CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - “Governo: não faça ajuste fiscal em cima do seguro rural”, conclui Ivan Wedekin.

Publicado em 22/12/2023

Divulgação
Ivan Wedekin, ex-secretário de Política Agrícola

Existe o seguro rural, mas o que não obtivemos foi a suplementação que foi pedida pelo Ministério da Agricultura na casa de R$ 2 bilhões e com R$ 1 bilhão é pouco, é insuficiente para uma atividade que todos compreendem bem, a céu aberto, problemas de pragas, de doenças, ou seja, uma atividade que precisa de seguro rural. Então o seguro rural é a segurança do agricultor com relação aos fatores incontroláveis e não ocorreu a aprovação necessária para a suplementação que o Ministério da Agricultura tinha pedido, que de R$ 2 bilhões, ficou em R$ 1 bilhão e eu pedi ao Ivan Wekedin, que foi secretário de Política Agrícola há 20 anos, no ministério com Roberto Rodrigues, onde eles iniciaram esse programa e eu pedi que ele comentasse exatamente os impactos disso com relação ao agronegócio brasileiro.

“A agricultura não é uma ilha, mas ela é cercada de riscos por todos os lados. O maior risco é o risco de produção. Os problemas de clima, pragas e doenças e pra isso é que em 2003 o Congresso Nacional aprovou uma lei que autoriza o Tesouro Nacional a pagar um pedaço do prêmio, ou seja, do gasto do agricultor na contratação de um seguro rural. Esse programa foi crescendo de modo importante, mas ele empacou nos últimos anos porque o governo tem tido uma miopia, porque seria cada vez mais importante alavancar o seguro rural que é como se fosse uma criança, é uma indústria nascente e é preciso que o governo coloque pelo menos R$ 3 bilhões por ano e nesse último ano o governo está colocando R$ 1 bilhão e cem no ano passado, a mesma coisa esse ano e agora não se conseguiu no Congresso Nacional, a nível do governo, autorização para um adicional de R$ 500 milhões no seguro, que nós estamos tendo quebra de safra e problemas climáticos importantes esse ano. Então essa miopia é muito prejudicial ao crescimento da agricultura. Por exemplo, há 20 anos, mais o menos, o governo criou a Lei dos Títulos do Agronegócio, o Tesouro Nacional deixa de cobrar o imposto, a Receita Federal não cobra o imposto desses títulos, da LCAs, dos CRAS, favorecendo a sua expansão. Hoje tem mais de R$ 600 bilhões nesses novos títulos que estão ajudando a financiar a agricultura e o tamanho do mercado de seguro é de R$ 6 bilhões apenas, ou seja, 1% dos títulos do agronegócio. Isso mostra que o governo tem de alavancar. Se ele coloca um pouco mais de orçamento e recursos para isso o mercado vai crescer, o risco da agricultura vai diminuir e, portanto, as oscilações dos preços dos alimentos para os consumidores também vai cair. Então o governo não pode fazer ajuste fiscal em cima do seguro rural”.

Pois bem, R$ 3 bilhões é o que é necessário, o ministério pediu R$ 2 bilhões e foi aprovado apenas R$ 1 bilhão e cem R$ 1 bilhão e trezentos aproximadamente. Isso quer dizer que enquanto nós temos R$ 5 bilhões para o Fundo Partidário, o mais importante para dar segurança à economia brasileira, que é o seguro agrícola ficou aí como disse o Ivan Wekedin, uma miopia. Não pode ser desse jeito. Pois é, Fundo Partidário robusto e suplementação para o seguro rural não. Isso está errado!

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Conversei com Hélio Mattar, presidente da Ong Akatu, em uma apresentação excelente sobre governança da sustentabilidade, onde falamos sobre a importância de realizarmos para o agronegócio uma governança da governança.
Um Comitê Interministerial foi criado para elaborar diretrizes, ações e metas do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD). São 40 milhões de hectares de áreas já abertas com baixíssima produtividade identificada pelos sistemas de inteligência do Ministério da Agricultura e da Embrapa.
Nesta quinta-feira (26), na plenária do 8º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), em São Paulo, apresentei as 12 conclusões da Pesquisa de Percepção do Agro Brasileiro na Europa: Alemanha, França, Reino Unido, e República Checa, juntamente com a diretora de Operações da Serasa Experian, Daniela Aveiro; o Head Associate da OnStrategy, José Antonio Silva; a diretora-executiva da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Gislaine Balbinot e a diretora-executiva da Eksim-Co (ex-USDA), Fabiana Fonseca.
Entre listas de comerciantes, indústrias, prestadores de serviços discriminados se não declararem apoio a Bolsonaro, e até ideias de colocar estrelas do PT em estabelecimentos que votaram em Lula, imitando as estrelas de David dos judeus na Alemanha nazista dos anos 1930, estamos vivendo uma hipnose de discriminações onde o medo sobre o novo governo eleito é fantasmagórico por boa parte da agropecuária. Medo de invasões estimuladas, perda do direito de propriedade e total insegurança jurídica e confiscos e taxações, parece o filme Armagedom, Apocalipse.
© 2024 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite