Eldorado/Estadão - Fome no Afeganistão é considerada a pior dos últimos 40 anos
Publicado em 23/02/2022
TCABonjour, bom dia ouvintes, Carol, Haisem.
Aqui da França, além da ameaça da guerra Rússia-Ucrânia que tomou conta do noticiário deixando Covid longe das pautas, se criou um grande impacto humanitário a gravíssima crise no Afeganistão onde a fome é considerada a pior dos últimos 40 anos em razão de conflitos incessantes na região.
Comentamos meses atrás aqui no Agroconsciente, a partir de uma brilhante observação do jornalista Lourival Sant’Anna do Estadão, que foi a incompetência da Inglaterra, responsável pelo desenvolvimento do agronegócio afegão, a causa principal do fracasso da intervenção americana e dos aliados naquele país, onde 70% da população é rural, em minifúndios, e produtores de ópio, não de alimentos e de outros produtos que os permitisse acessar mercados, tecnologias e cooperativismo.
Catástrofe humanitária é a manchete dos jornais, apontando para milhões de afegãos que estarão mortos de frio e de fome em meio à crise Rússia-Ucrânia, Covid e calendários eleitorais. Temperaturas de menos 8 graus centígrados, em uma surpreendente mudança climática. Crianças morrendo de desnutrição no Hospital Indira Ganhi de Kabul. Os dados são impressionantes da ONU, com 23 milhões de afegãos podendo morrer e 9 milhões de fome, incluindo 1 milhão de crianças de menos de 5 anos.
Estou reunido com 40 jovens do mundo todo, aqui na Audencia Business School, em Nantes, parceria com a Fecap, discutindo exatamente o papel do agronegócio consciente no combate à miséria, pobreza e situações humanitárias de fome como esta revelada no Afeganistão, aqui na França.
E nas conclusões dos meus jovens alunos, de África, Índia, Ásia, Europa, Américas, Oriente Médio, a conclusão é a mesma do ex-ministro da agricultura do Brasil, Roberto Rodrigues: “onde não tem alimento, tem a guerra, jamais faremos a paz”.
A observação do jornalista Lourival Sant’Anna, meses atrás sobre a questão afegã e a saída dos Estados Unidos do país com retorno do talibã, faz todo sentido.
Não só não se estabeleceu um sistema tecnológico e cooperativista para a dignidade de vida de 70% da população rural, como a falência total do desenvolvimento da atividade agrícola resulta numa crise sem precedentes, uma catástrofe humanitária onde não existe comida para o campo e a cidade.
E quando isso acontece, sem dúvida, a causa é a falência de uma elite de uma péssima liderança. Falta de comida em um mundo onde sabemos produzir de tudo, e onde 30% dos alimentos vão para o lixo desperdiçados, se explica, mas não se justifica.
Que a juventude do planeta, com educação, traga a solução. São 570 milhões de agricultores no mundo precisando urgentemente participar do mercado e serem incluídos na ciência, e produzir alimento para todos em todas as partes do planeta.
Direto da França, au revoir Eldorado, Brasil!
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.