CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Só existe um tipo de realidade: a realidade percebida.

Publicado em 21/09/2022

TCAI
Parlamento Europeu

Parlamento europeu, declínio da economia chinesa, e imagem do Brasil, três grandes riscos para o agro 2023. Por um lado o parlamento europeu está exigindo um plano radical para proibição de importações de áreas desmatadas. Exportadores brasileiros estão preocupados. São 27 países membros que ampliam a decisão anterior de 2021 que incluía soja, carne bovina, óleo de palma, cacau, café e madeira. Agora a proibição acrescenta carne de porco e de carneiro, aves, milho, carvão vegetal, papel e celulose e borracha.

Neste novembro de 2022 teremos a Cop-27 no Egito, nesta semana o presidente da república do Brasil discursou na ONU e falou do agronegócio e sustentabilidade, porém com níveis complicados de desconfiança e polarizações juntos aos diversos stakeholders mundiais. As exigências do parlamento europeu pedem aos importadores que se responsabilizem por suas cadeias de suprimentos com rastreabilidade através de dados de geolocalização e satélites.

Então temos na União Europeia o nosso segundo maior cliente mundial apontando para aspectos controversos do desmatamento no Brasil, porém sem dúvida, com alto poder de riscos potenciais e reais.

Enquanto isso na China, o maior cliente do Brasil, o USDA, departamento de agricultura dos Estados Unidos anunciou um declínio do consumo chinês de carne bovina como reflexo do menor crescimento econômico do país. A inflação dos custos dos alimentos também se fez sentir na China, e os preços cresceram cerca de 37% no primeiro semestre deste ano.

O crescimento do consumo da carne bovina na China tem sido importantíssimo para a pecuária brasileira. O Brasil representa 38% das importações chinesas entre janeiro e julho de 2022.

O jornal irlandês “Irish Farmers Journal”, onde a Irlanda é a grande produtora de carne bovina na Europa aponta para riscos aos irlandeses, pois com a diminuição do mercado chinês os grandes produtores como Brasil, Estados Unidos precisarão focar novos mercados como a Inglaterra, e creem os irlandeses haverá uma diminuição dos preços da carne bovina.

Portanto, se os 27 parlamentos aprovarem a proposta do parlamento europeu de não permitir importações de áreas desmatadas do Brasil, isto associado a uma diminuição do consumo de carne na China, poderemos ter uma preferência na Europa por carne irlandesa e local, com riscos para o agro brasileiro 2023. Pois a Europa é o nosso 2º maior cliente mundial. Aqui entra então a famosa imagem, frase milenar: "a mulher de César não basta ser honesta, precisa parecer ser honesta".

Só existe um tipo de realidade no mundo: “a realidade percebida". A realidade despercebida é irrealidade. O Brasil tem ótimos exemplos de realidades sustentáveis e de qualidade dos seus produtos, porém essas realidades se não forem percebidas, não serão reconhecidas.

Precisamos de planos estratégicos de diversificação de mercados, agregação de valor, marketing e sobre a comunicação brasileira para o mundo e com o mundo envolvendo realidades que precisam ser percebidas. E um fundamento clássico da fórmula da comunicação exige que o emissor dessa mensagem tenha reputação e credibilidade.

Uma pesquisa desenvolvida na sociedade brasileira em 2020 apontou ser a Embrapa a marca nacional que tem credibilidade para falar em nome do agro brasileiro.

Está na hora de parar de brigar com o mundo e saber vender para todo mundo. Imagem faz parte.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

 

Também pode interessar

Este é o salto para o futuro objetivando dobrar o agro nacional de tamanho no seu valor tangível nos próximos 10 anos. Diferencial com agregação de valor onde o patrimônio ambiental será decodificado em cada alimento, energia, fibras, essências, etc, em uma jornada muito além do “celeiro do mundo” e virando “Brasil supermercados e deliveries do mundo”.
O colunista do Estadão Lourival Sant’anna (Página A15, edição de 16/4 - Risco  de dependência assimétrica) escreveu: “comércio e investimentos entre Brasil e China andam sozinhos. No governo Jair Bolsonaro, que tinha relação ruim com a China e atravessou a pandemia, o comércio bilateral cresceu 52%, e os investimentos chineses 79%, e somos o maior destino dos investimentos chineses, 13,6%”. Aproveito aqui tanto a visão da assimetria dos riscos de Lourival Sant’anna quanto o Brasil ser maior do que o buraco de Joelmir Betting, para concluir que o Brasil tem uma força que supera seus governos.
Entrevistei hoje George Hiraiwa que foi Secretário da Agricultura do Estado do Paraná, e hoje é diretor de inovação da Sociedade Rural Brasileira e também dirige o Cocriagro que é um hub de inovação para formar a juventude brasileira para estar apta a dirigir o novo agronegócio do futuro.
Segundo a Abiogás, Associação Brasileira do Biogás, temos um potencial para produção de biogás natural renovável na ordem de 121 milhões de Nm3 (metro cúbico normal) no país, o que para dar uma visão de grandeza, equivaleria a substituir em 70% todo óleo diesel usado no transporte, caminhões e ônibus, além de substituindo o diesel, reduzir em 96% as emissões de CO2.
© 2025 José Luiz Tejon Megido. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por RMSite