Eldorado/Estadão - No dia da Revolução Constitucionalista lanço um desafio revolucionário para o agro: 500 milhões de toneladas de grãos até 2030/31
Publicado em 09/07/2021
A Secretaria da Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com o Sire, nossos amigos da Secretaria de Inteligência de Relações Estratégicas da Embrapa e o departamento de estatística da Universidade de Brasília, apontaram para uma safra de 330 milhões de toneladas em 10 anos.
Um estudo bem feito. Mas como executivo que sou e professor de marketing e vendas compreendo os estudos para esse número de 330 milhões de toneladas de grãos, mas dentro do bom espírito da data deste feriado revolucionário em São Paulo. Provoco e pergunto: por que não 500 milhões de toneladas de grãos? Uma meta audaciosa espetacular e sustentável. Mas esse número não é apenas uma abstração utópica.
Neste ano deveríamos e poderíamos ter tido 270 milhões de toneladas de grãos. O clima não deixou. Teremos 258 milhões, 12 milhões a menos, ou até 15 milhões a menos do que já havia sido preparado e plantado. Pela seca, atrasou a soja e o milho sofreu, e ainda agora veio a geada.
Temos no país em ótimas condições para lavoura 90 milhões de hectares de pastagens abertas, degradadas, onde podemos plantar sem tirar uma só árvore, e inclusive podemos fazer a excelente técnica de integração lavoura pecuária e floresta. Vamos objetivar 20% dessa área sendo útil, 18 milhões de hectares. Vamos fazer uma conta simples e bem baixa de produtividade, com soja 3 mil quilos por hectare e milho 7 mil kg por há …poderia ser o dobro. Mas vamos ficar com a metade, 10 mil quilos por hectare na safra e safrinha.
Teremos então 10 toneladas multiplicado por 18 milhões de hectares. Essa simples multiplicação geraria, ao final dos 10 anos, 180 milhões de toneladas de grãos adicionais aos que já poderíamos ter tido nesta safra de 2020/21. A conta sai de 270 milhões de toneladas adicionando mais 180 milhões dos 20% das pastagens degradadas utilizadas com agricultura também. Somaríamos então, só em soja e milho, os grandes grãos, 450 milhões de toneladas, ao final dos 10 anos.
E os outros 50? Ficariam por conta de mais arroz, feijão, trigo, sorgo, triticale, cevada, algodão e até especialidades como quinoa, chia, canola, girassol, etc. Mas precisaremos de armazenagem? Sim, claro, é óbvio. Precisaremos de seguro rural? Claro, claríssimo.
Precisaremos de irrigação? Lógico, e de toda a tecnologia inovadora como digitalização, bioinsumos, plano nacional de fertilizantes e da pesquisa, com genética, saúde de solos, e o melhor da Embrapa, universidades e da educação, com telecomunicações permitindo sinal para a conectividade e muito mais agroindustrialização, alimentos, bebidas, com biodiesel e proteína animal, incluindo muito mais peixe, na aquacultura. Só tem oportunidade e, além disso tudo, podemos ter biometano na movimentação dessas cargas.
E os mercados? Crescentes e demandantes. Neste ano. Nós mesmos, o Brasil, estamos importando 92% a mais de soja, importando 102% mais de milho, óleo de soja mais 315% e se tivéssemos grãos para exportar e atender o mercado interno com certeza já precisaríamos da marca de 300 milhões de toneladas neste ano.
Os Estados Unidos colhem 505 milhões de toneladas de grãos hoje. Só em milho colhem 388 milhões de toneladas. A China, nosso cliente número 1, colhe 650 milhões de toneladas de grãos e a Índia está colhendo 290 milhões de toneladas de grãos.
Brasil, 500 milhões de toneladas 2030/31. Não é otimismo, é apenas realidade esperançosa, como falava Ariano Suassuna, paraibano, criador do Auto da Compadecida. “O pessimista, um chato e o otimista um tolo. Sou realista esperançoso”. O Brasil pode. Vamos fazer um planejamento estratégico?
E viva 9 de julho, a memória eterna da luta constitucionalista. E vamos ao desafio ministra Tereza Cristina, presidente Nilson Leitão do IPA, amigos do Sire Embrapa, estrategista Décio Gazzoni do CCAS, CNA, entidades e todos agricultores e brasileiros!
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.