CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - “O mundo virou um só: uma galinha num galinheiro pode parar o comércio do país inteiro. O rigor sanitário deve ser regional, não nacional”.

Publicado em 21/05/2025

Divulgação
Cristina Nagano Yabuta, presidente do Sindicato Rural de Bastos, capital nacional do ovo.

Entrevistei Cristina Nagano Yabuta presidente do Sindicato Rural de Bastos, capital nacional do ovo, presidente da Câmara Setorial de Ovos e Derivados do Estado de São Paulo, coordenadora da Comissão de Avicultura e Suinocultura da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp).


Fiz as seguintes perguntas a ela, que me respondeu:

  1. Como está a situação do ovo nesta crise?

Cristina Nagano Yabuta: “Os ovos ganham destaque nas notícias mais uma vez. Nós tivemos toda a repercussão no primeiro trimestre do ano sobre o aumento no preço dos ovos, que rapidamente foi restabelecido, e agora, infelizmente, diante do primeiro caso de influenza aviária no nosso país, toda cadeia de produção de ovos segue muita atenta, muito preocupada, não só sobre todas as questões sanitárias, de segurança do nosso plantel, solidários aos nossos amigos produtores do Rio Grande do Sul e tudo que eles vêm enfrentando nos últimos dias, mas também muito preocupados com a questão comercial. Nós tivemos aí sanções de exportações, não só do Rio Grande do Sul, mas do Brasil, sobre a exportação de ovos e de frango, que gera uma preocupação muito grande por parte do produtor, porque todo esse volume de ovos e de frango que deveriam estar sendo exportados estão nesse momento ficando no mercado interno e que podem, sim, acabar gerando uma pressão no mercado interno com excesso de oferta e a derrubada dos preços no momento em que vivemos em um aumento de custos por parte do produtor e uma angústia muito grande sobre o tempo que isso vai levar para poder ser restabelecido. Então estamos acompanhando e muito na torcida, e desejando muito força, não só para os produtores do Rio Grande do Sul, mas toda a equipe da Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura, que têm trabalhado firmemente junto às entidades locais para sanar e solucionar o mais rápido possível.”

  1. Como ficam as seguranças sanitárias?

Cristina Nagano Yabuta: “Quanto às questões sanitárias e ao nível de segurança aqui dentro do nosso estado, a Defesa Agropecuária juntamente com as entidades  e com a federação, tem feito um trabalho incrível de monitoramento não só da situação ali acompanhando o Rio Grande do Sul, mas dentro do nosso próprio estado, São Paulo, monitorando todo esse trânsito que nós temos de cargas, que é muito grande no Estado de São Paulo, acompanhando os lotes, monitorando não só as aves silvestres, as aves de subsistência, quanto as granjas comerciais. E o produtor, lógico, nesse momento redobra os investimentos, a atenção na biossegurança do seu plantel, da sua propriedade, com investimentos já em desinfecção, controle de entrada de pessoas, de veículos, e monitorando cada vez mais perto o lote e a sanidade dele. Então seguimos muito otimistas e trabalhando arduamente para que consigamos manter o nosso país livre de influenza aviária e de qualquer outro tipo de doença.”

  1. Como fica o consumo de frangos e ovos, tem riscos?

Cristina Nagano Yabuta: Sim, sem dúvida alguma, isso tem gerado muitas dúvidas por parte da população se é seguro consumir ovos ou mesmo carne de frango e, sim, é extremamente seguro. Nós temos o Serviço de Inspeção Federal no nosso país, o SIF, de responsabilidade do Ministério da Agricultura, que garante não só a qualidade, mas a segurança dos nossos produtos e vale ressaltar que a influenza aviária não é transmissível através da carne de frango, de ovos, mas, sim, em contato com aves doentes. Então vou aproveitar aqui a oportunidade de inclusive pedir à população que cuidem bem de suas aves de subsistência, das galinhas soltas de quintal, que verifiquem sempre a qualidade da água, da ração, do ambiente, da sanidade dessas aves, se estão ou não doentes, se estiverem que comuniquem a Defesa Sanitária do seu estado, porque as vezes por causa de uma ave dessas, solta de quintal, ela pode vir a comprometer todo o plantel de nosso país. O nosso país e o grande produtor de proteínas, e nós não podemos deixar isso acontecer. Não é só a questão do bem-estar das aves que passa a ser prejudicada, mas afetamos toda a questão de empregos, da economia, da inflação do nosso país, as vezes com descuido. Então vou aproveitar aqui a oportunidade de agradecer mais uma vez o convite pela chance de poder estar aqui contando um pouquinho sobre o drama que nós temos vivido nesses últimos dias. Um ótimo dia para vocês!”

Um país com a dimensão brasileira, com seis biomas, não tem sentido o país todo ser punido pelo que acontece numa microrregião, muitas vezes numa única e específica granja, como neste caso de Montenegro no Rio Grande do Sul. O mundo virou um só: uma galinha num galinheiro pode parar o comércio do país inteiro.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.



 

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