CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Principais tendências agro sustentáveis do Salão da Agricultura de Paris

Publicado em 26/02/2025

Divulgação
Salão de Agricultura de Paris

Estamos participando do Salão de Agricultura de Paris. São sete pavilhões, um movimento gigantesco, gente do mundo inteiro, cidadãos, famílias, crianças vindo visitar e é impressionante o que esse evento movimenta de atenção não só na França, mas do mundo inteiro.

E o grande ponto que podemos observar aqui é que tudo ou qualquer coisa que você faça tem de estar embalado no aspecto do meio ambiente, no aspecto ecológico, no ambiente bio. O mundo é bio, a juventude é uma biogeração de jovens, ou seja, tudo aqui no Salão de Agricultura, não importa o produto, está sempre sob uma bandeira sustentável.

A sustentabilidade tomou conta e faz parte de todas as apresentações e de todos os aspectos envolvendo o agronegócio. E um ponto muito importante, participando aqui de uma mesa de debates, com especialistas ambientais, inclusive uma ênfase muito grande no mercado de carbono, algo muito importante que eu já havia salientado em um dos nossos comentários quando observei uma campanha dos Estados Unidos na China dizendo que a soja dos Estados Unidos tem o menor impacto de carbono do mundo.

Fui olhar aquele anúncio e vi que na verdade não estavam comparando agricultura com agricultura, não era a comparação da agricultura norte-americana com a brasileira. A comparação estava na vantagem da soja dos Estados Unidos no transporte e na infraestrutura e aqui, neste debate, um dos estandes gigantescos do Salão de Agricultura, a Farm digital, ou seja, a fazenda digital, com o pessoal da área de suprimentos de organizações agroindustriais conversando com um deles, ele me disse: “Não, nós processamos suco de laranja e esse suco de laranja vem do Brasil. Se ele vier já processado no Brasil, o impacto de carbono é muito menor. Se eu trouxer a laranja para cá o impacto será muito maior por causa do transporte”.

Então, líderes do agronegócio, nós estamos falando muito do dentro da porteira, da agricultura em si, somos campeões, é difícil alguém mostrar quando você vê toda a agricultura regenerativa tropical brasileira. Nós apanhamos é depois da porteira das fazendas, nós apanhamos de um item que eu acabei de ouvir aqui de um dirigente do setor agroindustrial europeu falando que o grande drama do carbono está na logística. Você não vai ganhar se você tiver uma infraestrutura que não é fundamentada em um modelo extraordinariamente protegido da emissão de carbono e é essa a razão pela qual os EUA ganham de nós por toda a estrutura que eles têm, praticamente fluvial, e de trens, e agroindustrial no processamento no caso desse exemplo da soja. E esse executivo da França me falou da laranja porque tanto a guerra será muito maior depois da porteira dos agricultores do que o lado de dentro e nós temos de olhar isso com muita atenção, aqui do Salão de Agricultura de Paris o tema predominante é o eco, o bio, o ambiental, o ecológico, é tudo isso e isso está em toda e qualquer apresentação que assistimos desse lugar.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Conversei com Sônia Chapman, uma das maiores especialistas de sustentabilidade no país. Ela é também diretora executiva da Rede Empresarial de Avaliação de Ciclo de Vida - Rede ACV. Esse sistema significa avaliação do berço ao berço. Quer dizer, na natureza nada se perde tudo se transforma. Para o bem ou para o mal irá depender da competência da gestão humana, todos juntos.
Estamos no Salão Internacional de Agricultura de Paris. Um mega evento no parque de exposições de lá “Porte de Versailles”. E aqui ocorre um total foco político da França, e um verdadeiro “l’amour pour agriculture”. O presidente Macron declarou apoio total aos agricultores franceses e criou um tema emblemático: “pour une souverainete alimentaire”. Por uma soberania alimentar.
João Dornellas, presidente executivo da Abia, comenta impactos da guerra na indústria de alimentos e bebidas e registra a importância de termos uma agropecuária e uma indústria fortes para superação das crises e crescimento do PIB do país. Posso dizer que uma sem a outra revela fragilidades e lacunas estratégicas numa cadeia de valor.
Para Bill Gates, numa entrevista ao MIT Technology Review, os países ricos deveriam mudar totalmente para o consumo da carne sintética, alegando razões climáticas e dos gases efeito estufa.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite