Eldorado/Estadão - Ex-ministro Joaquim Levy diz: “ciclo do baixo carbono pode ser tão bom quanto ciclos do ouro e do café”
Publicado em 01/11/2021
DivulgaçãoCop-26 em Glasgow já começou e o Brasil tem uma forte representação da sociedade civil organizada. Associações, coalizões, concertação da Amazônia, consórcio de governadores, sociedade civil organizada com diversos atores, profissionais, empresários, cientistas, agricultores, filantrópicas, ongs.
Conversei com a TNC, The Nature Conservancy, uma ong que atua em mais de 70 países com foco na natureza e no clima. Karen Oliveira, gerente de política pública e relações governamentais representa a TNC Brasil, e também Leonardo Lacerda diretor geral do clima, e sua ênfase está nos seguintes pontos:
1 - Acabar com o desmatamento;
2 - Estratégias de transição para a economia de baixo carbono e, sobre isso, curiosidade, foi lançada a primeira escola do mundo na França, em Nantes na Audencia sobre transição ecológica para a nova sociedade;
3 - Ajustes de fluxos financeiros ao longo das cadeias bioeconômicas. Um “fair trade” nesse novo complexo agroambiental;
4 - Investimentos baseados na natureza - Nature Based Investments.
E qual a ligação de tudo isso com a frase do ex-ministro *Joaquim Levy ontem para o Estadão (31), na página A19? TNC me enviou um estudo feito para Natura e o BID, mostrando em 2019 que no Pará foram adicionados ao PIB do estado cerca de R$ 5,4 bilhões e que poderá ser agregado mais R$ 170 bilhões até 2040 com iniciativas da sociobiodiversidade.
Precisamos contabilizar esses números invisíveis e mostrar o que Joaquim Levy ex-ministro salientou: “um novo ciclo do café e do ouro”, só que este com muito mais capilaridade de distribuição de renda para toda a sociedade. Como observado no projeto Cacau da Floresta , ou na Coopercuc, Cooperativa Familiar de Canudos da Caatinga através dos frutos do sertão.
Outro trabalho que estará em Glasgow envolve a biometanização da mobilidade urbana e rural com biogás nas fazendas e nos aterros urbanos cujo documento diz: “promessas que ainda não foram distribuídas” pela Weber Ambiental mostrando o gigantesco potencial e transformação deste ciclo do carbono e biometano traduzidos em riquezas que estão invisíveis e que serão reveladas doravante.
O ministro Joaquim Leite do Meio Ambiente vai mostrar o Programa de Crescimento Verde. E com ele seguiram pesquisadores e técnicos do Ministério da Agricultura, outros ministérios e da Embrapa, que irão apresentar a agricultura de baixo carbono, ilpf, Pronasolos, Águas do Agro e o Fertbrasil, uma caravana da Embrapa para nutrição inteligente de solos e plantas. 18 milhões de hectares de pastos degradados no Cerrado podem ser regenerados para carbono neutro e riquezas de alimentos e bioenergia.
Enfim se reunirmos o melhor do país, da sociedade civil organizada com o melhor dos técnicos do governo temos aí uma seleção para uma orquestra que toque na mesma partitura e no mesmo tom. Caso contrário ao invés de sinfonia pode ter cacofonia. Maestros uni-vos!
Mas estou esperançoso, a sociedade civil organizada se organizou, e como dizia Ariano Suassuna, paraibano como Zé Nêumanne e Roberta Miranda, “o otimista é um tolo, o pessimista um chato, sou um realista esperançoso”.
Podemos, sim, dobrar o PIB do país até 2031. Agora mais ainda com a era do carbono e do clima. E isso só faz bem, para a saúde e para todos os negócios, afinal agronegócio sem negócios fica só “agruras”. Agora vem com responsabilidade social e ambiental, é para todos. Prosperidade como me ensinou Márcio Lopes, presidente da OCB - Organização das Cooperativas do Brasil, é a liderança da prosperidade. E o que é prosperidade? Governança da esperança. Governança, a única via disruptiva para o futuro do Brasil. Agrocidadania, o novo nome da nova era. Já começou.
(*Joaquim Levy recentemente desenvolveu estudos e pesquisas na Universidade de Stanford, USA, sobre tecnologias sustentáveis e economia de transição para emissões líquidas zero de carbono).
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.