CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Rádio Eldorado/Estadão - Estratégia de vitimização prejudica agro europeu

Publicado em 22/12/2025

Divulgação
Protestos de agricultores em Bruxelas contra assinatura do acordo UE e Mercosul

Agricultores da Europa são usados para fins eleitoreiros na busca por votos como massa manipulada por facções políticas de extremas, numa autêntica estratégia de “vitimização”, o que é milenarmente comum por todos os “tiranos extremistas”, e agora adotado por “populistas”. Porém é um erro daqueles dignos do livro “A marcha da insensatez”, de Bárbara Tuchman.

De novo 26 anos de negociações e mais uma vez postergada a óbvia oportunidade de criar um positivo e forte impacto para todos no mundo com a assinatura que deveria ter sido feita nesta última semana em Foz do Iguaçu: o acordo União Europeia & Mercosul.

Seria ótimo para todos e para o mundo. Estaríamos dando um exemplo positivo de comércio integrando dois blocos econômicos e complementares entre si, numa economia de mais de US$ 22 trilhões de PIB, o que quer dizer simplesmente o segundo maior poder econômico planetário hoje, após os Estados Unidos. Seria ótimo para todo composto agrícola, comercial, industrial, de serviços, tanto para a Europa quanto para o Mercosul.

Mercados abertos para chegada de produtos nobres, finos, de valor agregado dos “terroir” europeus, e abertura para produtos diferenciados e tropicais brasileiros e da América do Sul para toda a Europa. Isso tudo além de todos os bens industriais envolvidos.

Dos 27 países do bloco europeu, 23 estados aprovavam a assinatura do acordo que seria realizada neste último fim de semana em Foz do Iguaçu. Ministros como da Espanha e Portugal asseguravam sobre a importância estratégica excelente para a Europa. A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, estava reverberando a mesma opinião sobre o grande benefício que esse acordo traria para todos, além de contribuir com uma visão positiva e de boa esperança para tratados de livre comércio entre diversos outros blocos e regiões.

Entretanto a manipulação realizada por políticos sobre os agricultores franceses principalmente como passeatas, manifestações e conflitos com a polícia criou um clima “político” obrigando a uma nova “postergação” do acordo. Os agricultores europeus e os franceses são os mais protegidos do mundo com subsídios inimagináveis aqui para os nossos. Atuam com produção sofisticada num conceito de “terroir”, valorização de origem com presenças efetivas nas mesas dos consumidores mundiais, como bem conhecemos seus vinhos, champagnes, cognacs, sidras, queijos, carnes, massas, frutas, etc.

Enquanto nós aqui do Brasil ainda somos produtores e exportadores de “commodities”, ou seja, matérias primas que irão receber agregação de valor lá, exatamente na agroindústria europeia, que com isso contaria com suprimento para crescer todos os seus setores de ração e insumos objetivando vender mais seus produtos para o mundo todo, inclusive a América Latina.

Macron, da França e Angela Meloni, da Itália alegaram impossibilidade neste instante de assinar o acordo, mesmo com 23 dos 27 países a favor. Com isso atrasam o mundo, e não estão de forma alguma ajudando ou protegendo os seus agricultores que já contam com programas de mais de US$ 450 bilhões destinados a subsidiar seus agricultores, que pedem nas ruas melhores preços do que reçebem, como se os nossos aqui estivessem mergulhados num mar paradisíaco? E com a manipulação ideológica e política simplesmente se prestam a atrasar o mundo imaginando que com isso estão lutando por seus interesses. Não estão. Nossas agriculturas são complementares e os clientes diretos dos agricultores são as agroindústrias que processam e criam mercadorias com forte distribuição mundial. Agricultores franceses irão, sim, cada vez mais jogar as suas agroindústrias produzindo e estimulando exatamente produtores rurais de outras regiões.

Ignorar o complexo agroindustrial, sinônimo de agribusiness mundial, permite entrar em erros estratégicos. Uma pena, seria ótima notícia de Ano Novo. Perdem todos e a curto prazo quem mais perde é a própria Europa e seus próprios agricultores cada vez mais consolidados em menor número, e com brutais desafios de sucessão na chamada “Europa vazia”, e fazendo passeatas contra o alvo errado.

Mas será inexorável, cedo ou tarde, esse acordo sairá. A realidade pode demorar, mas termina gritando mais alto do que os berros estridentes das turbas que se autoenganam na ausência da consciência. Apenas 4 dentre 27 estão contra: Itália, França, Hungria e Polônia. Não vão resistir.

Dia 12 de janeiro de 2026, data remarcada para assinatura do acordo.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

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