CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Santiago do Norte, Mato Grosso, aquele abraço!

Publicado em 14/02/2022

TCA
Santiago do Norte (MT)

Um ouvinte que nos acompanha na internet e nas redes nos contatou neste domingo último. O Odir Nicolodi, conhecido como Caçula, é de Santiago do Norte, Mato Grosso, presidente da Associação dos Moradores e Produtores, e diz desesperado: “precisamos de energia elétrica e podemos produzir em mais de 1 milhão de hectares sem cortar uma árvore. Olhem pra gente”!

Você já ouviu falar em Santiago do Norte? Imagine 520 km ao norte de Cuiabá, Mato Grosso. E vamos olhar um Brasil que fica acima de fakenews e de guerras frias ou quentes entre facções políticas, com líderes locais simples e guerreiros que enquanto pautamos e falamos dos grandes e notórios líderes que brigam entre si, lá seus líderes só têm uma preocupação: trabalhar com honra, dignidade e poder prosperar com suas famílias.

Muito bem, um desses líderes que fazem, o Odir Nicolodi, conhecido como Caçula me mandou uma mensagem dizendo: “estamos aqui, Tejon, a partir de 2012 e ainda nem conseguimos e emancipação do município. Somos uma extensão de Paranatinga, a 160 km de Sorriso. Somos cerca de 3.000 habitantes, e mais 13 mil num raio de 50 km. Já criamos uma cooperativa. Já temos 200 mil hectares plantados, agricultura familiar, com plantio de mandioca e uma fecularia e farinheira”.

Mas o problema dessa pequena, que pode vir a ser gigantesca comunidade, lá no nortão do Mato Grosso está num desespero de não contarem com energia elétrica permanente, e hoje prepararam uma manifestação para cobrar a Energisa, a concessionária de eletricidade do estado do Mato Grosso, para a devida atenção que esta importantíssima fronteira agrícola brasileira merece.

Eles dizem: “não podemos viver assim, neste descaso, ficando até 2 dias sem luz elétrica e precisamos tocar tudo com motores e custos elevados de combustíveis. As pessoas desistem”.

Mas o que significa um importante relato para nós, aqui em São Paulo, para toda população brasileira é ali está um lugar com potencial para plantar em 1 milhão de hectares. Se considerarmos um aproveitamento simples de 5 mil kg por hectare de grãos, dali geraríamos mais 5 milhões de toneladas na escassa safra brasileira deste ano, onde falta comida para os animais e inflação para nós humanos. Se dali, com soja e milho, por exemplo tirarmos 10 mil kg por hectare, colocaríamos mais 10 milhões de grãos na segurança alimentar do país. Essa ação, ao lado da mandioca que lá já está, vale muito mais do que as narrativas de quem aparece na mídia todo dia e de nada ou muito pouco valem ou fazem.

Então a lição deste comentário é o de endossar em muito a expressão do célebre Peter Drucker, o maior gênio da administração, que afirmava: “não existe país subdesenvolvido, existe país subadministrado”.

Se lá em Santiago do Norte, um líder como o Caçula cria prosperidade onde não havia nada, com suas 3 mil pessoas, e poderia fazer muito mais ainda, só nos resta aqui de São Paulo dizer: “Energisa coloca energia aí pra esse pessoal e deixa eles trabalharem”.

Coragem e parabéns ao ouvinte Caçula e toda Santiago do Norte, lá do nortão do Mato Grosso. Vai aqui de São Paulo um abração. Aquele abraço!

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

Também pode interessar

Dra Fabiana Villa Alves, atual diretora de cadeias produtivas e indicação geográfica do Ministério da Agricultura, esteve na China ao lado de membros do governo e iniciativa privada e nos fala a respeito das tendências sem volta a respeito de alimentos sustentáveis, e aborda o quanto já estamos na frente com o nosso plano de agricultura de baixo carbono ABC+.
Recebi de Fernando Schwanke, diretor de Projetos do Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA), a apresentação feita pelo Nobel da Paz e Prêmio Mundial da Alimentação 2020, Dr. Rattan Lal, na Costa Rica na Conferência de Ministros da Agricultura das Américas. Evento de 3 a 5 de outubro em San Jose com temas atuais e voltados ao futuro.
Hoje me despeço da Rede Jovem Pan depois de cerca de 7 anos aqui no A Hora do Agronegócio todas as manhãs. São novos rumos, mas saio muito agradecido por toda a audiência de vocês e engrandecido pelo convívio com tão seletos ouvintes internautas e telespectadores e dos companheiros e colegas de altíssimo nível aqui da Jovem Pan. Muito obrigado a todos vocês.
Nesta semana tivemos uma excelente apresentação no Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da FIESP sobre o déficit de armazenagem no Brasil. Praticamente meia safra brasileira fica ao relento, ou passeia nas carrocerias dos caminhões.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite