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DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Por que o etanol não virou herói nacional na crise da energia mundial?

Publicado em 24/06/2022

TCAI
Por que o etanol não virou herói nacional na crise energética mundial?

Essa foi a pergunta de ouvintes da Eldorado, no Agroconsciente desta manhã. Francisco Rabelo nos questiona sobre isso, ouça no podcast abaixo 👇.

Como temos insistido desde o início do Agroconsciente precisamos de planejamento estratégico de estado sobre segurança alimentar, ambiental e energética no país. Estoques reguladores, armazenagem. Mitigação das incertezas, tanto de crises econômicas óbvias como já tínhamos no cenário no começo de 2020 com Covid explodindo preços de commodities e cortes nos fluxos de logística e supply chain mundiais. E, além disso, os riscos climáticos. A Conab - Companhia Nacional de Abastecimento tem ótimos quadros técnicos e precisaria ter muito mais poder nesse aspecto.

Guilherme Bastos, seu presidente até 2020, estava agindo competentemente quando os supermercados pediam socorro na inflação evidente dos preços do arroz, mas foi substituído e fiquei sem entender, por quê?

Então tivemos nos dois últimos anos problemas com estiagem, tanto nos grãos, onde perdemos minimamente 35 milhões de toneladas de soja e milho, e também na cana de açúcar. Dois anos secos, nossa safra que era de 605 milhões de toneladas caiu para 523 milhões de toneladas de cana, significa simplesmente 82 milhões de toneladas de cana a menos.

O Brasil criou o Proálcool nos anos 70 na primeira crise de petróleo, viemos e mudamos o nome de álcool para etanol, tentamos até partir para o mercado internacional num período da Unica, criamos até campanhas publicitárias. Somos o 2º maior produtor mundial de etanol, mas muito distante ainda dos Estados Unidos que representa 54,4% da produção mundial. Nós ficamos com algo em torno de 29% e apesar de autossuficientes abrimos as importações de etanol para os Estados Unidos com taxa zero, o que é criticado pelo setor no Brasil.

Somos os maiores no açúcar no mundo, exportamos quase 77% da produção, e o que sabemos, caro ouvinte, é que ao contrário, recentemente pelos altos preços do etanol, contratos de açúcar estão sendo cancelados e as usinas voltando mais para o etanol do que o açúcar.

Mas além da cana de açúcar temos etanol de milho, que também cresceu muito. Produzimos 141 milhões de litros de etanol de milho em 2015 e, em 2021, atingimos 3,47 bilhões de litros e perspectiva de 4,6 bilhões neste ano.

Dessa forma, com a recomposição dos plantios da cana deveremos voltar neste ano aos mesmos 605 bilhões de toneladas de cana, se não tivermos de novo problemas de clima e incêndios, como ano passado nas plantações e provavelmente para 2023 aumento na oferta do açúcar e etanol. Geralmente 45% da cana vai para o açúcar e 55% para o etanol.

Mas além da cana de açúcar, do milho, da soja no biodiesel, temos uma potência agroenergética com o biogás natural e renovável com dejetos e resíduos das fazendas, onde biodigestores podem duplicar o volume de todo gás importado da Bolívia, com biogás, natural e renovável, gerando bioeletricidade, biofertilizantes e biometano. O nome do novo combustível da economia circular, onde aterros sanitários urbanos também fazem parte.

Ou seja, como Peter Drucker, gênio da administração, já disse: “não existem países subdesenvolvidos, existem países subadministrados”. Temos uma riqueza monumental agroenergética no país, só precisamos planejamento, gestão, administração, onde mercado e estado precisam dialogar e juntos caminhar. Renovabio nesse sentido merece elogio, o automóvel com célula movida a etanol, híbrido, além de tudo é o mais limpo dentre todas as demais opções sobre emissão de carbono, apenas 24 gr por km contra 92 gr km na matriz europeia, conforme informa Plínio Nastari , da Datagro.

Que possa a sensatez prevalecer acima da polarização ideológica e da guerra pela eleição. Planejamento de Estado junto com mercado é a fórmula para um mundo de incertezas e fatores incontroláveis imprevisíveis. E de fato, ouvinte, o etanol, o biodiesel, o bioquerosene para aviação, o biometano dos dejetos e do lixão. Uma riqueza brasileira à disposição.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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