de R$ 1 trilhão, e com uma receita de exportações hoje na casa de US$ 120 bilhões, e com o complexo do agribusiness somando 26,6% do PIB, temos exatamente na imagem e comunicação o nosso maior desafio internacional segundo os funcionários brasileiros no exterior, no Itamarati, na Apex, no Ministério da Agricultura. E não contamos com uma verba de propaganda que nos permita aumentar o valor percebido da produção brasileira, além de enfrentar inteligentemente e de forma perene os competidores e detratores.

Logo, se a sociedade pode gastar com a propaganda política, precisamos de uma verba equivalente para apoiar o agronegócio e a necessidade de dobrarmos de tamanho em 10 anos.

Por isso, eu quero esses R$ 5,7 bilhões para dizer ao mundo 7 maravilhas legítimas e reais do Brasil:

1 - Mais de 1 milhão de famílias agrícolas em cooperativas brasileiras produzem com sustentabilidade e dignidade humana 54% de toda originação de alimentos no país.

2 - Quero dizer que temos o 5º maior banco genético do mundo, responsável pela segurança alimentar da terra no Cenargen - Recursos Genéticos e Biotecnologia da Embrapa em Brasília.

3 - Quero dizer ao mundo que onde existe um produto agrícola brasileiro ali tem árvore protegida, com o Código Florestal, a nossa lei, e que o Brasil é o único país do mundo que tem nome de árvore.

4 - Quero dizer ao mundo que somos segurança alimentar da humanidade pois aprendemos a produzir alimentos em terras fracas e clima tropical onde doenças, pragas e adversidades imperavam, e temos conhecimento e tecnologia para exportar know how para todo cinturão tropical do planeta.

5- Quero dizer ao mundo que temos a melhor carne, laranja, algodão, café, madeira sustentável, grãos, açúcar, o biocombustível, feijão, arroz, frutas, hortaliças, e vamos recuperar as seringueiras, o cacau, e faremos o santo pão de cada dia, o trigo no Cerrado, o azeite, e até no dendê da palma somos premiados. E brindando tudo isso com vinhos e o spirit da cana de açúcar, a cachaça e o pão líquido da cevada nacional, a cerveja.

6 - Quero dizer ao mundo que não somos perfeitos, mas amamos a busca incessante do aperfeiçoamento. Temos o melhor é maior programa de agricultura de baixo carbono do mundo, o Plano ABC mais, com cerca de 50 milhões de hectares de plantio direto e parte disso com integração lavoura, pecuária e floresta.

7 - Mas acima de tudo quero dizer ao mundo que respeitamos e admiramos todos os 600 milhões de produtores rurais do planeta e que aqui no Brasil recebemos todos os imigrantes do mundo, e em cada produto originado do Brasil segue junto e embarcado algo muito maior do que tecnologias. Segue a presença e a mão de seres humanos, numa mistura de todas os povos com índios e negros. O povo brasileiro.

Enfim, quero os R$ 5,7 bilhões para ser justo e digno com a civilização brasileira, mostrar ao mundo que com muita humildade não somos perfeitos. Mas amamos a ideia de nos aperfeiçoarmos a cada dia. E que, sim, faremos da Amazônia uma bioeconomia, de todos os biomas uma cidadania e faremos do Brasil um país ESG. Meio ambiente, responsabilidade social e governança.

E vamos dobrar o agro de tamanho para o bem do Brasil e de toda a civilização. E paz, como ensina o ex-ministro Roberto Rodrigues e nos inspira Alysson Paolinelli, o Nobel da Paz.

Você acha que tudo isso é só sonho? Vamos sonhar juntos que os R$ 5,7 bi sejam usados para desenhar mentalmente esse sonho nos brasileiros e em todos os estrangeiros.

Brasil é, sim, um paraíso restaurável como escreve Jorge Caldeira. A boa propaganda do bem seria um justo começo.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Acompanhamos a insegurança da produção de commodities que assola o planeta em função da guerra de dois países de elevada importância na produção de grãos, como milho, soja, cevada, trigo, essenciais na base da pirâmide alimentar, além de energia. 
Entre listas de comerciantes, indústrias, prestadores de serviços discriminados se não declararem apoio a Bolsonaro, e até ideias de colocar estrelas do PT em estabelecimentos que votaram em Lula, imitando as estrelas de David dos judeus na Alemanha nazista dos anos 1930, estamos vivendo uma hipnose de discriminações onde o medo sobre o novo governo eleito é fantasmagórico por boa parte da agropecuária. Medo de invasões estimuladas, perda do direito de propriedade e total insegurança jurídica e confiscos e taxações, parece o filme Armagedom, Apocalipse.
“Não resolveremos o crescimento acelerado do país sem a indústria de transformação, ela precisa ser tech, pop, a indústria é tudo”, disse Josué Gomes da Silva, presidente da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp).
João Dornellas, presidente executivo da Abia, comenta impactos da guerra na indústria de alimentos e bebidas e registra a importância de termos uma agropecuária e uma indústria fortes para superação das crises e crescimento do PIB do país. Posso dizer que uma sem a outra revela fragilidades e lacunas estratégicas numa cadeia de valor.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite