CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - O Oriente Médio é o 4º maior cliente agrobrasileiro: agroconsciência diplomática é vital

Publicado em 15/04/2024

Divulgação
A relação comercial entre o Brasil e o Oriente Médio movimenta mais de US$ 24 bilhões com um saldo para o Brasil de mais de US$ 6 bilhões

Toda vez que uma visão polarizada de governos brasileiros se intrometeram numa questão milenar do Oriente Médio deu errado. Foi questão de tempo para voltarmos a velha sabedoria da neutralidade consciente da diplomacia nacional com respeito a questões que estão além das nossas fronteiras e além do comércio. Pois como afirmava o poeta português Camões: “ quem faz o comércio não faz a guerra”.

O maior mercado brasileiro para o agronegócio está no conjunto asiático. O segundo maior mercado brasileiro está na União Europeia. O terceiro maior cliente do Brasil é o acordo do livre comércio NAFTA, com Estados Unidos, México e Canadá. E o 4º maior freguês brasileiro é exatamente o conjunto dos países do Oriente Médio, onde o mercado Halal muçulmano, no total do planeta, com mais de 2 bilhões de pessoas, consome do Brasil mais de US$ 6 bilhões anuais e pode triplicar de tamanho.

A relação comercial entre o Brasil e o Oriente Médio movimenta mais de US$ 24 bilhões com um saldo para o Brasil de mais de US$ 6 bilhões, com os países da liga árabe. Exportamos milho, soja, proteína animal e importamos fertilizantes num total de US$ 4 bilhões.

O Irã, especificamente, um país persa, é o 15º maior cliente brasileiro importando milho, soja, carne. E do Irã importamos fertilizantes. O Irã, além dos famosos tapetes persas, petróleo, produz tâmaras, trigo, uvas, nozes, caviar, e tem uma posição de observador dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Israel está na 54º posição no ranking de clientes brasileiros e importamos fertilizantes e químicos como defensivos agrícolas desse país.

O consciente agro estratégico brasileiro perante o mapa ideológico, religioso, político polarizado, com conflitos milenares, seculares não resolvidos do mundo nos conduz obrigatoriamente a uma posição acima de fronteiras e de polarizações.

Nos transformamos na potência agroalimentar, energética e ambiental do mundo. E somos formados do maior melting pot, mistura de todos os povos do planeta.

Agricultores, cientistas, empreendedores, cooperativas, trabalhadores formados de gente de todas as gentes, de todas as partes da terra, estão fazendo isso neste ambiente tropical desafiador.

Portanto, ao mexer com o Oriente Médio interferimos nas visões asiáticas, nas estratégias europeias, nos interesses da América do Norte. Conflito Israel e Irã são muito maiores do que as delimitações de suas fronteiras e impactam diretamente todos os mercados para quem o Brasil faz o comércio.

E nesse sentido cabe ao Brasil a máxima do poeta português Camões: “quem faz o comércio não faz a guerra”, ainda que esta guerra no século XXI tenha além dos drones e mísseis e o sofrimento inaceitável, tenha a guerra mediática das narrativas e das suas redes que sobrevoam e penetram de forma visceral a cada instante a mente de cada habitante.

Vamos fixar o conselho do criador do conceito de agronegócio no mundo, prof. dr. Ray Goldberg, ele diz: “o setor agroalimentar tem a missão de unir o mundo num só, mundo que está dividido e polarizado”. Eis aí a missão do agro brasileiro. Somos o país da paz como tão bem repete e insiste Roberto Rodrigues.

Líderes contem até 10 antes de falar nas questões geopolíticas e ouçam os bons anciãos sábios da diplomacia brasileira.

José Luiz Tejon para Eldorado/Estadão.

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Estou hoje no porto mais espetacular do agro do planeta, até porque eu sou santista, que é o porto de Santos e conversei com o Eduardo Lustoza, engenheiro e diretor da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Estruturas de Santos e ex-diretor da autoridade portuária. E temos um aspecto importantíssimo para olhar é que o agro brasileiro vai dobrar de tamanho em 10/12 anos, cresce muito mas as estruturas logísticas não na mesma dimensão.
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