Eldorado/Estadão - Senti falta da nossa legítima revolução: agrotropical e cooperativismo
Publicado em 22/09/2023
DivulgaçãoPresidente Lula foi aplaudido sete vezes no discurso da ONU. Seria oito vezes se apresentasse a revolução agrotropical brasileira para segurança alimentar, energética e ambiental da terra ao lado do modelo cooperativista brasileiro para o mundo.
Sete vezes aplaudido durante seu discurso de abertura das Nações Unidas, podemos considerar como um feito marcante, independente de pontos contra ou a favor dessas manifestações, que o ouvinte possa ter.
O primeiro aplauso quando Lula diz que o Brasil voltou para enfrentar os desafios globais, pontuando fortemente a desigualdade.
O segundo aplauso ao afirmar que o Brasil irá implantar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
A terceira ovação ao afirmar a lei de salários iguais para homens e mulheres.
O quarto aplauso ao anunciar o Plano pela Amazônia, mencionando a diminuição de 48% do desmatamento em oito meses.
Pela quinta vez mais aplausos ao associar a extrema direita frustrada optando por protecionismos e um nacionalismo primitivo fracassado, e enaltecendo a democracia.
Sexto aplauso ao propagar o jornalismo livre.
E a sétima manifestação aplaudida durante seu discurso foi a menção contrária aos embargos como o de Cuba.
Lula enfatizou a matriz energética brasileira como exemplar e por diversas vezes cita e registra o combate à fome como um marco da sua visão dando a uma palavra a síntese do que considera o mal maior: desigualdade.
Então, sem entrar aqui nos julgamentos para os momentos dos sete aplausos espontâneos dos presentes, senti falta do que entendo ser o aspecto racional da efetiva contribuição brasileira para o mundo: a nossa revolução agrotropical. A ciência e a tecnologia desenvolvida no país, tendo como marco histórico os 50 anos que a Embrapa comemora agora, e com ela os institutos agronômicos, universidades, empreendedores, imigrantes e migrantes agricultores, cooperativas e trabalhadores.
Aprendemos a produzir alimentos, energia, fibras, onde não havia nada, e temos todo conhecimento e capacitação humana para os programas agrossilvipastoris onde além de preservar florestas e mananciais, iremos plantar mais árvores, proteger fontes d’água, mitigando carbono e metano, e produzindo riquezas.
Também o presidente Lula poderia enfatizar a prosperidade das nossas cooperativas, o melhor modelo para o real combate à desigualdade. Onde no total do faturamento das coops brasileiras somamos em torno de R$ 700 bilhões, devendo atingir R$ 1 trilhão até 2027, o que significa a maior empresa do país e reunirá diretamente 30 milhões de brasileiros.
Desta forma, a oferta brasileira para o mundo, de maneira racional está na distribuição que podemos oferecer a todo cinturão tropical do planeta terra transformando esses solos em férteis geradores de riquezas sustentáveis. Temos a melhor agricultura regenerativa do mundo no ambiente tropical, e podemos e devemos dar acesso a essa fonte de prosperidade para todas as nações ao lado do cooperativismo que, sem dúvida, seria fundamental para países africanos, asiáticos e latino-americanos na implementação dos 17 ODS da ONU.
Senti falta da nossa legítima revolução, a agrotropical. E do cooperativismo. Essa sim é a mais concreta e factível para o combate à fome, desigualdade, energia e meio ambiente com responsabilidade social de todo planeta. E ela se irradia ao longo de todo um sistema de comércio, indústria, serviços, educação, e empregos. Uma agrobiocidadania. A beleza da nossa “brasilidade” como o sociólogo italiano, recém falecido, Domenico de Masi, tanto enaltecia.
Viva o 8º aplauso 👏👏👏👏👏!
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.