Eldorado/Estadão - Podemos dobrar o tamanho do setor da proteína do peixe do Brasil
Publicado em 27/01/2023
DivulgaçãoConversei com Francisco Medeiros diretor-presidente da Peixe BR, a entidade que representa toda a cadeia produtiva da piscicultura, as fazendas de cultivo de peixe, que revela haver um movimento econômico na casa de cerca de R$ 20 bilhões anuais com o pescado no país, onde importamos aproximadamente a metade desse valor. Ou seja, temos condições de dobrar de tamanho nos próximos anos pois existe demanda, tem mercado consumidor.
Nos últimos anos tem crescido o consumo do peixe, e a perspectiva para 2023 será de continuar esse crescimento. O consumo per capita anda em torno de 9 kg/hab/ano e na década a Peixe BR estima atingir a casa de 15 kg/hab/ano.
O setor, como todas as demais cadeias das proteínas, sofre com o custo da ração. Peixe nas fazendas de cultivo, onde a tilápia representa 65% do total, tem até o apelido de frango aquático. Comem soja e milho.
Assim como temos ouvido de setores como os ovos, aves, suínos, também a piscicultura está carente de um planejamento estratégico de grãos. Soja e milho para a ração.
Subindo os custos, os produtores diminuem a oferta, a consequência é aumento de preço ao consumidor. Planejamento estratégico fará doravante a diferença, organização desde a genética até a distribuição, envolvendo grãos, soja e milho, a comida dos peixes.
Interessante também na pesquisa realizada pela Peixe BR sobre se o consumidor tem alguma marca de peixe já conhecida na sua mente. 86% das pessoas não associam o produto a nenhuma marca. A Copacol - Cooperativa do Paraná é a única marca que surgiu na lembrança do consumidor. Então novamente oportunidade nesse setor considerado saudável pelo cliente final, podendo dobrar de tamanho e oportunidade para alguma empresa lançar uma marca e se posicionar na frente num ramo de incrível potencial para os próximos 10 anos.
E além de tudo podemos acessar mercados internacionais também. Peixe é oportunidade. Fazendas de cultivo em crescimento, e a pesca agora vinculada às regras do Ministério do Meio Ambiente, no Ministério da Pesca, o setor aguarda bom senso nas futuras decisões.
Então, quem sabe, o Santos FC, o nosso peixe, possa ter algum patrocínio de uma futura marca do pescado. Está precisando.
Vamos ouvir a entrevista com Francisco Medeiros, diretor-presidente da Peixe BR analisando o ano novo.
“O ano de 2022 foi um ano bastante atípico para a piscicultura e, em especial, para a tilapicultura no Brasil. Nós tivemos um primeiro semestre de baixos preços pago ao produtor, fez com que ele reduzisse o povoamento para o segundo semestre e, consequentemente, nós tivemos um segundo semestre de bons preços pago ao produtor. Nós estamos desde agosto de 2022, até agora, já em janeiro com aumentos seguidos de preços pagos ao produtor semana a semana. Já com relação ao mercado, continua aquecido durante todo esse tempo e nós observamos, inclusive, no segundo semestre uma redução das exportações para atender a demanda de mercado interno. Agora nós já estamos observando outro movimento, que é o produtor fazendo a reposição total do seu plantel. Nós teremos um primeiro semestre de bons preços pago ao produtor, mas o segundo semestre já se apresenta que teremos uma oferta maior de tilápias. Se o mercado crescer, ele acaba absorvendo. Esse aumento de preço pago ao produtor significou também aumento de preço ao produto lá no consumidor final. O filé realmente teve uma recuperação de preço nos últimos meses, mas estamos chegando no limite porque o consumidor o bolso dele tem um tamanho só, chega um momento que está no teto. Então um bom segundo semestre de 2022, teremos um bom primeiro semestre de 2023 e vamos aguardar o segundo semestre.”
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.