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DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Izabella Teixeira tem visão de estadista e pede o Brasil no futuro já!

Publicado em 28/07/2023

Divulgação
Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente

Entrevistei a bióloga Izabella Teixeira, que comandou o Ministério do Meio Ambiente de 2010 a 2016, e ela traz uma visão de reunir as partes do sistema alimentar energético e ambiental com muito mais protagonismo, ousadia, onde o Brasil deve pautar o mundo e não ser pautado pelo mundo! Uma visão de estado!

Ela me disse uma frase que me impactou: “O Brasil é o país do futuro, não. O Brasil tem de ser um país que está no futuro”. Então eu questionei a Izabella Texeira de como trazemos o futuro para o presente e a resposta dela foi: “A discussão que acontece hoje no mundo, e que também acontece no Brasil ,é de um mundo diferente, novo, que traz a convergência da era climática com a da inovação e com a biológica, é um novo mundo. Coisas novas que estão vindo e que vão transformar a nossa vida e o nosso jeito de viver e, obviamente, essa discussão não é uma discussão somente modelada por tragédias por conta de eventos extremos, mas, sim, na expectativa de buscarmos novos caminhos na relação com a natureza, construindo desenvolvimento e reduzindo desigualdades no país.  Então o Brasil é um país provedor de soluções. O Brasil é um país com singularidades como a Amazônia, com 8.500 quilômetros de costa com o Oceano Atlântico Sul, mas é um país que precisa ser audacioso em relação à sua ambição de estar vivendo melhor no futuro. Essa coisa de sonharmos é importante, mas temos de construir duramente o hoje, as escolhas de hoje vão modelar o futuro. Então precisamos entender que transição é essa que o mundo está vivendo, como é que o Brasil se coloca como provedor de soluções e como é que o Brasil vai contar novas histórias sobre o futuro. Isso significa entender quais são as soluções da agricultura à questão da inovação, entender como é que nos movimentamos com a sociedade, e como nos movimentamos também com a questão da democracia. A crise da democracia acontece simultaneamente com essa crise global que a estamos vivendo, que se chama crise ambiental planetária. E o Brasil, como provedor de soluções, tem de ser inovador, criativo, ousado, audacioso, disruptivo, e não ficar editando o passado. Está na hora, de fato, de falar sobre o futuro no presente e não a edição do passado no presente”.

Então perguntei para a ministra Izabella Teixeira, se quando falamos de meio ambiente e agricultura as palavras são antagônicas e qual sua visão sobre meio ambiente, agricultura,e aspectos de sustentabilidade, se seriam uma coisa só, e e ela me disse: “A discussão que se coloca agora, na perspectiva contemporânea, é uma discussão de promover desenvolvimento e crescimento econômico de outras maneiras, e de outras tecnologias, etc, tendo a natureza como aliada. Não tem um setor que tenha mais clareza sobre isso que não acontece sem ter a natureza como aliada à agricultura. A agricultura tropical brasileira é uma agricultura campeã do ponto de vista de segurança alimentar e de produção de alimentos, mas foi inventada há 45 anos, 50 anos. Essa decisão estratégica que nos traz até aqui, tem 50 anos. Nós temos que escolher os próximos 30, 40 anos na agricultura, e essa escolha dialoga, exatamente, tendo a natureza como uma grande aliada. Então não é somente deixar o desmatamento para trás. O desmatamento tem de sair porque é crime, é perda, é destruição, é vulnerabilidade hídrica, degradação de solo, exclusão social. Nós temos de ir para uma agricultura que, na realidade, seja uma produtora de alimentos. Nós estamos falando de produção de alimentos, de produção de energia, de uso intensivo de tecnologia, de uso sustentável de recursos naturais, eficiência no uso de recursos naturais, segurança hídrica, no solo. Então temos de parar com o desperdício no Brasil. Quem pode fazer essa transformação é uma aliança de visão que o agricultor brasileiro, principalmente as novas gerações, devem ter isso como um mantra, como uma questão de que é preciso parar de brigar, não existe polarização. Hoje a agricultura no Brasil não quer o desmatamento, não quer o crime e atividade ilegal, muito pelo contrário, quer ser competitiva como já é, mas em uma visão contemporânea. Então é meio ambiente e produção de alimentos juntos, de uma maneira inclusiva, de uma maneira que trabalhe também a segurança energética. O potencial de geração de energia que tem nesse país, a partir da agricultura, é impressionante. Para a descarbonização da economia brasileira é necessário ter a agricultura alinhada com as questões ambientais e vice-versa e parar com essa perda de tempo, que é essa polarização tola, menor e muito aquém do tamanho do Brasil”.

“Perda de tempo, polarização tola, e muito menor que a dimensão do Brasil” , uma lição importantíssima da ministra Izabella Texeira, enfatizando que “O futuro não é resultado mais do presente, é o presente que tem de ser resultado do futuro”.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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