CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - “O Brasil é maior do que o buraco”. E do que os seus governos!

Publicado em 17/04/2023

TCA
Somos hoje a única potência agro dentro do BRIC's

A frase “o Brasil é maior do que o buraco” é do saudoso jornalista Joelmir Betting. O aposto: “…e do que os seus governos”, tomei a liberdade de acrescentar. O colunista do Estadão Lourival Sant’anna (Página A15, edição de 16/4 - Risco  de dependência assimétrica) escreveu: “comércio e investimentos entre Brasil e China andam sozinhos. No governo Jair Bolsonaro, que tinha relação ruim com a China e atravessou a pandemia, o comércio bilateral cresceu 52%, e os investimentos chineses 79%, e somos o maior destino dos investimentos chineses, 13,6%”. Aproveito aqui tanto a visão da assimetria dos riscos de Lourival Sant’anna quanto o Brasil ser maior do que o buraco de Joelmir Betting, para concluir que o Brasil tem uma força que supera seus governos.

O BRIC’s, originado em um estudo do Banco Goldman Sachs em 2001 denominado Building Better Global Economic - BRICs, reunia as grandes potências ascendentes: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, esta como um portal para a África, pois tem ainda uma grande distância econômica dos demais. E daquele período para 2023 vimos uma surpreendente  mudança na geopolítica mundial, no crescimento da China que tem hoje 18 trilhões e 321 bilhões de dólares de PIB, se aproximando dos Estados Unidos com 25 trilhões e 035 bilhões de dólares, e assistimos um Brasil que se não teve, praticamente, crescimento nominal do PIB, hoje 1 trilhão e 920 bilhões de dólares na 12ª posição mundial, obteve o lugar de única potência agroalimentar, agroenergética e agroambiental do planeta a curto prazo.

Independente dos seus governos, onde podemos registrar muito mais nomes visionários que salvaram a lavoura como o Ministro Cirne Lima (1970) e Alysson Paolinelli (1974 a 1979), como Roberto Rodrigues, Francisco Turra, e mesmo a ministra Tereza Cristina, onde os ministros da agricultura tem apresentado performances médias superiores à média de seus governos como um todo. E isso explica que de 1974 a 1989 dobramos a produção agrícola do país. De 1990 a 2005 dobramos mais uma vez a produção agrícola brasileira. E de 2004 a 2022 novamente dobramos de tamanho e deveremos colher 312 milhões de toneladas de grãos além de um gigantesco crescimento na proteína animal, frutas, retomada do cacau, biocombustíveis, indústria da madeira, algodão, agroindústrias, e sem esquecer das flores onde temos a 4ª maior cooperativa do mundo no setor, a Holambra.

Então somos hoje a única potência agro dentro do BRIC’s e do mundo com condições de dobrar de tamanho nos próximos 10 anos e representar para o planeta, que vive hoje insegurança alimentar, energética e climática, uma fonte verdadeira e fidedigna de abastecimento e de relações que servem à paz e a segurança humana na terra.

Portanto nunca foi tão fácil vender o Brasil e vender do Brasil. Temos hoje o sonho de consumo das nações da terra, alimentos, energia, meio ambiente, e temos uma civilização que reuniu praticamente todos os povos do mundo, imigrantes com os povos originais, e aqui fizemos uma revolução criativa agrotropical, com ciência e tecnologia da Embrapa, institutos, universidades e empresas privadas.

Saímos de 39 milhões de toneladas de grãos, em 1974, para 312 milhões agora em 2023. E podemos dobrar tudo isso de tamanho até 2034, incluindo a economia verde e circular.

Podemos fazer tudo isso preservando nossas relações com simetria. Os nossos maiores clientes do mundo hoje: China e Ásia, Índia, Europa e Estados Unidos, têm grandes agriculturas, mas estão no seu nível onde demanda e potencial já se cruzaram. Uma guerra no leste europeu existe prejudicando de forma inesperada o crescimento da produção de alimentos na região. Oriente Médio outra área cliente brasileira, América Latina a espera do nosso olhar, e África carente de cooperativismo e de tecnologia brasileira do “tropical belt”.

Se soubermos manter a razão, a diplomacia, o bom senso não precisamos incorrer no risco da assimetria, e podemos, sim, atrair capitais para aumentar em muito a nossa própria segurança estratégica agroindustrial, comercial e de serviços financeiros, seguro, ambientais, no antes e pós-porteira das fazendas. Investimentos estruturais, logísticos e na alta tecnologia, incluindo criação de marcas e de “terroir”, pois produtoras e produtores rurais os temos, forjados na dificuldade e na coragem, empreendedorismo e cooperativas, somos também uma potência agro humana.

O Brasil é maior do que os seus governos e o agro do Brasil é maior do que a média dos seus governos. 50 anos de análises provam isso. Dobrar o agro de tamanho com sustentabilidade – a marca brasileira, a sociedade civil organizada precisa entrar no jogo com simetria nas relações estratégicas.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), líder reconhecido mundialmente, envia na sua “voz de líder” uma mensagem que considero um marco histórico para o futuro do agronegócio brasileiro nesta década.
Estou hoje no Paraná, em Cascavel, e produtores rurais celebraram a decisão do governador do Paraná Ratinho Jr de não mais taxar produtos agrícolas do estado.
Eu falo diretamente da França onde estamos participando de seminários do Food Agribusiness Managment, ou seja, a gestão de alimentos e do agronegócio e com um capítulo voltado ao Brasil, mais os países, as nações tropicais do cinturão tropical do planeta Terra, e aqui com relação ao ovo, olha, o mundo virou um ovo.
Ao encerrar os trâmites no Senado neste final de ano, o setor agropecuário não aderiu ao projeto, sob uma correta alegação da “inexistência de métricas científicas confiáveis para mensurar essas emissões”. Mas pergunto, o agronegócio estará fora desse mercado de carbono? Mesmo? Claro que não.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite