Eldorado/Estadão - Tensão e preocupação com a nova safra brasileira em função do clima
Publicado em 24/11/2023
DivulgaçãoEstou em uma rodada pelo Mato Grosso, que é hoje o maior produtor de grãos e proteína animal do país, e como região a maior do mundo. Desci de Alta Floresta ao norte, passando por Sinop e agora falo de Sorriso, a cidade capital da soja e do milho no estado do Mato Grosso. Algumas chuvas já temos por aqui, porém não distribuída por toda área.
Conversei com técnicos e produtores rurais. Alguns que haviam plantado precisarão replantar a soja e outros decidiram não replantar. Há uma quase certeza de que teremos prejuízos por quebra de produtividade. Quer dizer, menos sacas por hectare na média comparada a safra anterior, no caso da soja. E sobre o milho estimam por aqui 15% a menos em função do atraso do plantio da soja, consequentemente não haverá tempo para a 2ª safra do milho.
Também o pessoal do feijão estima uma menor área do feijão carioca, a menor de todos os tempos, também em função do clima que tem “atrapalhado o desenvolvimento das lavouras”, informa o Ibrafe – Instituto Brasileiro de Feijão, Pulses e Colheitas Especiais. Estão também num tour aqui pelo Mato Grosso desde 14 de novembro, por Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde e indo até Santa Catarina em Xanxerê, no próximo dia 27/11, e Paraná, em Pato Branco, 4 de dezembro com o Pulse Day.
Por outro lado, o lançamento do plano de incorporar mais 40 milhões de hectares sendo feito nesta semana pelo ministro Fávaro, de áreas de pastagens degradadas, quer dizer , áreas já abertas mas não produtivas, dependendo do apoio e de recursos, poderia estimular produtores rurais na abertura de novas áreas, sem arrancar uma árvore, ou nas próprias terras ou na de vizinhos sob arrendamento.
Isso poderia ajudar na produção desta safra, pois o cenário parece apontar para um volume total de produção na safra 2023/24 inferior ou na melhor das hipóteses igual a 2022/23. Produtores rurais vieram de dois anos positivos, e agora uma tensão e preocupação está presente aqui, onde acontece a lavoura, e onde se tomam as decisões. Na pecuária, da mesma forma, o menor preço da arroba do boi ao produtor é assunto dominante por aqui.
Mas o que podemos relembrar no Agroconsciente é o fato histórico dos ciclos de altas e baixas das commodities, sempre existiram, e dos fatores incontroláveis como o clima. Precisamos, sim, ficar de olho na logística, na armazenagem, seguro, irrigação, e na administração, porque a atividade da agropecuária é plena de incertezas.
Que o incômodo da tensão e da preocupação nos prepare melhor para a gestão dos fatores controláveis.
José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.