CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Fogo nos canaviais e reservas florestais com riscos sanitários, a fragilidade revelada exige estratégia planejada

Publicado em 13/09/2021

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Queimadas

Dois grandes líderes, Maurilio Biagi e Roberto Rodrigues, nos inspiram nesta hora. Conversei com Maurílio Biagi Filho, do Grupo Biagi, um líder avançado e moderno do agronegócio consciente, membro do Cosag, para saber o que estava acontecendo na região de Ribeirão Preto semana passada. Ele me disse que os dados do Sindicato de Ribeirão Preto informam serem 80% das causas dos incêndios ou por imprudência/ignorância, ou propositais. Desde centelhas de cigarros, onde os fortes ventos e a seca inflamam áreas enormes, até outros motivos criminosos.

Maurílio me contou também que a fazenda Jataí, maior reserva florestal do estado já perdeu 4 a 5 mil hectares pelo fogo e que muitas fazendas correm riscos nas suas reservas florestais. Ele ainda calcula que perderemos cerca de 100 milhões de toneladas de cana de açúcar pelos problemas climáticos, sem considerar norte e nordeste.

Recebi uma nota das usinas Cevada e Batatais, que foram impactadas pelos incêndios, onde informam que os parques industriais foram preservados e não havia registro de vítimas. Em compensação a tudo isso, uma boa notícia, a Única - União da Indústria Canavieira informa que o aumento da geração de bioeletricidade das usinas do setor cresceu este ano o equivalente a 16% de toda geração de Itaipu em 2020 e atendendo mais de 6 milhões de residências, com redução da emissão de quase 3,5 milhões de toneladas de CO2. E também a geração de Biogás nas usinas com biometano e a biometanização dos motores do transporte nas usinas, já tendo início.

O ex-mininistro Roberto Rodrigues, coordenador da GV-Agro, embaixador do cooperativismo na FAO escreveu no Estadão de 12/9 um significativo alerta para a importância de um plano estratégico de diversificação de produtos e de mercados para o Brasil, num cenário de riscos climáticos e mesmo doenças, como as duas vacas loucas de Mato Grosso e Minas Gerais, felizmente atípicas, mas imagine se não fossem? O que ocorreria com os clientes das nossas exportações e conosco, os exportadores? Roberto Rodrigues pede diversificação e uma inteligência estratégica do agro incluindo o tema ESG.

O bom senso nos obriga cada vez mais a considerar estratégias para mudanças climáticas, campanhas educativas sobre incêndios e queimadas, e fazer de cada cidadão um agente responsável pela sustentabilidade, além do tão fundamental planejamento estratégico do agro nacional. E sobre os crimes, polícia, lei e justiça em muito maior velocidade.

Precisamos parar de consumir tempo em discussões de briga de rua e cuidar do Brasil como merecemos. Tem muitos brasileiros que sabem os caminhos, um conselho de sábios muito acima de política partidária e conscientes da evolução humana na terra precisa assumir a liderança da nação.

José Luiz Tejon para Eldorado/Estadão.

 

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No editorial do Estadão de 12/10, aliás dia do engenheiro agrônomo, nossos parabéns a essa fundamental categoria; o título fala da “prudência do agronegócio”, onde nem o lulopetismo e o bolsonarismo interessam, pois não se comportam com uma visão estratégica de longo prazo e terminam afogados nos compromissos partidários e ideológicos.
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