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DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Revolução do funding agro celebra 20 anos de existência no PENSA FIA

Publicado em 11/12/2024

Divulgação
Ivan Wedekin, consultor e ex-secretário de Política Agrícola

Conversei com Ivan Wedekin, consultor, foi secretário de Política Agrícola ao lado do ministro Roberto Rodrigues de 2003 a julho de 2005. Ivan liderou a criação dos títulos do agronegócio, numa legítima revolução trazendo o mercado de capitais para dentro do agronegócio.

Ivan Wedekin me disse:

“Neste mês de dezembro está fazendo 20 anos que o Governo Federal criou a lei dos Títulos do Agronegócio e por quê? Até então nós tínhamos o Sistema Nacional de Crédito Rural que financiava produtores rurais e cooperativas para os seus investimentos, para tocar a produção e a comercialização. E era uma estratégia do Governo Federal privilegiar o crédito para pequenos produtores através de um programa chamado PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e de médios produtores que foi criado um programa chamado PRONAMPE, que apoiava os médios produtores. E essa lei criou os títulos do agronegócio com o foco de aproximar o agronegócio, a agropecuária do mercado financeiro e de capitais. Isso foi feito com muito sucesso e hoje o saldo desses títulos do agronegócio se aproxima de 1 trilhão e 200 bilhões de reais em comparação com os 700 bilhões do crédito rural oficial. Então, com isso, com essa aproximação da agricultura com o agronegócio e com o mercado financeiro de capitais os produtores, as cooperativas, e outras empresas do agronegócio puderam se financiar através de mecanismos de mercado e dessa forma liberando os recursos para os pequenos e médios produtores. E nós vamos estar fazendo, hoje, as 9h30, na FIA Business School, que fica aqui em São Paulo, na Avenida das Nações Unidas, um debate para celebrar a revolução do financiamento do agronegócio. Nós vamos estar entrevistando a Suelen Farias, jornalista, e eu vamos estar conduzindo um debate com o Fernando Pimentel, que é um dos especialistas em crédito, com a Vitória de Sá, que é uma profissional que opera esse mercado de novos títulos do agronegócio e com o Bob Machado que foi diretor do Banco do Brasil e o criador da Cédula de Produtor Rural, a CPR, 30 anos atrás. Esse debate tem o objetivo de apresentar esses novos títulos do agronegócio que é uma alternativa também para os investidores do mercado financeiro que aplicam dinheiro em poupança e em CDB e agora podem aplicar em fundos ligados ao agronegócio que é o setor mais competitivo da economia brasileira.”

Precisaremos cada vez mais da presença do mercado financeiro para darmos um novo salto na produção agropecuária do país face as demandas internacionais de mercados asiáticos, Oriente Médio, América Latina, União Europeia e África.

Inflação da carne, ciclos históricos que se repetem. Enquanto isso carnes e inflação no Brasil. Há quatro meses preços da carne  sobem 18,3%. Em novembro subiu 8,02% e impactou 0,20 ponto percentual na taxa de 0,39% do IPCA. Representou 51,3% da inflação do mês. Mas na última semana o preço, a nível de produtores rurais, apresentou queda de R$ 5,00 por arroba do boi gordo. Motivo: “demanda travada”. Ou seja, o consumidor também troca de alimentos perante as altas.

O segredo histórico dos ciclos da pecuária: “nas altas se prepare para as baixas, na baixa quem estiver preparado cresce, o despreparado desaparece”.

O Brasil se transformou no 2º maior produtor de carne bovina no mundo, no maior exportador e somos o 3º maior consumidor.

Da mesma forma em aves: 2º maior produtor mundial e 1º exportador. Em suínos 4º maior produtor mundial e 4º maior exportador.

Portanto, o agronegócio brasileiro é totalmente internacional hoje. A China, por exemplo, representa 52,2% das exportações brasileiras de carne bovina, e até criamos aqui uma nova marca bovina chamado de “boi China”, máximo de 4 dentes incisivos e menos de 30 meses.

A pecuária e a proteína animal vinha em 2023 de preços baixos, num ciclo de baixa, e também 2022/23 sofrendo com aspectos das mudanças climáticas, prejudicando pastagens. Isto levou o setor a não realizar investimentos naquele período. Em 2024 a China voltou a comprar forte, e assistimos aumento dos preços nas carnes. Em paralelo a isso assistimos aumento da taxa do dólar, 6,05 reais.

Essas circunstâncias, comércio internacional demandante, taxa do dólar alto, cria uma situação de preços no mercado interno que acompanha a precificação internacional. São ciclos clássicos da pecuária onde o preço da cria, e da recria no pasto sobem da mesma forma. Esse ciclo vai até chegarmos a outro ciclo de baixa onde a oferta cresce e alguma circunstância internacional muda aspectos da demanda.

Hoje na carne bovina a China, maior cliente, com 52,2%, o segundo maior cliente o Oriente Médio, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes com 8,6%, Estados Unidos o terceiro com 6,04%, Hong Kong o quarto com 5,18% e o Chile vem acima da União Europeia com 4,38% e a Europa com apenas 3,38%.

Porém o fechamento do acordo Mercosul e União Europeia, incluindo cotas maiores para as carnes brasileiras, também criam expectativas positivas que refletem nos preços.

Ou seja, o mercado nacional e internacional nas commodities viraram uma coisa só. Deveremos assistir ao aumento do consumo da carne suína, ovos e do pescado nos próximos anos.

Porém é histórico, ciclos de baixa são acompanhados com ciclos de alta e em seguida vem os ciclos da baixa.

Segredo no agro é na alta se prepara para a baixa e na baixa quem está preparado cresce enquanto o despreparado desaparece.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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