CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Paulo do Carmo Martins, da Embrapa Gado de Leite, comenta inflação e custos

Publicado em 29/07/2022

Divulgação Embrapa Gado de Leite
Tejon conversa com Paulo do Carmo Martins, pesquisador da Embrapa

O leite se transformou em um problema no custo da alimentação puxando a inflação. Na comparação junho 2021 com junho 2022, o leite aumentou 37,61%. E a previsão para julho é de aumentar 15% sobre junho. Quais as razões?

Convidei um dos maiores especialistas em leite do país, o Prof. Dr. Paulo do Carmo Martins, pesquisador, analista do mercado de leite e foi por 7 anos chefe da Embrapa Gado de Leite, para nos explicar o fenômeno. Vamos ouvir o Dr. Paulo Martins:

“Bom dia Tejon, bom dia ouvintes da Rádio Eldorado! Pois é, nós sabemos que realmente leite e derivados viraram um problema para o consumidor. Está muito caro, está proibitivo até para muitas famílias manter o consumo no café da manhã, nos pratos que se faz no final de semana e essa é uma situação que precisamos entender o que está acontecendo. Primeiro é importante dizer que o produtor não está agindo de má fé, acumulando em cima da população brasileira. Não tem nada disso. Temos de entender que a crise de alimentos está acontecendo no mundo inteiro. Leite está caro no mundo inteiro, no mercado internacional e aqui no Brasil tivemos uma elevação muito grande nos custos de produção nos últimos dois anos, da pandemia para cá. Por quê? Porque nós temos essencialmente duas maneiras de produzir leite: uma é através o uso de ração, então estamos falando de milho e soja. Milho e soja estão caros, ficaram muito caro e sabemos que para quem produz soja é uma maravilha, mas para quem compra soja, que é o caso do produtor de leite, e também para as outras proteínas animais é muito complicado. Então, milho e soja ficaram caro, mas também não foi só isso, para quem produz à base de pasto também ficou caro para o uso de fertilizantes e de adubo e nos dois casos, tanto para quem produz à base de soja quanto para quem produz à base de pasto, tem o problema também da energia que ficou cara, gasolina, óleo diesel, energia elétrica. Isso tudo fez com que nos últimos dois anos o custo de produção subisse, de acordo com a Embrapa, nós é que fazemos isso, 62%. Então chegou um ponto em que nós começamos a perder produtores. Tem muito produtor saindo da atividade porque está com dificuldade de honrar os seus compromissos. De agora para frente, do meio do ano para frente, nós vamos ter redução do custo e vamos ter redução do preço ao produtor e ao consumidor. Por quê? Porque nós vamos ter a melhoria, nós estamos no pico da entressafra, dos pastos e também estamos com sinalização de queda de preço para a milho e soja. Então imaginamos que o custo de produção ficando menor o produtor tem condições de vender a uma condição melhor para a ótica do consumidor. Então vai cair até dezembro e esperamos que no Natal as famílias tenham condição de consumir leite e as gostosuras derivadas do leite”.

Então novamente, planejamento estratégico, vaca não dá leite, precisa receber nutrição, ração, soja, milho, pasto bom e quando isso escasseia diminui a produção e quem termina sofrendo é o consumidor final.

Coordenação de cadeias produtivas da ração até o copo do leite na mão será a solução.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

 

Também pode interessar

Entre listas de comerciantes, indústrias, prestadores de serviços discriminados se não declararem apoio a Bolsonaro, e até ideias de colocar estrelas do PT em estabelecimentos que votaram em Lula, imitando as estrelas de David dos judeus na Alemanha nazista dos anos 1930, estamos vivendo uma hipnose de discriminações onde o medo sobre o novo governo eleito é fantasmagórico por boa parte da agropecuária. Medo de invasões estimuladas, perda do direito de propriedade e total insegurança jurídica e confiscos e taxações, parece o filme Armagedom, Apocalipse.
No último debate entre os candidatos o agronegócio recebeu menções pontuais, citações praticamente no meio de muita acusação e confusões. Com o padre Kelmon dizendo que muitos ali, inclusive os jornalistas, precisariam de catequese. Muito bem, voltando ao agro.
Parlamento europeu, declínio da economia chinesa, e imagem do Brasil, três grandes riscos para o agro 2023. Por um lado o parlamento europeu está exigindo um plano radical para proibição de importações de áreas desmatadas. Exportadores brasileiros estão preocupados.
2 de julho, Dia Internacional do Cooperativismo. A fórmula da evolução humana na terra, criada a partir do sofrimento, das circunstâncias indignas de vida.
© 2024 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite