CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Para o Brasil encantar o mundo, precisa quebrar o encantamento da vitimização

Publicado em 06/03/2023

TCAI
Neste exato momento o Brasil é simplesmente o único país com condições reais de significar segurança alimentar, energética, ambiental e humana em larga escala para todo o planeta terra.

O autoengano é o pior de todos os enganos. Nos contos de fada sempre surge a hora de “quebrar o encantamento”. Ou seria se desencantar com uma forte convicção que foi colocada na mente que impossibilita a pessoa, o personagem, aquele reino, de mudar e de fazer cumprir um destino virtuoso ao invés de viver condenado a repetir os mesmos infortúnios ao longo da eternidade.

Para mudar os destinos precisamos sair para o mundo, realizar uma jornada tocando em realidades externas, enfrentando dragões, criando aliados. Neste exato momento o Brasil é simplesmente o único país com condições reais de significar segurança alimentar, energética, ambiental e humana em larga escala para todo o planeta terra.

A Europa não tem terras disponíveis. Aqui na França, de onde faço este comentário, em 1970 haviam cerca de 1.600.000 propriedades rurais, hoje são menos de 400 mil. 99% eram de famílias agrícolas, hoje 58%. Não chove há mais de um mês. Há uma concentração e uma produção rural em clima de inverno totalmente dependente de eletricidade que triplicou de preço. África um continente para longo prazo. Ásia com população gigantesca e terras já utilizadas, área importadora. Leste europeu numa guerra Rússia e Ucrânia e nos estudos sérios, realistas, nos próximos 10 anos o Brasil é o único lugar do mundo que tem fronteiras abertas e grandes nas condições de terras agricultáveis sem cortar uma só árvore, domínio de ciência e tecnologia tropicais, recursos humanos capazes, cooperativismo, educação avançada nas ciências agrárias, realidades prontas para o meio ambiente, carbono, metano, um país grande, prontinho para ser o símbolo ESG, economia circular do mundo e dobrar o sistema de agribusiness de tamanho em 10 anos, e com isso apresentar percentuais de impacto no PIB. E o que estamos esperando?

Simples quebrar o encantamento do autoengano, de uma auto-hipnose de que os outros são culpados, os outros não nos deixam, quebrar um terrível encantamento de que somos vítimas, de autovitimização. O outro é o culpado.

A falta de um planejamento estratégico de estado, de lideranças que parem de brigar entre si, e o desperdício do não uso da música brasileira, do esporte, do futebol, da arquitetura, a arte, os valores corajosos de um povo nascido do sofrimento de todos os povos do planeta e a incompetência para dizer isso ao mundo, com a alegria brasileira, nos mantém “encantados” para menos e ficando tristes e raivosos. Está na hora de quebrarmos o mau encantamento e com isso encantar o mundo.

Uma nova bossa nova, novos Jobim’s, novos Pelé’s e Garrincha’s, novos Niemeyer’s, e um novo agronegócio tropical sustentável com a marca da saúde mundial, novos Alysson’s, Cirne’s, Ney’s, Nishimura’s, Galassini’s, Roberto’s... Que venha uma geração de novos líderes com a coragem dos nossos bons e eternos velhos. Isso existe, não é utopia, ilusão, muito menos otimismo, coisa de tolo, mas também chega de pessimismo, coisa de chato e como dizia Ariano Suassuna, “sejamos realistas esperançosos”.

O Brasil é a nova fronteira de escala global de alimentos, energia e meio ambiente. Vamos aos negócios. Quebrar o encantamento e encantar o mundo e a todos os brasileiros com o bom canto do bom encanto, o poder da palavra boa.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

 

 

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