CABEÇA
DE LÍDER

José Luiz Tejon

Eldorado/Estadão - Trigo & feijão. “True news”, com o embaixador Rubens Barbosa da Abitrigo e Marcelo Luders, do Ibrafe.

Publicado em 17/05/2024

Rubens Barbosa, presidente da Abitrigo.

Hoje no Agroconsciente falaremos da situação do trigo e do feijão. Mas da “true news”, com o embaixador Rubens Barbosa da Indústria Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) e Marcelo Luders, do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe). Vamos criar o oposto ao fake news!

Conversei com um convidado especial, que eu admiro muito, o embaixador Rubens Barbosa. Ele foi embaixador em Londres e em Washington. Hoje ele preside o Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp e é presidente da Abitrigo. Vamos falar sobre o pão nosso de cada dia, mas antes sobre o livro que ele acaba de lançar, O Brasil voltou?, que fez com o Daniel Buarque e vários autores. Perguntei a ele sobre o tema da página 31 da questão ambiental e climática que o Brasil é uma potência, apesar da modificação na política, e sobretudo em relação à Amazônia, que não temos ainda uma proposta estratégica e ele me respondeu:

“Nós resolvemos fazer uma análise do primeiro ano de governo do Lula, e aí esse livro que engloba artigos sobre meio ambiente, política externa, sobre a imagem do Brasil, sobre o papel do presidente Lula no contexto internacional é um livro que analisa os avanços e as dificuldades enfrentadas pelo governo. Menciona uma desses avanços. Ao definir no começo de governo as prioridades na área internacional o presidente Lula definiu a América do Sul, meio ambiente e mudança de clima e a volta do Brasil ao mundo, dando realce a uma dessas três prioridades no governo, que é o meio ambiente e a mudança de clima. O Brasil não tem excedente de poder para interferirmos nas grandes questões globais. Por isso que o título do livro é uma interrogação depois que o Brasil voltou, porque interferir na guerra da Ucrânia, na guerra do Oriente Médio, na faixa de Gaza, interferir na governança global vai além da capacidade de influência do Brasil. Agora no meio ambiente, na transição energética, na segurança alimentar o Brasil é uma voz. Você não pode discutir nenhum desses três temas sem conversar com o Brasil pela importância da agricultura de alimentação, pela Amazônia e tudo que ela representa em relação ao clima e a transição energética, nós temos uma matriz energética das mais limpas que existem no mundo. Então nós examinamos isso, a prioridade está lá e o presidente conseguiu fazer uma reunião do Tratado de Cooperação Amazônica e trouxe a COP-30 para o Brasil. Agora eu acho que há certas coisas que nós deveríamos dar mais ênfase como a regulamentação do mercado de carbono que está atrasada, a questão do hidrogênio verde que também está atrasada. Está faltando um foco maior do governo e do setor privado de avançar nessas áreas onde nós temos capacidade”.

E sobre a tragédia climática do Rio Grande do Sul, especialmente na questão do trigo, sendo o estado o segundo maior produtor do trigo no país, depois do Paraná, o embaixador Rubens Barbosa comentou sobre quais as perdas e como podem impactar o mercado chegando até o consumidor.

“Em termos de produção total e área plantada de trigo o Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor do país, o Paraná é o primeiro, e nós da Abitrigo estamos acompanhando muito de perto o que está acontecendo no Sul. A Abitrigo é a indústria, responsável pela moagem do trigo, nós não temos nada a ver com a produção do trigo. Nós ficamos só com a transformação, a moagem do trigo para a farinha. Mas nós estamos acompanhando o efeito que houve em todo o Rio Grande do Sul nos moinhos. O estado tem cerca de 40 moinhos, um pouco menos do que isso e hoje há um efeito muito negativo nos moinhos que foram alagados, porque as máquinas estão no chão e foram alagadas. Alguns moinhos tiveram silos danificados ou obstruídos, mas ainda como a água está alta e agora nós não temos condições de avaliar o prejuízo para a indústria. Em relação à produção, o trigo no Rio Grande do Sul, diferente do Paraná, no Paraná já começou o plantio e no Rio Grande do Sul o plantio começa nos fins de maio e começo de junho, então não houve perda como aconteceu no arroz, na soja, no milho que já havia plantação e que foi perdida pela inundação. No caso do trigo, nós vamos atrasar talvez em algumas áreas que estão alagadas o começo do plantio. Em outras áreas que produz trigo e que não houve alagamento o plantio vai começar no final desse mês. Mas é cedo ainda para nós avaliarmos do ponto de vista da indústria o prejuízo. Do ponto de vista da produção nós vamos ter de aguardar também. Como não começou a colheita nós não sabemos até que ponto as áreas que estão encharcadas vão permitir ou não a semeadura. Então ainda é difícil avaliar, mas de qualquer maneira nós não antecipamos nenhuma falta do produto. A produção do trigo está crescendo em outras regiões, então a questão da farinha para produção de pão, de massas, vai continuar normal e não vai haver nenhum problema de abastecimento aqui no Brasil”.

O presidente da Abritrigo falou ainda se os preços do trigo podem subir. “A cotação do trigo no Brasil depende do exterior e o preço do trigo caiu muito nos primeiros meses do ano. Por uma questão climática na Rússia, que um grande produtor e sobretudo exportador de trigo, houve uma perda significativa na produção e de maneira surpreendente nessas últimas semanas o preço do trigo no mercado internacional subiu. Então o preço aqui no Brasil ainda não afetou o mercado interno porque nesses primeiros meses houve pouca compra e como há essa instabilidade e esse problema no Rio Grande do Sul os moinhos estavam estocando e acabaram não comprando o trigo nesse momento, mas agora nós estamos fazendo um esforço junto ao Ministério da Agricultura para liberar uma cota de trigo que entra sem tarifa para nós não termos um aumento da compra do trigo no exterior. Aqui no Brasil a tendência, pelo que estamos ouvindo, vai haver algum efeito sobre o preço da farinha produzida nos moinhos, mas eu não acredito que esse preço seja totalmente passado para o consumidor. Então a indústria não está antecipando um aumento do preço para o pãozinho, para a massa, em virtude do que está acontecendo lá no Rio Grande do Sul”, finalizou.

Conversei também com Marcelo Luders, presidente do Ibrafe, para nos contar se vai faltar feijão no mercado interno brasileiro e ele declarou:

“Qualquer declaração que surgiu de desabastecimento generalizado de feijão deve ser tratada com ceticismo. Muitas vezes essas afirmações são exageradas ou infundadas. Como nesse momento que ouvimos declarações que surgiram em meio às enchentes do Rio Grande. Estamos vendo que têm sido incentivadas em mídias sociais que o consumidor deve comprar e estocar feijão. Isto não é necessário e isto é fake news. O Estado do Rio Grande do Sul é responsável por apenas 2% de um total de 3 milhões e 200 mil toneladas que vão ser produzidas esse ano no Brasil, segundo a Conab e 90% desses 2% já estava colhido, armazenado, e parte dele até comercializado quando chegaram essas chuvas terríveis no Rio Grande. É muito raro nós termos longos períodos de pouco oferta de feijão. A nossa realidade é muito diferente de outros países. O Brasil produz três safras de feijão ao longo do ano, uma em janeiro/fevereiro, que é a colheita da primeira safra. A segunda safra é entre abril e maio e a terceira vem no segundo semestre, entre agosto e outubro”.

Ou seja muita desinformação e temos de colocar um foco e combater as fake news.

José Luiz Tejon para a Eldorado/Estadão.

 

 

 

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