CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Se ausentar das negociações da transição agroalimentar na Europa seria como W.O. no futebol: já perdeu!

Publicado em 23/01/2023

Divulgação
Marcello Brito, coordenador do Centro Agroambiental da Fundação Dom Cabral

Ouvi Marcello Brito, ex-presidente da Abag, executivo que dirigiu uma das companhias mais bem sucedidas no mundo na área da palma dentro do bioma Amazônico, empreendedor numa linha de chocolates da Amazônia, a DeMendes, e que agora exerce o cargo de coordenador do Centro Agroambiental da FDC – Fundação Dom Cabral.

Marcello está na Alemanha onde participa da Semana Verde Internacional e do Fórum Global de Alimentação e Agricultura. Faz um alerta importantíssimo para o Brasil, onde “a ausência de participação do Brasil das mesas de negociações da transição agrícola significaria um estrago considerável para todas as cadeias do agronegócio do país, com preços elevadíssimos a serem pagos”.

Eu comparo com uma das regras do futebol quando um time não aparece para o jogo, o W.O. seria “walkover”, vitória fácil ou without opponent  sem oponente. Marcello recomenda uma presença ativa e protagonista brasileira, reunindo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Meio Ambiente e Relações Exteriores.

Também neste final de semana estive com empresários europeus que enxergam no Brasil um gigantesco potencial para investimentos nessa agricultura carbono zero e de transformação do metano em energia, onde por exemplo as algas e a tecnologia a partir das algas marinhas utilizadas nos solos e animais nos permitiria até um posicionamento mundial da Amazônia como uma Blue Amazon, Amazônia azul.

Mas vamos ouvir de forma muito realista a opinião de Marcello Brito direto da Alemanha:

“Falo de Berlim, onde se encerra hoje a Semana Verde Internacional e concomitantemente o Fórum Global de Alimentação e Agricultura. Foram debates muito importantes sobre o processo de transição agrícola no mundo. Muita coisa nova e muita pressão sobre o nosso Brasil, sem dúvida alguma. Como eu vim a convite do governo da Alemanha, eu participei de reuniões relevantes com players aqui como o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, Ministério da Agricultura, representantes da OCDE, da União Europeia e vários outros. Nós estamos vendo agora o estrago de você se ausentar da mesa de negociação como o Brasil fez nos últimos quatro anos. Nós estamos chegando aí na boca das determinações sobre os países em relação ao green bean europeu e o Brasil precisa agir urgentemente. Precisamos aí de uma comissão tripartite do MAPA, do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério das Relações Exteriores para rapidamente sentar à mesa de negociação novamente com a Alemanha, França e Holanda e precisamos pelo menos tentar que o Brasil não seja classificado com alto risco de desmatamento, porque se isso ocorrer vai trazer muitos problemas para todas as cadeias de produção brasileira em relação ao mercado europeu, não interessa onde você está. Essa é a primeira grande iniciativa global contra o desmatamento e será replicada em outros países, mas ela não foi ainda precificada e nós precisamos fazer isso com muita urgência, mas com muita tranquilidade e muita inteligência aí no Brasil.”

Ouça o podcast abaixo.

José Luiz Tejon para Eldorado/Estadão

Também pode interessar

Estou hoje (9) em Piracicaba, em uma das melhores escolas de ciências agrárias do mundo, a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), e aqui com uma inovação gigantesca e em 122 anos de história dessa universidade pela 1ª vez uma mulher na diretoria, Dra. Thais Vieira. Perguntei a ela como é o desafio de ser a primeira mulher na direção da Esalq.
Brasil Agribusiness será um “hub” integrando e conectando todo agronegócio do país na cidade de São Paulo no mês de junho do ano que vem, no São Paulo Expo Imigrantes. Todas as cadeias produtivas com os elos do antes, dentro e pós-porteira das fazendas estarão apresentando ao mundo as realidades e os potenciais desse macro setor do complexo do agribusiness que impacta diretamente 30% da economia do país e 100% da população brasileira.
Estamos com condições climáticas adversas no país. Eu mesmo voltando de Santos onde só chove nestes últimos dias. Então muita chuva de um lado e falta d’água do outro.Mas o grave problema para a economia e toda sociedade brasileira está na diminuição das safras em função do clima adverso.
© 2024 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite