Eldorado/Estadão - Produtores rurais têm expectativas positivas nas relações com a China e toda Ásia
Publicado em 14/05/2025
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Estou no Mato Grosso e já não é novidade, numa viagem de Alta Floresta até Cuiabá passamos por dezenas de organizações internacionais presentes neste coração do Brasil Central e do cinturão tropical do planeta terra.
Com o método Trump de negociação ao modo antigo, que os americanos nos anos 50/60 batizaram de “hard sell”, conflito e confronto entre vendedores e compradores, agora com a tal “trégua” baixando as tarifas, e ninguém tem coragem de dizer se amanhã cedo não muda de novo baseado no estado de humor e ego do Donald, o que posso comentar daqui direto de uma reunião com cerca de 300 agricultores e donos de revendas de insumos é por um lado, sem dúvida, a incerteza e a instabilidade. Por outro, pelas relações já fortes da China com o agro brasileiro incluindo a presença de corporações de tradings chinesas como a Cofco, investimentos em redes de distribuição como a Fiagril, e a própria perspectiva de empresas chinesas investirem R$ 27 bilhões em criação de negócios e infraestrutura no país.
A China teve um desenvolvimento extraordinário na energia limpa, eólica, solar, e chama atenção uma das propostas da criação do Parque Industrial Net Zero da América Latina, que incluirá combustível sustentável de aviação SAF, hidrogênio verde e amônia verde.
O Brasil tem o plano de recuperação de 40 milhões de hectares de áreas de pastagens degradadas para ser transformado em cultivos agroambientais e diversificados, sem tirar uma árvore sequer, o que representa um potencial único no mundo para plantio de árvores como Macaúba, por exemplo, excelente para combustível sustentável de aviação em consórcio com alimentos, especiarias e proteína animal.
Jorge Viana, presidente da Apex, declarou que temos uma lista de 400 itens com potencial de vendas para a China. E como comentamos aqui no Agroconsciente, a Caravana Agro Exportador reunindo todo conhecimento do país está entusiasmando a iniciativa privada na busca de oportunidades para exportar, gerando empregos, tecnologias, desenvolvimento no Brasil.
Temos, sim, oportunidades no agronegócio muito além da soja, milho, carnes bovina, frango, suína, além de papel e celulose, e das clássicas commodities. Podemos produzir e vender pulses, feijões, todas as frutas tropicais, essências como lavanda só para dar um exemplo especial, e com agroindústria podemos vender até num delivery asiático o sabor, a saúde e o prazer da nossa tropical food & drink.
Aqui no Mato Grosso, com as vendas positivas da soja neste primeiro trimestre, e aqui no Brasil Central o clima indo bem, eu diria que se São Pedro ajudar e o governo se comportar, as produtoras e produtores rurais ao lado das cooperativas, da indústria, comércio e serviços irão prosperar.
A rota da seda, visão que nos relembra o negociador Marco Polo, se conectada à Transoceânica, saída brasileira pelo Pacífico, com linhas férreas na logística, sem dúvida será um “salto” no agro para os próximos 15 anos.
Até sexta-feira direto daqui pertinho da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.