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DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - FEBEAPÁ – Festival de besteiras que assola o preço dos alimentos. Este assunto está recheado de falta de estratégias macro setoriais

Publicado em 31/01/2025

Divulgação
Fepeapá, de Stanislaw Ponte Preta.

O escritor, cronista, radialista Sérgio Porto tinha um pseudônimo: Stanislaw Ponte Preta. Falecido em setembro de 1968, seu último livro foi batizado de FEBEAPÁ – Festival de besteiras que assola o país, onde publicou uma série de legítimas “besteiras” que eram proferidas por autoridades da época.

Vendo agora a série de pronunciamentos emitido por autoridades sobre o preço dos alimentos não poderíamos deixar de conectar aquele FEBEAPÁ, do Stanislaw ao FEBEAPÁ atual, onde as mesmas iniciais por gigantesca coincidência se servem. Festival de besteiras que assola o preço dos alimentos.

O editorial do Estadão de quinta-feira (dia 30) tem como título: “Bastava fazer o feijão com arroz”. E nesse editorial aponta o festival de besteiras que têm sido proferidas como se essas besteiras pudessem tratar de um assunto de gigantesca complexidade resolvido por alguma “sacada tirada da cartola”.  Já tratamos aqui no Agroconsciente dos aspectos dos preços internacionais hoje estarem determinando uma tabela de preços mundiais para as commodities trabalhadas nas bolsas.

Da mesma forma os impactos climáticos, onde o Brasil passou por 4 anos de sérias instabilidades, os regimes de secas e chuvas. Ainda temos os ciclos naturais de oferta e demanda, no caso das carnes desde os setores de cria, recria, engorda e abate da pecuária de corte, como também do alojamento de matrizes na avicultura de corte, poedeiras e suinocultura.

E muito além e adiante, e antes do dentro das porteiras e granjas onde são originadas as matérias primas alimentares e energéticas, existe no acumulado do complexo do sistema de agronegócio, na soma total dos seus fatores uma soma de aproximadamente 70% envolvendo a indústria, o comércio, e os serviços, totalmente urbanos, ficando com a agropecuária até menos de 30% desse montante total, que dependendo do dólar, e dos fatores possíveis de serem contabilizados nos dá números variando de 25% a 30% do PIB, como o CEPEA da Esalq o faz e demonstra.

Ou seja, a agropecuária é o elo do agronegócio que faz a originação, porém é onde fica a menor parte do dinheiro.

Compreender o funcionamento dos mercados exigiria no caso dos alimentos uma desoneração radical nos 24,4% dos impostos que a indústria de alimentos paga, sendo a 2ª maior do mundo, e múltiplas estratégias com planejamento desde o A do abacate ao Z do zebu, envolvendo metas de produção a serem atingidas com suas estruturas de comercialização, distribuição, armazenagem, logística, agroindustrialização, bem como consciência nutricional e antidesperdício da população.

A curto prazo, o que fazer? Reunir desde quem origina até quem faz chegar os alimentos ao consumidor para visualizar ações eficazes. O presidente Lula na sua entrevista ontem terminou dizendo isso acima 👆, pelo menos. E fica claro e cristalino a importância do plano estratégico de alimentos, energético, ambiental e social, incluindo as cadeias produtivas inteiras. O que sem dúvida nos trará desenvolvimento e crescimento do PIB, com impactos positivos no aumento da oferta e do consumo com melhor renda per capita do país.

Fora disso, Stanislaw Ponte Preta está rindo lá do céu e ficamos agora com seu novo FEBEAPA, festival de besteiras que assola o preço dos alimentos.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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