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José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - “Moinhos brasileiros estão preparados para as incertezas”, afirma embaixador Rubens Barbosa, presidente da Abitrigo

Publicado em 21/07/2023

Divulgação
Rubens Barbosa, presidente da Abitrigo

Sobre a saída da Rússia do acordo de escoamento de grãos no Mar Negro, e bombardeamento de portos, conversamos com o embaixador Rubens Barbosa, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), avaliando a situação e perspectivas para o país.

“A decisão da Rússia de suspender o acordo permitindo a saída de grãos da Ucrânia pelo porto de Odessa, e o bombardeio de vários portos ucranianos também para impedir essa saída de grãos, terá um efeito no mercado internacional pela estabilidade e certeza que essas medidas geram e, no caso do Brasil, terá, na minha visão, pouco impacto. Por quê? Porque nós não importamos nem uma tonelada da Ucrânia, o suprimento do mercado interno está assegurado, com o produto vindo dos Estados Unidos, da Argentina, da Rússia, dos outros países do Mercosul, do Paraguai, do Uruguai e os nossos moinhos estão bem equipados e bem preparados para essa eventualidade. O preço aqui no Brasil está estável, um pouco abaixo, mas no mercado internacional, com essa situação de instabilidade, vai haver muita oscilação no preço, inclusive porque há atividades especulativas por parte de fundos que operam no mercado de commodities. Com relação à produção nacional, segundo dados da Conab, ficará um pouco abaixo de 10 mil toneladas, é um número alto em relação a anos anteriores, mas inferior ao número do ano passado que superou os 10 milhões de toneladas. Algumas empresas que analisam o mercado de trigo que consideram que a produção pode superar esses números e chegar mesmo ao redor de 11 milhões de toneladas. Se isso acontecer vai ser uma produção recorde aqui no Brasil e vai atender, em parte, o mercado interno e, em parte, a exportação. O Brasil hoje está se tornando consolidadamente um exportador de trigo de boa qualidade. Então nós temos uma situação muito boa para a cadeia do trigo aqui no Brasil. Vamos ver se essa instabilidade, ao longo das próximas semanas e dos meses vai continuar, porque também além da questão da guerra, tem a questão de condições climáticas, porque nós vamos ver se nos Estados Unidos e em outras áreas produtoras, na Rússia, na Argentina, o clima não interfere. Até aqui a situação no Brasil é de normalidade, é de abastecimento regular, sem maiores problemas”.

O embaixador Rubens Barbosa coloca um cenário, por enquanto, de tranquilidade e eu creio que nós vamos ter uma safra mais para 11 milhões de toneladas do que para menos de 10 milhões. Eu estive no Rio Grande do Sul e vi muito trigo plantado. Portanto, as incertezas ambientais, climáticas, guerra, realmente o mundo está em um momento de confusão. A pandemia e a guerra fizeram as commodities subirem muito e foram esses preços subindo que fizeram com que produtores, por iniciativa deles, ampliassem as áreas agrícolas e investissem mais em tecnologia. E passamos a ter, pela última estimativa da Conab, 317 milhões de toneladas de grãos e trigo nós produzíamos sempre na casa dos 7 milhões e fomos para mais do que 10 milhões e agora nessa possibilidade de 10 ou 11 milhões e, fundamentalmente, em função do mercado, da crise, da pandemia, dos preços das commodities e a guerra também prejudicando aí o que seria uma estabilidade maior, ou menos ruim, com relação às incertezas da produção de alimentos.

E quando a gente conversa com analistas internacionais, principalmente da Europa, eles diziam até pouco tempo atrás, que o leste europeu é que ia ter um grande crescimento, mas com a guerra ficou assim: onde tem chance efetiva de crescimento é Brasil. O Brasil tem uma oportunidade maravilhosa, mas nós precisamos de mais planejamento, porque produzimos agora mais de 25 milhões de toneladas de grãos e não tem armazém e aí não tem armazém e o produtor tem de vender na hora que colhe. Conclusão cai o preço, o produtor fica chateado. Portanto, sem dúvida alguma o Brasil é o país da oportunidade de alimentos do planeta Terra hoje nesses próximos anos.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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